O Segurança

Cap. 20 - Alguma Mudança

Apesar do que Diana disse, consegui estar no quarto dela por mais duas noites seguidas. Eu sabia que era arriscado, e quase fui pego quando sai em cima do horário que a circulação na área começava, mas valeu a penas, em todas as noites. Comecei a conhecer mais sobre ela e apesar de jamais ter dito com todas as palavras, ela já não estava tão feliz trabalhando aqui, e eu não conseguia perguntar e nem entender o porque continuava ali.

E meu pouco sono em dias seguidos ficou evidente porque Geanine estava ativa naqueles dias. Ela organizava as coisas para a chegada dos amigos, então saíamos pela manhã e só voltávamos tarde da noite para sua casa. E nesses dois dias ela esteve na casa de seu amigo. Me perguntei se tinha a ver com o fim de semana que passaria com os amigos de Londres.

- Espero muito que esse bocejo não seja sinal que vai dormir no volante, Justin. - ouço ela dizer.

- Não vou dormir, é só um pouco de cansaço. - respondo no automático.

- O trabalho tem sido muito puxado? Porque ontem bocejou, e nesse momento é a terceira vez que boceja desde que entramos no carro.

Olho para ela pelo retrovisor, encontrando com seus verdes olhos e um leve sorriso provocador estava sem seus lábios. Não havia percebido que ela tinha notado meus bocejos, tinha tentado ser o mais discreto o possível, mas ela não estava realmente preocupada comigo, pelo visto.

- Não vou bater o carro, não se preocupe. - digo voltando a atenção a rua.

- Que bom. - é o que diz.

Olhou para ela pelo retrovisor mais uma vez e sua atenção estava no tablet, seu companheiro inseparável nos últimos dois dias.

Consigo controlar meus bocejos até chegar na casa dela, estacionando o carro em frente ao elevador e desço para abrir a porta para ela. Quando ela se aproxima da caixa de metal, a porta se abre revelando Diana nele. Ela olha entre Geanine e eu, então dá um cumprimento formal. Sorrio de lado olhando ela ir em direção a guarita de segurança, logo disfarçando e olhando para Geanine, que já estava no elevador, um sorriso nos lábios, seus olhos me fitando com diversão conforme as portas se fechavam.

Balancei a cabeça voltando para o carro e o colocando na vaga. Eu precisava ser mais quieto se quisesse manter as coisas com Diana funcionando, mesmo que Geanine não fosse falar nada, caso descobrisse sobre nós, mas ainda assim não podia dar bobeira.

O fim de semana foi mais tranquilo, consegui dormir até mais tarde e recuperar o sono perdido. Não consegui estar com Daina, já que ela estava ocupada com um jantar que estava sendo organizado, e eu tinha que passar o dia na rua com Geanine e seus amigos.

Eram duas garotas, e um gay. Eles andavam pelo shopping e foram em uma balada, nada fora do normal. Tirando o fato de Geanine agir como a garota perfeita que sempre bancava na frente dos pais. Eu comecei a saber quando ela sorria de forma falsa, assim como quando estava fingindo qualquer outra emoção. Eram detalhes pequenos na feição dela, que só quem conhecia seu outro lado poderia distinguir, e isso me deixou com muito tempo para notar o jeito dela. Era mais algo que fiz para me distrair dos programas chatos que ela fazia com amigos.

E teria sido apenas uma coisa passageira se eu não tivesse notado também como os olhos dela brilhavam quando via cachorros, sempre agradando eles, o que sempre fez e que só agora notei realmente, e isso não era uma falsa atitude; ou como ela colocava e retirava o cabelo de trás da orelha quando estava escolhendo algo, seja o pedido num café ou restaurante, ou numa joalheria, ou loja de sapatos, ou roupas. Aquilo me fez perceber que apesar do jeito secreto dela, no fundo ela realmente era a doce menina que se forçava perfeita para os outros.

Seus amigos partiram na segunda pela manhã. Ajudei com as malas e os cumprimentei quando eles se despediram de mim com sorrisos divertidos. Não entendi bem o que aquilo significava, mas não perguntei. E a resposta me veio pouco depois, quando Geanine entrou no carro depois que eles entraram na área de embarque.