Cap. 18 - Uma Advertência

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Pela manhã seguinte fui chamado até o escritório de Estevan Kerr. Talvez, em outro momento, eu poderia ficar preocupado com isso, mas subi tranquilo o elevador e fiquei comportado, sem trocar uma palavra com Diana. Na verdade, as coisas entre nós dois parecia meio estranhas depois da noite passada.

Ao chegar no escritório, a porta foi fechada depois que entrei e tique que esperar ele finalizar uma ligação de negócios. Poderia sentar, mas devido o humor imprevisível desse cara, optei em ficar de pé com os braços para trás, afinal, eu era um segurança, mesmo que usando roupas informais.

- Agora, você. - disse ele jogando o celular na mesa e recostando na cadeira de couro.

Ele ficou me encarando, seus olhos castanhos pareciam ter mil planos para mim, enquanto apenas espero que falasse novamente, apesar de estar começando a me irritar olhar para a cara dele.

- Você lembra para o que foi contratado, não lembra?

- Sim, senhor.

- Andei analisando seus relatórios e tirando a amiga Marian, Geanine não visita mais ninguém. - ele remexe nas pastas sobre a mesa e então volta seu olhar para mim. - Quer mesmo que eu acredite que é só isso?

- As outras pessoas ela encontra em cafés, no shopping, provavelmente no curso... ontem mesmo saiu do curso com uma jovem, passearam pelo shopping, almoçaram e depois ela seguiu para a aula de pintura. 

Era uma sorte que isso tenha realmente acontecido, pois eu não saberia se poderia contar isso como aconteceu. Teria inventado algo mais simples.

- Parece que ela anda se comportando então. - ele volta a recostar na poltrona e me olha um momento mais. - Agora vamos à Diana. Vocês estão saindo, pelo que vi nas câmeras de segurança.

- Fomos jogar basquete em nossa folga. Não sabia que era proibido. - claro que não ia deixar de alfinetar o cara.

- Muito engraçadinho. Sei bem que todos os novatos ficam logo interessados por ela.

- Diana é uma mulher bonita, inteligente, doce e gentil, seria idiota quem não se interessasse por ela.

- É, está certo. - ele se apoia na mesa me fitando com mais seriedade. - Mas a parte doce dela, com um cara conquistador como você parece ser, pode ser um problema para meus negócios. Ela sendo muito profissional ou não. Então a relação dela com você e qualquer um é profissional, tenha isso em mente quando pensar em chamar ela para jogar basquete novamente, me entendeu?

- Claro, senhor.

- Ótimo. Aproveite essa segunda chance que está tendo, não terá outra se sair da linha mais uma vez.

Não respondo, apenas o encaro, então ele me dispensa e faço um aceno antes de sair da sala e fechar a porta. Troco um olhar com Daiana, que estava sentada atrás da sua mesa, ela parecia preocupada, mas apenas pisco para ela antes de chamar o elevador e logo sair nele.

Desci, e fiquei conversando com Taylor até Geanine avisar que iria sair. Levanto, troco de roupa e desço para preparar o carro, ela aparecendo cinco minutos depois, parecia apressada para encontrar com Marian, mas eu tinha que falar com ela, então não piso fundo no acelerador.

- Seu pai me chamou mais cedo.

- O que ele disse?

- Desconfia dos meus relatórios.

Ela suspira.

- Temos que dar um jeito de ajustar então, para não ficar...

- Não. Se fizer isso agora, vai ficar na cara que é manipulado. Vamos deixar como está. Em uma semana podemos colocar um evento aleatório.

- Semana que vem eu não vou sair para o Mattew, então não vai precisar mentir no relatório.

Olho para ela pelo retrovisor, seus olhos encontrando os meus pelo reflexo.

- Porque? Posso saber?

- Não devia, mas vou contar. - ela sorri de lado e desvia o olhar. - Alguns amigos de Londres vão estar na cidade, e irei sair com eles. Vão ser passeios um pouco chatos, mas eles são ótimas companhias. Meu pai vai ficar feliz quando souber.

Rio internamente. Eu duvidava levemente do que ela poderia sugerir com "ótimas companhias".

- Se você diz. Além do mais, posso continuar mantendo os relatórios como estão, não vejo porque continuar parecendo uma boa moça seja um problema.

Ela resmungou algo que não entendi, e não insisti em saber, se fosse para eu entender, ela teria falado alto.

Estaciono na garagem do prédio onde Marian morava e subo até o apartamento com Geanine. As empregadas não estavam, haviam saído para fazer comprar, sendo Marian a nos receber quando toquei a campainha.

- Senhor Justin conquistador, tentando pegar a secretário do titio Kerr?! Que feio. - provoca ela.

Olho para Geanine que apenas sorri de lado.

- O quê? Achou mesmo que não iria contar isso a ela?

- Não é um segredo seu.

- Não é um segredo de ninguém, já que todos lá em casa sabem.

- O que é isso, está tímido agora? Achei que você não fosse do tipo que se apaixonava. - Marian cruza os braços.

- E de onde tirou isso?

- Do jeito que transou comigo, com certeza você não é do tipo que e apaixona.

Bufo rindo e balanço a cabeça.

- Vocês não têm outras coisas pra fofocar, ou sei lá o que fazem no quarto?

- A gente se toca no quarto. - Marian pisca para mim e vira para Geanine, rindo.

Olho para os olhos verdes dela, que pisca um para mim antes de seguir com a amiga. Preciso lembrar a mim que aquilo era só brincadeira, mas difícil não pensar que elas realmente poderiam estar fazendo aquilo no quarto.

Fiquei o resto da tarde ali, relaxando na sala ou conversando na cozinha quando as empregadas voltaram. E pelo resto da semana foi tranquilo, a poeira abaixou em casa, pelo menos em relação a Diana e eu, pois agora todos pareciam se agitar. Ao que parecia o aniversário da empresa seria em breve, durante o outono que começava a chegar. 

Geanine me explicou que era um evento anual, das duas empresas do seu pai, a que vendia petróleo e de extração de pedras preciosas na África. Algumas outras empresas se juntavam a dele e faziam esse baile para arrecadar dinheiro para ONGs. Era um jeito de o pai dela fingir que era uma boa pessoa perante a sociedade, ironizou ela.

Eu não tava nem ai para essa festa, eu trabalharia tanto quanto antes, mas estava preocupado com Diana a respeito disso, já que havia um aumento de atividades para ela resolver, mesmo que Geanine tenha entrado para ajudar na organização junto com sua mãe. O problema era conseguir falar com Diana, ela não estava tão acessível, e eu não podia dar bandeira de tentar falar com ela com outros olhos sobre nós.

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