- Não gosto de vôlei - suspiro - O moletom vai subir.
Hoje ja é outro dia, estamos na aula de educação física. Não diria que odeio essa aula, mas não sou boa em nada.
- Nossa, que pecado - Lucas debocha.
O olho seria e ele ri, cruzo os braços e sento no banco que tem na quadra. As pessoas vão entrando. As meninas colocaram um shorts e voltaram pra quadra. Não sei o que é pior, o shorts ou o shorts saia.
Na verdade nunca entendi o sentido do shorts. Antigamente, tipo ano retrasado, nós usavamos saia e não o shorts saia. Com o problema de meninos levantarem - eu sei, é problematico - e meninas caírem eles trocaram. Aparentemente nunca mudaram o fato do shorts, mas ninguém reclama.
- Vamos jogar? - o professor pergunta. Todos se animam - Meninas primeiro já que na aula passada foram os meninos.
As meninas se levantam e vão para os times que foram formados na aula passada, levanto contra minha vontade e vou para a quadra.
- Ei, Lua - professor chama - Tira o moletom, hoje ta muito quente.
Realmente, ta bem quente hoje, mas não vou tirar.
- Vou ficar com ele, professor - falo.
- Você pode passar mal - ele fala.
Suspiro. Não vou tirar a merda do moletom pra ouvir piadinha.
- Não professor, obrigada - Lhe dou as costas eu vou para meu lugar.
Ele apita e o jogo começa. Nunca passam pra mim e sempre que vem na minha direção alguem pega. Eu sou mais inútil do que uma faixa que as meninas colocam na coxa. Serve pra nada, só pra ficar "bonito".
Trocamos de lugares até eu ficar no saque. Suspiro e faço um saque bonito, pelo menos é isso que o professor falou quando gritou. Fico no saque umas três vezes, todas o moletom subiu um pouco. Alguns meninos inutilmente tentaram olhar se eu tinha algo.
Ridículo.
- E você não deixa eu bater neles - Lucas fala do meu lado.
Lucas estava olhando o jogo com os braços cruzados e com as costas apoiadas na parede. O jogo continua rolando.
- Não é todo dia que se toma um soco de um vento - falo.
- Para tudo se tem uma primeira vez - sorri e eu rio.
Sei que é estranho porque ele não é real, mas se ele encostasse em alguém, a pessoa iria sentir. Sim, foi isso que eu quis dizer com "criar vida". Isso não é muito surpreendente já que eu já falei que ele consegue abrir portas e segurar objetos.
O professor apita fazendo eu dar graças a Deus. Agora vou em direção a cantina, pego um lanche qualquer e vou para o quintal. Sento encostada em uma árvore, Lucas se deita na grama e fica olhando pro céu.
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Lucas, meu amigo imaginário (Concluído)
Ficção AdolescenteAmigos imaginários, quem nunca teve um? Para te fazer companhia, brincar com você quando estava sozinho... Como qualquer criança, Lua também teve seus amigos. Então chega a parte de esquecer eles quando cresce. Lua não conseguiu esquecer Lucas, seu...