CINCO

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DAISY

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DAISY

— Cliff? — eu gritei para o apartamento escuro, enquanto tirava os sapatos.

Ninguém respondeu.

Entrei na sala, procurando pelo meu namorado e acabei esbarrando em uma cômoda do quarto que viera para sala por causa da falta de espaço.

— Maldito lugar pequeno! — exclamei, descontando minha frustração na pobre madeira que não tinha culpa do meu fracasso como pessoa.

Era uma e cinco da manhã agora. E eu havia perdido o show de Cliff.

Esperava conseguir me desculpar pessoalmente com ele quando chegasse em casa, talvez fizesse um daqueles cookies que mamãe me ensinou e ele adorava, porém o apartamento não tinha nenhum sinal de vida.

Nós tínhamos alugado o lugar há quatro anos quando saímos de Oakland e viemos para Los Angeles com o objetivo de lutar juntos pelos nossos sonhos.

— Você vai ver, Hollywood ficará impressionada conosco — ele dizia, enquanto estávamos deitados no quintal dos meus pais, encarando o céu sem estrelas da Califórnia.

— E se tudo der errado? — eu o abraçava, procurando a segurança que seus braços sempre me passavam.

— Nós sempre apoiaremos um ao outro, independentemente do que acontecer.

Nós sempre apoiamos um ao outro, repeti, passando a mão pelo rosto e me sentindo ainda pior por ter perdido o show de Cliff. Eu deveria estar lá. Eu deveria ter mandado Stacker se ferrar. Cliff deveria ter visto meu rosto na multidão quando subiu no palco. Nenhuma "desculpa" poderia compensar pelo que eu fiz.

Eu me joguei e no sofá e olhei para a parede mofada.

Na verdade, esse apartamento era uma bela droga.

Tinha quarenta metros quadrados, no máximo. A sala era minúscula com apenas um espaço pequeno para o sofá que os pais de Cliff lhe deram e uma televisão que ele comprou com seu primeiro cachê como cantor.

Havia apenas uma janela na sala com a vista para um prédio de tijolos vermelhos.

Além disso, o lugar cheirava a coisa velha e cigarros, apesar de nenhum de nós dois fumar. O bairro, então, era o pior de Los Angeles, um dos mais baratos e longe demais de Hollywood.

O plano era ficar ali temporariamente até que eu conseguisse um salário melhor e pudesse ajudar mais nas despesas. O problema é que esse "salário melhor" nunca veio, enquanto Cliff começou a ganhar cada vez mais e eu passei a depender dele cada vez mais para sobreviver nesse lugar.

Isso me frustrava bastante. Odiava ser dependente de alguém, mesmo que esse alguém fosse meu namorado.

Fui até a cozinha e peguei um copo de água. Na geladeira, avistei o post-it novo ao lado de um aviso para jogar o lixo.

Casamento à Moda InglesaOnde histórias criam vida. Descubra agora