DEZESSEIS

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DAISY

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DAISY

— Oi — eu atendi assim que confirmei que Guy estava distante o suficiente.

— Day? — ouvi a voz de Cliff do outro lado.

Faz tanto tempo que não ouvia o timbre da sua voz. Achei, por um momento, que sentiria mil e uma sensações ao ouvi-la de novo, mas nada aconteceu, exceto o amargor na boca ao relembrar nossa discussão no estacionamento.

— Estou tentando falar com você há dias.

— Você só me mandou mensagem uma vez — falei, mantendo meu tom de voz firme. Sentei-me no mesmo lugar onde antes estava Guy e suspirei.

— Eu imaginei que você precisaria de um tempo para digerir tudo.

Digerir?

— Eu fui até a casa dos seus pais hoje de manhã — contou ele — Seu pai me disse que você estava aqui em Los Angeles e Elliot falou que você passava um tempo na casa de um amigo, mas Cole pareceu irritado quando disse isso. Creio que você tenha pedido para que ele não me contasse sobre seu paradeiro.

Merda. Elliot era péssimo com segredos.

— Quem é esse amigo?

— Essa é sua preocupação?

— Eu quero saber se você está bem, porque sei que não conhece ninguém aqui a não ser Ian e Blair. E eles nem sabem que você ainda está em Los Angeles.

— É o Guy. Eu estou na casa dele — disparei, esperando alguma reação.

— Pensei que não gostasse dele.

Encarei Guy do outro lado. Ele falava com uma mulher com um vestido escandalosamente curto.

Quando a mulher deu as costas, ele cruzou seu olhar com o meu e apontou de maneira disfarçada para ela, enquanto erguia um papel com que deveria ser seu número de telefone como se dissesse "Você acredita no quanto eu me dei bem?".

Eu sorri.

O momento que tivemos — se é que ele roçando suas mãos enormes nos meus braços pode ser chamado de momento — tinha rapidamente ficado para trás. Guy fazia qualquer gesto parecer ter saído de um filme pornô, mas, obviamente, eu não passava de outra sexta-feira comum para ele.... 

E pensar que, por um milésimo de segundo, quase caí no seu charme.

— Ele é um bom anfitrião, apesar de nunca limpar a piscina — dei de ombros.

— Day, por favor, volte para o nosso apartamento — ele pediu, sua voz embargada — Veja só o que você está colocando a perder.

Cutuquei um cristal no meu vestido enquanto escutava suas palavras.

— São sete anos de relacionamento, digo, você está jogando tudo isso fora por um desentendimento que podemos resolver.

Eu estou jogando tudo fora? — senti minha própria voz aumentar — Mais uma vez você está jogando tudo isso em cima de mim, Cliff! Eu devo te lembrar que não fui eu a pessoa quem saiu traindo por aí! 

— Bom, você está com outro cara neste momento.

Não posso acreditar nisso. Não posso acreditar que ele estava realmente jogando aquele peso nas minhas costas e eu o estava carregando como se fosse tudo minha culpa.

Mas pensando em tudo que passamos, esse sempre foi Cliff. Nós brigávamos pelo meu trabalho e a culpa era minha de ter arrumado um emprego tão puxado. Brigávamos sobre ele ter quebrado a máquina de lavar louça e a culpa era minha por não tê-lo ensinado a usar corretamente.

E eu aceitava todas as culpas igual uma idiota. E mesmo agora depois de descobrir isso, eu ainda desejava que ele dissesse que aquilo com Margot ou as palavras na praia foram uma ilusão da minha cabeça e que podíamos voltar agora, porque de alguma forma meu cérebro ainda associava a imagem de Cliff à segurança.

Eu era tão estúpida.

— Cliff, nós terminamos. É só o que tenho a dizer.

— Dais-

Desliguei, e coloquei o celular no modo silencioso antes que ele pudesse ligar de novo. 


Quando saímos da loja com as sacolas nas mãos, Guy girou os calcanhares para me encarar.

— Você gostaria de fazer mais alguma coisa? — Provavelmente era seu modo de perguntar se eu estava bem e isso era fofo.

— Tem algo que você poderia fazer por mim, mas não sei se é apropriado — comecei.

Guy parou na calçada e me encarou, passeando os olhos pelo meu rosto. Senti um arrepio na nuca, porque não era possível alguém ser tão bonito assim. Na luz do sol, os cabelos cacheados adquiriam um brilho quase angelical e as íris estavam tão azuis quanto o oceano do outro lado da rua.

— Me diga qual o seu nome verdadeiro.

— Nem pensar.

— Apenas uma letra.

— Não — ele voltou a andar.

— Tem a letra I? Apenas me responda isso!

Guy se virou novamente e nossos corpos quase colidiram um com o outro.

Sim.

Finley? Seu nome é Finley? — ele não respondeu e continuou a andar até seu carro — Bom, é como eu te chamarei agora, Finley!

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