DEZENOVE

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GUY

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GUY

Os irmãos Lynton eram praticamente cópias um do outro. Tudo, desde os cabelos castanhos aos olhos puxado e as três pintinhas descendo pelo pescoço, eram iguais. Os dois também compartilhavam daquela ironia disfarçada de seriedade e os sorrisos perversos que seus pais não deveriam confiar.

Eu fiquei curioso sobre os outros irmãos de Daisy. Será que eles eram tão parecidos com ela quanto Cole? Eu nunca teria a resposta para essa pergunta, porque o acordo não incluía conhecer a família um do outro.

Quando Daisy voltou, eu perguntei:

— Ele não estava falando sério, estava?

Daisy abriu um sorriso e revirou os olhos.

— Cole é a última coisa que você deveria se preocupar — falou, sentando-se em um banco alto da cozinha— Ele só está agindo assim agora por causa de Cliff... Mas eu não quero falar sobre isso — Daisy afirmou, ao ver minhas sobrancelhas se erguerem.

Estava claro que aquele cara ainda tinha algum poder sob Daisy e eu não podia entender como ela permitia que isso acontecesse.

Não era amor. Não podia ser amor. Porque em minha exígua experiência com esse sentimento, eu podia afirmar, com certeza, que o amor não te abalava ao ponto de fazer te deixar tão deprimido.

— Andei pesquisando na internet... — Sabia que essa seria mais uma conversa estranha só pelo jeito que ela começou — procurando por personagens famosos com a letra F. E não há muita variedade, sabia?

Eu me lembrei do que tinha falado para ela na festa de Thatcher sobre meu verdadeiro nome. Sabia que ela ficaria obcecada com a informação que eu dei.

— Descobriu alguma coisa? — eu ri.

Os olhos de Daisy fixaram em mim e pareciam prestes a me devorar como toda vez que acontecia quando o tópico "meu nome" surgia entre nós.

Eu não teria muitos problemas para lhe dizer qual era meu nome verdadeiro, não era nada demais, já tinha dito para pessoas menos importantes, mas pegar no seu pé era tão divertido.

— Você disse que era um personagem de um livro famoso e que ficou mais conhecido pelo filme — Daisy repetiu. Confirmei com a cabeça — Comecei então pelos clássicos ingleses. Em Hamlet, tem Fortimbrás, o príncipe norueguês, só que ele não aparece tanto na peça e não tenho certeza se o filme é mais famoso.

— Você acha que meu nome é Fortimbrás? — comecei a gargalhar.

— Não custava tentar — ela bufou, claramente frustrada — Tentei o cinema americano e meu filme predileto: Uma Odisseia no Espaço. Temos o Dr. Frank, porém, nesse caso, você teria mentido sobre a letra I.

— Não, minha mãe não era fã de ficção científica.

— Droga! — Daisy exclamou.

— Isso é tudo que você tem?

— Eu pensei no Frederick Wentworth, de Persuasão, só que você já tinha me dito que não era Frederick, então sim, isso é tudo.

— Não é de Persuasão, mas está próximo.

Daisy ergueu os olhos castanhos.

— É um personagem da Jane Austen. É tudo que vou te dizer — ergui as mãos em defesa — O mais famoso dela, provavelmente.

Os seus lábios se entreabriram e ela congelou naquela posição por alguns segundos. Achei que eu tinha conseguido queimar algum neurônio seu... Mas aí sua careta foi substituída por um daqueles sorrisos que tomava todo seu rosto.

— Então?

— O Sr. Darcy — Daisy falou — O nome completo dele é Fitzwilliam Darcy.

— E é por isso que eu mudei para Guy.

— Uau. Não acredito — ela riu. E eu também sorri. Por mais boba que fosse aquela conversa inteira — Fitzwilliam Carver — repetiu, provando meu nome nos seus lábios — Não é engraçado que você tenha feito o Sr. Darcy nos cinemas?

— Nem um pouco.

— É quase como se fosse seu destino ser o Sr. Darcy. Exceto que vocês não se parecem em nada. Darcy não é um libertino.

Eu ri.

— Sua família tem algum apelido para você? Porque falar Fitzwilliam toda hora fica cansativo.

— Meu pai e meu irmão me chamam de Fitz, mas minha mãe me chamava de Will — cocei a nuca e encarei o piso.

Daisy analisou meu rosto e, por um momento, achei que ela poderia ler o que estava por detrás daquelas palavras. Porém ela apenas sorriu.

Will. Eu gostei.

Casamento à Moda InglesaOnde histórias criam vida. Descubra agora