DEZOITO

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DAISY

LADY EVERLYE (eu acho)
um roteiro por Daisy Lynton

INT. - CASA DO DUQUE - TARDE.

CARVER e LYNTON acabam de voltar do posto da polícia inglesa com informações sobre a morte de Brandi Mann, mas não foram muitas, de forma que DAISY saiu de lá mais animada. Ninguém suspeitava de nada.

CARVER: Então, o que acha, Lady Lynton?

LYNTON não ouviu o que GUY dizia, pois se concentrava em um relógio de bolso em cima da escrivaninha com as letras gravadas: F. CARVER. O que o F poderia significar?

LYNTON: Perdão, vossa alteza?

CARVER: O que acha que aconteceu? E eu já disse para me chamar de Guy.

Ele repete enquanto tira o chapéu pra revelar os cachos do cabelo.

LYNTON: Guy. Claro. Difícil dizer o que poderia motivar alguém a matar uma jovem inocente dessa forma.

CARVER: Então a senhorita tem certeza que foi intencional?

Há uma intensa troca de olhares. GUY sabe que está chegando a algum lugar, mas não exatamente onde.

LYNTON: É apenas uma opinião (ela se aproximou dele com um sorriso nos lábios) Vamos falar de outra coisa, sim? Tudo isso me deixa tão enojada.

CARVER: Você não me parece esse tipo de dama, com todo respeito.

GUY se virou para ela e seus olhos percorreram o rosto dela, descendo até seu pescoço... sua clavícula exposta... a abertura do vestido e prolongando o olhar por ali. DAISY ignorou aquilo, mas ela estava bem ciente do seu olhar, não só aqui como no baile do lorde Thatcher e na própria delegacia.

LYNTON: Você tem razão. Eu não sou. Eu sou diferente das outras moças que você conheceu.

DAISY se aproximou o suficiente até sentir o cheiro forte e masculino do duque. Ela deixou seus olhos passearam pelo seu rosto da mesma forma que ele fez alguns segundos atrás. Sua barba estava bem aparada, as íris azuis incrivelmente brilhantes. Seus olhos só pararam quando alcançaram seus lábios.

CARVER avançou a sala na sua direção e apossou-se dos seus lábios, não do jeito suave que faria a maioria dos homens da sociedade, não. Seu beijo era selvagem, animalesco e profundo. Assim como o de DAISY. Uma mão de CARVER lhe apertou o seio e a outra segurou seu pescoço firmemente para que não fugisse dali, então...


Fechei o notebook com força e me xinguei em seguida, porque eu não tinha dinheiro para comprar um novo.

O que diabos esse roteiro estava virando? A ideia inicial era algo um pouco Agatha Christie com um toque de Jane Austen, mas não muito, apenas para limpar o ar obscuro. E, agora, estava parecendo um romance do encontro da Julia Quinn com a E.L James de 50 Tons de Cinza.

Eu precisava parar de escrever aquele roteiro. Era perturbador. No início, as ideias fluíam melhor quando eu usava o nome de Guy e o meu, mas, agora, isso estava ficando estranho.

Se aquilo cair nas mãos de Guy, ele vai me massacrar. Eu posso até imaginar o sorrisinho, as sobrancelhas erguidas, o olhar flamejante e, então, ele vai dizer: "Quem imaginaria que você estaria pensando em ter indecências comigo?".

Isso daria uma ótima fala, para ser sincera.

— Não! — eu gritei para mim mesma, afastando o notebook para longe como se fosse Césio-137.

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