TRINTA E NOVE

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GUY

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GUY

Não sei exatamente como as coisas puderam ter dado tão errado, mas sei que tudo começou quando Thatcher me ligou pela manhã na quarta-feira.

— Antes que fale qualquer coisa, era apenas maconha — disparei. Eu quase podia visualizar o cenho de Thatcher franzir do outro lado da linha.

— Não foi por isso que eu liguei — falou ele.

— Então esqueça o que eu disse.

Thatcher começou a protestar, mas pareceu se lembrar no meio do caminho sobre o que queria falar comigo:

— Você está vendo a televisão? Ou qualquer rede social?

— Não — respondi.

No mesmo momento, peguei o controle da TV em cima do sofá.

Não dei bola para nada disso desde o fim das gravações de Corações em Chamas, porque não fazia sentido ver o Twitter ou qualquer programa de fofocas quando tinha uma mulher incrível e gata dormindo ao meu lado todas as noites.

Eu e Daisy nos desconectamos do mundo. E, sinceramente, foi a melhor coisa que fiz, lá fora havia toda essa pressão e rumores sobre mim e aqui, havia Daisy, que me enxergava por trás de todos os problemas na minha cabeça, a bebida e meu pai.

— Mal saí de casa nos últimos dias. O que poderiam ter falado?

— Não é você, Guy. É Daisy.

Prendi a respiração enquanto apertava o controle. Será que alguém descobriu sobre o casamento? Daisy surtaria.

— Estou trabalhando para tirar isso do ar desde que saiu ontem à noite, mas já está no trending topics do Twitter — Thatcher continuou falando para meu desprazer.

Assim que liguei a televisão, a imagem de Cliff White surgiu na minha tela e eu me amaldiçoei por ter comprado uma TV tão grande para a sala.

Era uma reprise de um programa de entrevistas que passava à noite, da apresentadora Imogen. Ele se sentava com o calcanhar apoiado na coxa no sofá de couro do estúdio. Estava vestindo um terno azul vibrante que doía os olhos, mesmo sendo visto através da tela de LED. Seu cabelo loiro foi cortado e ele sorria como um psicopata.

— Estamos de volta com Cliff White, o novo cantor revelação da Alpha Records — anunciou a jornalista sem tirar os olhos dele. Seu charme era irresistível, ninguém podia negar, mas havia algo venenoso naquilo que os outros não conseguiam ver — Cliff estava nos falando sobre a garota que, ao quebrar o coração dele, o incentivou a dar mais duro para lançar seu primeiro disco.

Cliff assentiu, simulando um sorriso triste para a plateia, que provocou muxoxos fracos das garotas no estúdio.

— Minha ex-namorada — Cliff suspirou — Nós estávamos juntos há mais de seis anos, Imogen — ele falou com toda intimidade para a apresentadora que abriu ainda mais seu sorriso — Eu achava que ela era o amor da minha vida. Era apaixonado por ela, jogaria toda minha carreira fora para ficar com essa garota... Digo, eu ainda entregaria tudo para ter outra chance.

Uma imagem da plateia substituiu a cara dissimulada de Cliff. Todo mundo o olhava com uma expressão de compaixão e ao mesmo tempo contestação, pensando "Quem deixaria aquele cara?".

Eu estava pensando se ainda precisava daquela televisão ou podia quebrá-la agora, mas queria ver o que Cliff tinha a dizer, porque aquilo não parecia ser tudo.

— Bom, é humilhante dizer isso em rede nacional, porém eu sei que minhas fãs estão aqui e o suporte delas é o que me move.

Outros gritos histéricos das garotas na plateia. Imogen sorriu mais uma vez.

— Daisy me traiu. Ela me deixou na primeira oportunidade que teve com um cara mais famoso que eu — disse, apontando para si mesmo — Não quero comprometer seu nome, porque tenho certeza que ele foi tão vítima quanto eu dos charmes de Daisy, apenas posso dizer que ele é popular e está em uma das séries mais famosas da emissora...

— Thatcher, eu te ligo depois — desliguei o celular para focar nas próximas palavras de Cliff.

— Eu me senti um estúpido. Ainda me sinto. Dei tudo a Daisy, a amei incondicionalmente, a tratei como uma rainha e estava até mesmo pensando em casar com ela.

— Ah, Cliff — Imogen pousou uma mão afetada em seu ombro.

Cliff a segurou e com seu melhor olhar de cachorrinho perdido, ele olhou para a câmera, em minha direção.

— Daisy foi... uma vadia. Mas sem ela nunca teria a coragem de me colocar em Hollywood e provar que posso ser melhor que ela.

Apertei o punho contra meu corpo. Meu sangue começava a ferver pelo corpo, eu sentia que estava prestes a ter uma crise e a cara idiota de Cliff nem estaria aqui para que eu pudesse quebrá-la ao meio.

Tentei respirar fundo. Daisy ainda estava comigo e mais importante que arrebentar aquele desgraçado era protegê-la da mídia.

— Will? — ouvi sua voz vindo do andar de cima.

Rapidamente, peguei o controle e desliguei a televisão com pressa. No mesmo instante, Daisy apareceu vestindo um moletom meu da Adidas e com os cabelos castanhos ainda molhados.

— O que estava vendo? — ela franziu o cenho, apontando o queixo para o televisor na parede.

— Ah. Bem... Nada... — pisquei os olhos — Pornografia — dei de ombros.

— Para um ator, você é um péssimo mentiroso — Daisy disse. Ela rodeou o sofá até chegar a mim — Você viu a entrevista, não foi?

Não respondi.

— Blair me mandou agora pouco, junto com várias ofensas à pobre senhora White.

—Eu sinto muito, Daisie... Eu posso acabar com a existência desse desgraçado, se você quiser, basta me dizer — comecei a falar rapidamente, me aproximando para acolher sua mãos entre as minhas.

— Não, Will. Eu já disse que posso resolver meus próprios problemas — Daisy falou, mas seu tom era simpático.

— O que quiser fazer, eu irei te ajudar — Levei sua mão até minha boca e pressionei meus lábios contra a sua pele quente — Posso ligar para Thatcher, ele pode te colocar na próxima entrevista com Imogen e você dará sua própria versão dos fatos — disse, achando a ideia genial. A única forma de contra-atacar Cliff seria expondo ele da mesma forma que ele fez com Daisy.

Ela apenas riu de uma maneira cínica.

— Fala sério, Will — Daisy balançou a cabeça, e encarou com os olhos desfocados o jarro azul com flores ao meu lado — Não importa o que eu diga. Não importa que tudo que Cliff disse seja mentira ou que você tenha uma lista incontável de mulheres comprometidas na sua bagagem. Não importa o que eu fale em rede nacional, todos estarão a favor de Cliff, porque é a palavra de um homem contra a minha.

Eu apertei sua mão ainda mais forte. Odiava ser incapaz de fazer qualquer coisa, especialmente por alguém que... que amava. Eu me sentia novamente o garotinho de nove anos, acalmando o choro do meu irmão mais novo enquanto ouvia os gritos do meu pai direcionados a minha mãe.

— Hollywood é o mundo dos homens. Sempre foi assim com as outras mulheres de Hollywood, não vai ser diferente no meu caso — ela suspirou.

Puxei-a contra meu peito e a abracei, meus lábios tocaram levemente sua testa.

— Eu sei que não ajuda muito, mas eu posso fazer panquecas.

— Na verdade, ajudaria bastante — ela se apertou ainda mais contra mim e eu a segurei firmemente.

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