DEZOITO

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Acordei bem cedo e a única vontade que eu tinha era de puxar o corpo quente e magro de Alessandra para os meus braços e voltar a dormir

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Acordei bem cedo e a única vontade que eu tinha era de puxar o corpo quente e magro de Alessandra para os meus braços e voltar a dormir.
A loira estava deitada ao meu lado, coberta e apagada. Os cabelos amanheceram bem em cima do meu rosto e eu não podia sequer reclamar, já que cheiravam tão bem que eu podia dormir sendo sufocado por eles.

A olhar ali, tão calma, como se não existissem responsabilidades, me dava vontade de jogar tudo para o alto e relaxar. Uma vez na vida.

Depois de pensar melhor, achei melhor que ela levasse um cartão, então o deixei junto a um bilhete dizendo a senha em cima do frigobar. Me aprontei e logo saí de lá. Segui direto para o prédio onde seria a reunião é me encontrei com meu pai na recepção.

- Achei que não viria. - reclamou olhando para seu relógio.

- Eu disse que estaria aqui, não foi?

- Vamos logo. Estamos quase atrasados.

Puro exagero. Estávamos uns bons dez minutos adiantados. Mas sem falar nada, o segui para a sala. Eram muitas coisas que tinham que ser discutidas sobre o projeto. Muitas observações e até mudanças que teriam que ser feitas. Com certeza, mais tempo da minha vida seria gasto ali.
Ao fim da primeira reunião do dia, meu pai e eu saímos para almoçar.

- Você estava disperso. - acusou - É por causa daquela menina? Eu falei que não devia tê-la trazido, está te distraindo!

- Mas que cisma é essa com ela? Você é minha mãe não deram nem sequer uma chance a ela. Não tentaram a conhecer. Apenas a julgaram de cara.

- Estou nessa há muitos anos, garoto. Reconheço uma oportunista de longe.

Eu ri e passei a mão no cabelo.

- Alessandra é meio doida, é verdade. Mas é uma pessoa boa.

- E como você pode ter certeza?

Engoli em seco. Não me lembrava de nenhum fato que pudesse provar sua personalidade boa, mas eu tinha certeza daquele fato. Podia parecer estranho, já que eu só tive visões superficiais dela. Bom, exceto aquela briga com sua prima em sua casa. Mas, apesar de só ter visto aquela versão dela, eu sentia que era bem mais do que aquilo. Eu sentia em meu âmago. Algo dentro de mim tinha certeza de que ela não era uma pessoa ruim. Seu jeito doido de viver não me passava uma má impressão como passava aos outros. Ela me dava ânsia da vida. Me fazia ver tudo com outros olhos, com mais liberdade, com menos peso e responsabilidade. Com ela, era como se eu fosse capaz de qualquer coisa.

- Eu sinto - respondi por fim tendo certeza daquilo.

- Isso é ridículo. - ele bufou - Coma! Logo teremos que sair.

Olhei para o prato de comida que não me enchia os olhos. Então, observei meu pai. Uma postura seria, como sempre, já que quase nunca sorria. Ele não tinha vida. Meu pai vivia para o trabalho e nem para minha mãe ele dava muita atenção. O casamento dos dois era pura fachada, muita mídia pouco sentimento. Ele passava o dia inteiro na empresa e ela resolvendo festas e eventos.
Aquela não era uma vida que eu queria para mim. Por muito tempo, estava conformado com aquilo, sempre fora o futuro que escreveram para mim, me mostrando o caminho que eu deveria seguir. Mas ali, parando para pensar, não era o que eu queria. De jeito nenhum.

Uma Caixa De Amor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora