QUARENTA E TRÊS

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IAN

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IAN

Fiquei encarando seu corpo, com uma mínima parte minha cheia de esperanças de que ela iria levantar a qualquer momento. Mas não aconteceu. Depois de chorar tudo o que eu tinha para chorar, apertei sua mão e dei um beijo demorado em sua testa, sabendo que tinha que sair dali, mas hesitando.

- Como eu posso deixar você aqui? Como eu posso continuar sem você? Sabendo que nunca mais vou te ver? - joguei uns fios loiros de cabelo para trás. - Você é a luz da minha vida, Alessandra. Você me ajudou a me transformar no que eu ou agora. Você é parte de mim. Como... como eu posso seguir desde jeito?

Fechei os olhos com força, odiando o fato de não tê-la ali. Não era mais ela. Era apenas... um corpo. E, Deus, como doía ter ciência daquilo.

- Quais são os sintomas dos tumores que ela teve? - perguntei baixinho para o médico que estava escorado no batente da porta.

- Convulsões, dores de cabeça, falta de apetite, falha na memória, algumas náuseas...

Me odiei assim que ele terminou de falar. Esteve tudo na minha cara aquele tempo todo. Suas dores de cabeça, a intensa falta de apetite e, Deus, até testemunhei falha na memória. Estava tudo bem embaixo do meu nariz e eu não enxerguei. Não fui inteligente o suficiente para descobrir e ajuda-la.

- Tem como saber quando foi a consulta em que ela descobriu o tumor?

Eu não desviei os olhos do corpo dela em nenhum momento da conversa. Se não fosse a palidez intensa e a pele gelada, eu poderia jurar que estava apenas dormindo. Tão serena.

O doutor falou a data e depois de algumas contas rápidas, percebi que fora logo depois de voltarmos de Nova Iorque. Claro, tinha sido naquele dia em que ela sumiu e disse estar trabalhando.

Como eu havia sido burro!

Mas também por que ela não me contou? Por que não me deixou ajuda-la? Por que não estava fazendo um tratamento? Ela queria morrer? Ela decidiu que iria morrer e não falou nada para mim?

Pisquei algumas vezes, atordoado demais. Me levantei resmungando algo sobre precisar sair dali e pensar e realmente saí do hospital, sem sequer prestar atenção nas duas mulheres que esperavam algum parecer meu. Mas o que elas podiam querer que eu dissesse? "Sim, ela está realmente morta"? Por Deus!

Não sabia dizer como tinha chegado em casa vivo. Durante todo o caminho dirigindo, oras eu via a estrada e oras via o rosto dela sorrindo para mim. Era uma tortura.

Entrei no apartamento odiando as lembranças que vieram. Apenas daquele momento em que tudo mudou. O momento em que ela correu para o banheiro.

Me sentei na beira da cama, encarando a porta derrubada por uns instantes e uma raiva descomunal começou a me invadir. Eu não sabia de quem realmente estava com raiva, mas não queria pensar naquilo.

Uma Caixa De Amor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora