QUARENTA E QUATRO

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IAN

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IAN

- O que você quer fazer?

Pisquei perdido diante da pergunta e alternei o olhar entre a fita e o pingente. Suspirei e balancei a cabeça.

- Vou procurar um vídeo cassette e assistir isso aqui.

- Eu acho que tem um aqui. Outro dia vi em uma caixa que trouxe por engano. Já volto.

Max sumiu pelo corredor do apartamento e eu me perdi observando aquele objeto que mudaria alguma coisa, sem dúvidas.
Max voltou com o vídeo cassette em mãos e me estendeu. Hesitei para pegar, mas peguei.

- Não vai assistir?

- Em casa, preciso fazer isso sozinho.

Ele assentiu e depois de me despedir, voltei para o meu apartamento. Liguei o aparelho na televisão e coloquei a fita. Depois de arrumar tudo, o vídeo apareceu pausado na tela. Antes de dar play percebi que a imagem era Alessandra no banheiro de Cancún. Automaticamente me lembrei de quando ela passou mais de uma hora dentro do banheiro e mais uma vez me senti um idiota por não ter percebido.

Respirei fundo várias vezes, tentando arrumar coragem para ouvir o que ela tinha a dizer. Apertei o botão para o vídeo começar e meus pulmões pararam na primeira palavra que saiu de sua boca.

- Oi, gato - riu - Você deve estar com muita raiva de mim se eu morrer antes de te contar tudo. Mas bem, tem uma explicação. Quando eu descobri o câncer, quando voltamos de Nova Iorque, era tarde demais, estava muito avançado. O médico me disse que eu até poderia fazer um tratamento, mas as chances de remissão do câncer eram extremamente mínimas, além de ser super agressivo. Eu iria morrer de qualquer jeito. E eu tive que pensar no que iria fazer, pensei o dia todo e cheguei a conclusão de que não valia a pena te preocupar, te angustiar e passar os últimos momentos da minha vida com uma esperança ridícula e em um estado deplorável. Eu teria que fazer várias cirurgias, teria que tirar os seios, perderia os cabelos e tudo isso para, provavelmente, morrer de qualquer jeito. Não fazia sentido. Eu tive a chance de esconder e aproveitar cada minuto ao seu lado como se eu fosse só eu, sem uma doença fatal que acabaria comigo logo quando eu consegui ajeitar minha vida. Eu pude esquecer isso, sem ficar pensando até quando o meu corpo iria aguentar. Essa viagem para Cancún está sendo a melhor coisa da minha vida. Poder ficar aqui com você, você, me traz uma paz assustadora. Eu não me importaria de morrer agora.

Ela suspirou e passou as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas que caiam e eu tive que fazem o mesmo, com o bônus de ter que vingar para tentar desobstruir o nariz.

Uma Caixa De Amor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora