EPÍLOGO

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"Saudades do tempo, dos velhos momentos
Dos anos passados que foram com o vento
Sorrisos, lembranças, belos sentimentos
De transformações e de renascimentos

Como se seus ouvidos pudessem respirar
O som invadia o corpo, como se fosse o ar
O som tomava forma, sensação de bem estar
Momentos de magia, muitas formas para amar

Marcas de batom na borda de um copo plástico
No peito euforia, abraços, riso fácil
E com desconhecidos, seguia, criando laços
Transpirava alegria era dona dos seus passos
Consciência admirável como as tintas de uma tela
Seus olhos tinham o brilho das cores da aquarela
Seu cabelo ao vento era a paisagem mais bela
Tinha a complexidade de uma Vênus moderna"
Maneva - Saudades do Tempo

Marcas de batom na borda de um copo plásticoNo peito euforia, abraços, riso fácilE com desconhecidos, seguia, criando laçosTranspirava alegria era dona dos seus passosConsciência admirável como as tintas de uma telaSeus olhos tinham o brilho das c...

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IAN

Os olhos dela sempre estariam cravados em minha mente. Os azuis dele coloriram a minha alma eternamente. O som do sorriso dela faria parte de mim para o resto da minha vida. Alessandra se foi, mas partes dela moravam em mim. Detalhes que seriam eternizados em minha carne. Anos que ela perdeu, mas que viveria através de mim.

E eu sabia que fazia tanta parte dela quanto ela fazia de mim.

Nosso encontro foi tão intenso que não havia como ser diferente. Em uma explosão partículas voam para tudo quanto é lado e Alessandra era aquilo. Uma explosão intensa e mágica. Uma supernova que explodia em brilho. E as partículas dela viveriam em mim até a morte. Até quando eu pudesse voltar para os seus braços e ser acalentado pelo seu sorriso, distraído pelos seus lindos olhos.

Depois do seu enterro, mesmo com cada parte do meu corpo doendo e reclamando, eu comecei a ver pacotes de viagens pelo mundo e como fazia sozinho também. Passei alguns dias apenas pesquisando os lugares da América que davam para ir de carro e fazendo toda uma rota. Quando estava com tudo pronto, me sentei para conversar com meu pai.

- Eu já imaginava - ele disse quando lhe contei meus planos.

Eu iria sair por aí. Visitar todos os lugares possíveis. Começaria na América e depois iria para a Europa. Assim, iria de continente em continente até onde não pudesse mais aguentar. Eu viveria o sonho dela que também tinha passado a ser meu.

- Mas eu não vou poder ficar a frente da empresa. Falei com Max e ele é a pessoa em quem mais confio. Se der qualquer problema, eu quero que ele fique com a minha parte.

Minha mãe estava quieta, sentada no canto da sala.

- Não há o que possamos fazer para impedi-lo. Você é adulto.

Aquela frase dita por ele sempre fora tudo o que eu quis escutar desde que comecei a ver que realmente eu era uma adulto responsável. Eu sempre quis reconhecimento e ali estava.

- Obrigado pela compreensão.

Meneei com a cabeça e com um último sorriso, me virei para deixar a sala. Senti os braços finos de minha mãe me abraçando e parei de andar.

- Eu acho loucura. Mas, sim, você é um adulto. E você é a pessoa mais responsável e consciente que eu conheço. Te criamos muito bem e eu confio em você, acredito que fará o que for melhor. Só tome cuidado, querido.

Assenti e lhe deixei um beijo na testa. Peguei minha mala e todas as outras coisas e coloquei na traseira do carro. Apenas a caixa rosa que Alessandra tinha deixado que eu coloquei no banco do carona. Meus pais me olhavam dá porta principal, abraçados. Minha mãe chorava, mas não fazia escândalo. Ela sabia que eu precisava daquilo. Eu precisava me sentir ligado a ela de alguma forma.

Entrei no carro e os olhei mais uma vez antes de partir. Era engraçado como minha vida tinha mudado de cabeça para baixo desde que a conheci. Eu era um menino mimado, que nunca havia sofrido nada, que não via maldade em nada. Era superprotegido pelos pais no auge dos vinte e três anos e não podia nem sair a noite sem que reclamassem, além de ter uma vida toda planejada. Bem, todos os planos foram por água a baixo. E depois de Alessandra eu me sentia mais forte. Mais preparado, mais calejado. Mais experiente. Quase chegando aos vinte e quatro eu já tinha perdido o amor da minha vida, eu já havia chorado e sofrido feito um cão. Eu tinha o reconhecimento dos meus pais e o apoio deles para largar tudo o que eles haviam planejado e ir viajar pelo mundo. Eu podia fazer o que eu queria pela primeira vez e sem irritar ninguém.

Tudo por ela.

Porque ela me mostrou o que era a liberdade. Ela me mostrou o que era viver sem planejar cada passo. Ela me ensinou que o futuro que a gente tanto preza pode nem existir. Nós tínhamos que viver o agora. E eu iria. Iria me jogar de cabeça naquela aventura e viver cada momento como se fosse o último.

Por ela e por todo o bem que ela me causou. Pela leveza que ela tatuou em mim.

Liguei o rádio e dei partida com o carro. Sorri quando uma música do Maneva começou a tocar e me lembrei do dia em que dançamos uma música deles e que ela confessou que curtia a banda.

Seguindo a estrada sem pressa e sozinho, prestei atenção na letra e vi o quanto o destino era desgraçado. Com certeza Queria me ver chorar. Mas ao contrário do que eu pensei, a música não me deu vontade de chorar. Apenas me provocouum sorriso imenso com todas as imagens dela que me proporcionou.

Foi como um vídeo curto de todos os nossos momentos. De cada sorriso dela. Cada expressão. Cada passo de dança ao qual ela se entregava por completo. Eu vi tudo e lembrei de tudo. Do quanto ela brilhava. Sorrindo e me sentindo aquecido por dentro, como se ela estivesse comigo, segui meu caminho.

Eu estava indo para longe de tudo o que conhecia e de onde tinha estabilidade. Mas apesar disso, eu me sentia indo para casa. Mesmo sem ter um lugar fixo em mente. Era como se eu estivesse fazendo a coisa certa. Como se o tempo todo, todo aquele peso no coração que eu sentia fosse um sinal para sair mundo a fora.

E ali, eu só pensava em como ela ficaria feliz de experimentar aquela sensação. Liberdade. Sem nenhuma exceção. Apenas a pura e crua liberdade. Sem um destino, sem responsabilidade e sem lugar fixo. Olhei para a rota que tinha traçado e depois de pensar por um tempo, amassei e joguei o papel na lixeira do carro. Eu decidiria para onde iria no momento. Queria experimenta aquilo. A incerteza. A incógnita. A adrenalina.

Por um momento, entre as árvores, achei ter visto ela. Estampando um sorriso lindo para mim. Com as roupas leves, os cabelos soltos balançando com o vento. Os olhos suaves e brilhantes pareciam orgulhosos.

Eu não quis acreditar que estava louco. Para mim, aquilo foi um sinal de que eu estava no caminho certo.

No caminho certo para mim.
No caminho certo para nós.








~●~
Oi amores, tudo bem?
Esse foi o epílogo mas haverá um capítulo extra então se preparem e peguem os lencinhos kkkkkkkkkkkk

Beijinhos e até mais!!

Uma Caixa De Amor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora