TRINTA E CINCO

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Congelei quando minha mãe falou da viagem

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Congelei quando minha mãe falou da viagem. Eu não tinha pensado naquilo ainda, tinha até esquecido. Era o efeito Alessandra em minha vida, ela me deixava tonto.

Não achei que seria tão fácil para voltarmos, mas quando calei a raiva e escutei meu coração, não havia outro jeito. Tinha que ser assim, por mais arriscado que fosse. E, mesmo tendo a chance, eu não me sentia em perigo. Via verdade nela, uma transparência e vulnerabilidade que nunca tinha visto antes. Parecia estar sendo mais difícil para ela do que para mim, a todo momento ela parecia um pouco insegura. Não lembrava a Alessandra que eu conhecia, naquele quesito.

- Bem, viagem de trabalho é completamente normal. Sei que Ian é um profissional excelente e não faltaria com as suas obrigações. Ele também não mistura vida pessoal com profissional, espero que todos sejam assim - Alessandra rebateu o comentário de minha mãe com aspereza.

Me surpreendi com a falta de seu surto por ter mantido a postura. Imaginei que iria se virar e gritar comigo. Continuamos a comer normalmente mas não me passou desapercebido os olhares entre Sabrina e Alessandra. Caramba, era tudo o que eu menos queria. O restante do tempo foi a base apenas de algumas conversas paralelas entre Sabrina e minha mãe e eu fiquei o tempo todo pensando naquela viagem a Nova Iorque. Eu quisera ir para me afastar de Alessandra, mas já não queria mais. Por outro lado, se eu desistisse, arrumaria um grande problema com meu pai.

No final da refeição Alessandra me olhou e pela sua cara, imaginei que quisesse ir embora. Não podia julga-la, aquele ambiente estava mais desconfortável do que todos que já estive em minha vida.

- Bem, estamos indo - avisei me levantando e ajudando a loira a levantar.

- Mas já? - minha mãe perguntou.

- Sim, temos planos.

Não tínhamos, mas foi a melhor desculpa que consegui inventar para sair dali sem deixar um clima chato. Minha mãe manteve uma expressão desgostosa ao se despedir e meu pai estava neutro, embora sério. Alessandra apenas acenou para Sabrina que sorriu em resposta e me puxou para um abraço. Fiquei tenso, obviamente. Tendo a mulher que estava flertando uns dias antes me abraçando e a mulher que eu estava voltando a namorar olhando tudo, não era uma cena boa. Me afastei devagar dela e segurei na mão de Alessandra, a puxando para sair dali na primeira oportunidade.

Os primeiros minutos no carro foram silenciosos e aquilo me dava ainda mais medo. Não gostava dela em silêncio. Não podia vir coisa boa daquilo.

- Alessandra?

- Hm? - resmungou olhando através da janela.

- Está tudo bem?

Ela demorou um pouco a responder, o que me fez desviar o olhar para seu rosto por breves segundos, já que tinha de ficar atento na estrada.

- Você vai viajar para Nova Iorque com ela.

Aquilo não tinha sido uma pergunta, portanto, continuei em silêncio. Eu nem sabia mais se iria mesmo. Estava confuso, não tinha uma resposta.

Uma Caixa De Amor [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora