Cap 14

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Acordei de manhã, me arrumei pro trampo e parti. Como todos as dias, fui cumprimentando todo mundo.

Cheguei na loja e o viado não tinha chegado ainda.

Abri as portas, ajeitei os trem certinho e fiquei esperando o viado.

10:00 e nada do Luiz. Resolvi ligar pra ver se tava tudo bem.

Ligação on:
Eu: Eaí viado, trabalha filhão.
Viado 💕: Oi. Luiz ainda tá dormindo quer que eu acorde? - Uma voz grossa falou. Deve ser o tal do bofe dele.
Eu: Ah, não precisa não. Foi mal. Depois falo com ele.
Viado 💕: Fechou. Tchau.
Ligação off

E eu aqui achando que ele não tava bem. Dei risada. Luiz não presta cara, certeza que deu a noite inteira.

Bom, vou ter que ficar sozinha hoje.

De manhã não teve muito movimento, mas à tarde meus amigos do céu. Gente pra cacete. Povo tudo louco pra comprar as coisas pro ano novo.

Avistei o Luiz entrando na loja. Dei graças a Deus.

- Desculpa amiga. - ele disse indo atender os clientes. Falei que tava tudo certo.

Porra vou ter que falar pra dona Marina que estamos precisando de mais um aqui. Já pensei na Gisele.

Depois de atender um monte de gente eu tava morta com farofa, contei pro viado sobre a noite na delega e conversamos sobre outras coisas, eu tava é doida pra chegar em casa , tomar um banho e deitar no meu sofá pra ver uma tela.

Deu 18:00 e eu fui fechar a loja, procurei o viado e nada.

Será que a bixa foi embora sem falar nada?

Liguei pra ele e o barulho do telefone dele tocou aqui dentro. Segui o barulho e mano. O Luiz tava dormindo em cima do urso de pelúcia daqui da loja.

Só esse viado memo pra fazer um trem desse. Ouvi o barulho da buzina lá fora. Era a Julia.

- Luiz tão roubando a loja, corre. - gritei e o cara deu um pulo e começou a gritar. Eu chorei de rir.

Quando ele olhou pra minha cara e viu que não tinha nada começou a correr atrás de mim.

- Calma aí bixa, agradece por eu não ter te deixado aqui.

- Vagabunda, sapatona do caralho. Não posso me estressar porque se não nasce rugas. Respira Luiz.

- Para de boiolagem cara. Vamo embora tô morta, Julia já tá aí.

Apaguei as luzes e fechei a porta.

Entramos no carro e todo cansaço e vontade de capotar passou quando vi Julia sorrindo. Abalou minhas estruturas.

A puxei pra um beijo, necessitava daquilo demais.

- Não me respeitam mais nesse mundo, primeiro sou acordado no susto, agora tenho que ficar de vela? Ai é muito pra mim.

Ouvi o viado resmungar mas nem dei atenção, terminei o beijo com dois selinhos e sorri pra mulher em minha frente.

- Nossa, que recepção maravilhosa. Tudo isso é saudade? - assenti sorrindo. - Vou vir te buscar todos os dias.

- Você já vem quase todos os dias minha filha, bora. Toca logo que eu quero ir pra casa.

Olha a audácia do cara.

- Folgado pra caralho irmão - falei e ele me deu o dedo. Tá puto ainda.

Deixamos o viado na casa dele e partimos pra minha casa.

- Porra tô morta demais.

- Vai tomar um banho que eu vou fazer o rango pra nós. - Julia disse me abraçando.

- Tá bom. Já que eu volto pra nós matar a saudade. - pisquei e ela sorriu.

Tomei um banho rapidão e coloquei uma bermuda e uma regata larga.

Pendurei a toalha no varal e fui atrás da Julia. Ela tava cantando e dançando toda desengonçada. Eu tô apaixonada memo, puta merda.

- Cheiro tá bom em. Tô varada.

- Tô fazendo uma macarronada de forno com presunto e queijo. Vai querer arroz?

- Precisa não nega, pra mim tá ótimo.

- Aí. Vamo sábado comigo comprar uma roupa pro ano novo?

- Claro preta. Preciso comprar umas coisas também.

Assenti. Ela terminou de fazer os trem e começamos a comer. Julia também cozinha bem pra caramba. Não tem nenhum defeito.

Agora estamos deitadas na cama conversando sobre como foi o feriado.

- Estér!! Por que você não me ligou? Cacete, presa??

- Tá tudo bem Julinha. Eu não podia deixar o cara bater na mulher na minha frente né. Também não queria te preocupar.

- Não esconde mais nada de mim. Tá bom? - assenti com a cabeça, não tem como fazer isso. Eu sou toda errada, arrumo problema por quase todo canto que passo. Se eu for ligar pra contar pra ela cada vez que acontecer alguma coisa, coitada.

- Tá bom linda. Fica brava não. - beijei sua boca. - Ahh lembrei. Trouxe um trem pra você. - falei levantando.

Peguei os anéis de coquinho.

- Vê aí qual serve pra você. - entreguei e ela me olhou sorrindo. - Sempre pego lá na loja.

- Ai eu amooo. Tinha perdido o meu. - Julinha disse experimentando os anéis. - Esse tá ótimo. - falou e eu peguei pra ver. Coloquei em cima dos outros pra ver um que que era daquele mesmo tamanho sem a Julia perceber.

Bobinha, nem imagina que é pra ver o tamanho da aliança dela. Encontrei um com a mesma medida e devolvi o dela.

- Larissa vem aqui e pega tudo, vou esconder esses outros aqui.

Guardei o que tinha a medida no bolso sem ela ver e coloquei os outros em cima do guarda-roupa.

- Acho que vou tirar as tranças no sábado também. O que você acha?

- Seu cabelo é black né? - assenti - Já te disse uma vez, você é linda de qualquer maneira, até careca. - sorriu e eu sorri mais ainda. Puts não dou conta.

Liguei o ventilador e voltei pra cama.

- Você não existe muié. - falei beijando ela - Não canso de te beijar.

- Não é pra cansar não bebê. - falou brincando com meu cabelo.

É a Julia né gente, ela pode mexer nas tranças.

Troquei uma ideia com a Larissa esses dias e ela me disse que a Julinha achava que eu não curtia ela, que estávamos ficando por ficar, fiquei feliz pra caramba quando soube que ela gostava de mim.

Eu sou horrível em demonstrar sentimentos cara. Eu mostro através de coisas simples. Não gosto de ficar falando sabe? As vezes saio como grossa, mas nem é isso.

Eu também sou muito desapegada.

Mas quero mostrar pra Julinha que ela não precisa se preocupar.

Por isso tô tentando mudar essa parada de demonstrar as coisas, pelo menos pra ela.

O que eu procuravaOnde histórias criam vida. Descubra agora