Cap 28

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Estér

- Cuidado filha, deixa mamãe abrir o portão primeiro. - minha mãe, vulgo Dona Luiza disse enquanto Aninha pulava e sorria ao me me ver.

Assim que abriu o portão Ana se jogou no meu colo e eu abracei ela me sentindo completa, quase chorei mas me segurei.

Só Deus sabe como eu tava esperando pra isso. Ela me encheu de beijos e a coloquei no chão dando um beijo na sua testa.

- Tudo bem meu amor? Tetér tava com saudade de você meu neném.

Bom não é neném mais né, mas pra mim continua sendo.

- Tô feliz Tetér, muito feliz. - disse me abraçando de novo e  chorando.

Partiu meu coração ver ela tão feliz ao me ver.

- Precisa chorar não vida. Tô aqui com você agora.

Falei e ela correu pra dentro pra chamar o João.

Olhei pra minha mãe que estava com os olhos cheios d'água me esperando de braços abertos.

Não pensei nem duas vezes e a abracei. Esqueci tudo, todos os desentendimentos, toda mágoa e chorei, chorei muito.

- Desculpa, desculpa, desculpa minha filha. - neguei com a cabeça ainda chorando e a apertando mais. - Errei muito contigo.

- Fala nada não mãe, tô aqui com a senhora agora.

- Eu te amo! Te amo demais.

Ficamos mais um tempinho ali e logo senti mais umas mãozinhas no abraço. Perdoar é essencial.

Me soltei dela e abracei João que chorava também. Me lembrei de tudo mas logo tirei esses pensamentos vendo o quão grande meu irmão guerreiro tá.

- Eai muleque!! Tá gato em.. - meu pretinho tava lindo, cabelinho black cheio de cachinhos também.

Falei e ele riu.

Limpei os olhos dele que insistiam em cair lágrimas.

- Senti sua falta, abandonou a gente uai. - Olhei pra ele e pra Aninha que já trazia suas bonecas pra eu ver.

Neguei com a cabeça secando meu olho, ouvir aquilo me destruiu.

O que o ódio e rancor no coração não fazem com a gente né. E eu achando que conversar por telefone e mandar uns trocados no mês ia suprir minha ausência. Quem mais sofreu foram eles e eu me senti péssima.

- Tô aqui agora parceiro. Vou largar cês mais não. - baguncei o cabelo do mesmo.

Falei e eu escutei um soluço. Olhei pra trás e a Julia tava com os olhos vermelhos de chorar também.

Nem lembrava da doidona. Chamei ela com a mão e ela veio sorrindo tímida.

Sequei seus olhos também e dei um beijinho nos seus cabelos e ela sorriu.

Todo mundo ali olhava curioso pra ela.

- Essa aqui é a Julia gente.

Julia falou um "oi" meio tímido e minha mãe veio abraçar ela a pegando de surpresa e eu também.

- Fico muito feliz em conhecer a namorada da minha filha.

Eu nem tava acreditando no que ouvia e via. Porra meu coração deu até uma acelerada.

- O prazer é todo meu em te conhecer. Você é linda. Agora eu sei de onde saiu toda essa beleza de Estér. - gentil como sempre. - Aliás, vocês são todos lindos. Eu tô encantada.

Ela abraçou João e a Aninha fazendo cócegas na mesma.

- Ela é linda mamãe. - Aninha disse e minha mãe balançou a cabeça concordando sorrindo vindo pra perto de mim e eu sorri também.

- Linda mesmo, cuidado pra não perder ela pra mim em vacilona. - João falou e eu nem acreditei na marra do cara.

- Eai vacilão, vigia as coisas que cê fala em. - brinquei ele nem tchum arrumando o cabelinho.

Demos risadas e minha mãe chamou a gente pra entrar. Peguei minhas coisas e a da Júlia enquanto eles iam conversando na frente.

Travei as portas e zarpei pra dentro. Encontrando Julia brincando na sala com a Aninha e o João no videogame.

Segui até a cozinha e minha mãe tava arrumando os trem pro rango ouvindo e cantarolando alguma música do Raça Negra, quando ela se virou sorriu e me puxou pra dançar com ela.

Dançamos um tempinho até ouvir umas palmas. Nos soltamos rindo e ela me deu um beijo na bochecha vendo o marido dela ali parado sorrindo.

- Opa.. Eaí Ricardo, tranquilo? - falei estendendo minha mão pra ele e ele apertou.

- Menina Estér cresceu em? Há uns dois anos atrás era um toquinho de gente.

Sempre brincalhão esse cara.

- Hahaha. Aí cê acaba comigo uai... Mas falaí minha mãe tá gata em? Que isso olha esse corpão.

Falei e ela sorriu me jogando um pano de prato.

Ricardo foi pra perto dela e a deu um selinho. Ela sorria feliz. Ele faz muito bem pra ela e isso é perceptível.

- Cada vez mais linda mesmo ne minha preta? - falou e ela sorriu mais. - Cê também se deu bem em? - falou da Julia e eu dei uma risadinha. - Ala, apaxonadinha ela amor..

Eles riram e eu só ouvindo a zoação.

- Minha filha merece toda felicidade do mundo. - falou me fazendo sorrir. - Aí Ricardo, olha o feijão que eu vou mostrar o quarto pra Tetér. 

Segui ela e passei na sala de novo dando um tchauzinho pros meus amor ali. Julia me mandou um beijo e eu mandei outro soprando um "minha linda".

A casa era bem grande mesmo, o chão todo de pallet e o quarto era enorme.

Tinha uma cama enorme de casal, uma mesinha e um guarda-roupa embutido. E um banheiro também.

- Senta aqui.. - me chamou e eu sentei ao seu lado na cama. - Não adianta falar que não precisa porque precisa sim. - me puxou pra deitar com a cabeça no seu colo. - Errei muito com você, minha menina. Você nunca teve culpa de nada, a culpa foi e sempre será daquele imundo. Eu errei porque me fechei pra você e te deixei ainda uma menina pra trás, eu só queria refazer a minha vida e esquecer tudo aquilo que nos aconteceu, eu devia ter te trazido pra gente recomeçar juntas. Eu falhei, não fui uma boa mãe mas do fundo do meu coração eu te peço desculpas. Você tem todo o direito de ficar magoada, eu só queria uma chance. - ela dizia baixinho chorando e eu só ouvindo caladinha. - Você se tornou uma pessoa maravilhosa que eu nunca imaginei. Tem seu trabalho, tem as coisas da sua casa. Você não sabe mas há uns 4 meses atrás eu coloquei aquilo no seu nome. - não imaginava mas continuei aproveitando aquele colo de mãe que há anos não chegava perto. - Mas enfim, você é minha filha. Nunca deixei de te amar, só que errei. Me perdoa?

Fungou e eu levantei. Limpei os olhos da mesma e a puxei pra um abraço.

- Eu aprendi com a Dona Roseli, minha outra mãe que devemos esquecer o passado e ter sempre em mente que é necessário perdoar. É claro que te perdoo. Por mais que eu tenha passado momentos terríveis e me sustentei ali sozinha eu te perdoo. Se não acontecesse isso eu não seria a pessoa forte que eu sou hoje. Vamos esquecer tudo o que aconteceu e focar no agora. Cê não sabe com eu fiquei feliz em te abraçar e em como você recebeu a Julia. Eu tava muito nervosa com isso.

- Eu abri mais minha mente. Se você ama alguém você tem que ficar com essa pessoa não importa o que aconteça e o que os outros falem. Com muito pouco tempo já percebi que ela te faz bem.

O que eu procuravaOnde histórias criam vida. Descubra agora