Cap 31

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Já estávamos na casa de Estér, de banho tomado e agarradinhas assistindo um filme de ação da netflix.

Estér tava com a mão por dentro da minha camiseta, sendo mais específica na minha teta direita.

A bichinha tá quase dormindo tadinha. Final/começo de ano e carnaval fica muito cheio pra ela na loja.

Minha gatinha só atura o trampo mesmo porque não tem muita escolha por aqui.

Credo, imagina ficar o dia todo dando bom dia/tarde pras pessoas e ainda ter que aturar gente sem educação. Deus me livre.

Já o meu trampo é mais tranquilo, claro que é cansativo. Mas é legal.

Só trabalha mulher nessa fábrica que eu trampo, o que é muito bom. Não tem mulheres sofrendo assédio e a maioria ali são tudo de boa, sem rivalidades.

Eu sou responsável pelo meu bloco, o 4. Tenho que ver as coisas que faltam, pedir pra consertar alguma máquina, ajudar quando passam mal, ajudar mulheres mais velhas, enfim.

Eu quero fazer faculdade. Vou tentar um vestibular.

Mas por enquanto tá bom do jeito que tá.

Acho um saco isso de colocar pressão em jovens pra fazerem facul, ter um bom emprego, ter filhos...

Horrível isso, ainda bem que o Erick sempre me disse que é tudo no nosso tempo. Quando a gente achar que precisa ou se precisa.

Desliguei a TV e me aconcheguei melhor na minha pretinha.  Ela resmungou alguma coisa já capotada e me abraçou. (...)

Acordei com o celular vibrando. 05:30.

Levantei com cuidado, fiz minhas higienes e fui tomar um banho.

Saí do banheiro, coloquei uma calcinha preta e um sutiã de desenhos de ursinhos. Capaz mesmo que coloco lingerie pra ir trampar.

Vesti uma calça de moletom larguinha e a camiseta do uniforme.

Calcei meu tênis. Peguei minha bolsa e fui tomar um café.

Deixei no jeito já as coisas pra Estér e fui pra casa deixar o carro.

Era pertinho pra pegar o ônibus que vinha buscar nós aqui. Era só eu e mais cinco mulheres.

Capaz memo que eu gasto gasolina pra ir sendo que tem o ônibus.

Fui pro ponto, já eram seis horas certinho e o ônibus estava estacionando.

Mostrei meu crachá e entrei. Me sentei e mandei uma mensagem pra Estér de bom dia.

Cerca de 40 minutos depois chegamos a fábrica.

Fui direto pra cozinha tomar um café preto bem forte. Assim que a gente chega tem um café da manhã, depois vem o almoço e antes de ir embora tem mais um café. O que é ótimo.

Tomei meu café e fui bater meu ponto. Ajeitei as coisas do bloco e as meninas foram chegando.

Todas me deram bom dia e foram pro seus lugares.

Peguei umas coisas pra fazer também. Verifiquei máquinas e fui ajudar as garotas ouvindo as histórias doidas delas.

- Ai eu dormi bem demais. Antônio me deu uma coça ontem que eu tô ardida. - disse dona Lúcia e todo mundo caiu na gargalhada.

Conversa vai conversa vem nós já estávamos indo almoçar. Sentei na mesa com elas e começamos a comer.

- Mas e você Julia? Fez o que no final de semana..

- Fui conhecer minha sogra e os irmãos da minha mulher..- falei lembrando da confissão da minha garota e soltei um risinho de lado.

- Hmmmm o negócio tá sério mesmo em? E essa risadinha aí em? - Verônica perguntou e eu neguei. - Transou na cama da sogrinha?

Risada foi de geral inclusive eu. Essas muiezada não tem jeito não.

- Infelizmente não meninas. - fiz um bico - Tô brincando..Só foi especial mesmo.

- Me convida pro casório emm. - fiz careta e elas riram.

Deu os 40 minutos de almoço e nós voltamos ao trabalho. Depois 3 máquinas pifaram e eu tive que ir atrás da Lurdes pra ligar pro mecânico vir consertar.

Tive que dar o relatório todo sobre o que tinha acontecido e quando vi já estava na hora do café pra ir embora.

Tomei meu café bem tranquila e fiquei esperando o ônibus.

Papo de 10 minutos eu já tava dentro dele indo pra casa.

Cheguei no ponto, desci e fui subindo a ladeirinha ansiando pela minha casinha até que ouvi um assovio. Ignorei e continuei andando.

Do nada me aparece uma mulher na minha frente sorrindo. Ela aparentava ter uns 21 anos.

- Olá boneca. - sorri educadamente. - Obu cê é difícil em? Nem tchum pro meu assovio cara. - lançou um sorriso.

Bom, ela até que era bem bonita. E tinha uma cicatriz perto do pescoço bem evidente.

- Ah..Oi. Pensei que fosse algum desses véio chato. - cocei a nuca - Precisa de alguma coisa?

- Eu tô longe de ser um véio chato. Muito pelo contrário, sou mais legal do que imagina - fez uma careta que eu jurava ter sido maliciosa. - Bom eu sou a Vanessa..Desculpa te incomodar, masss..Pode me dar seu número? Desde o dia que você se mudou eu te vejo e você nem aí.

- Oi Vanessa eu sou Julia.. E eu Sinto muito mas não será possível. Eu namoro - mostrei minha aliança e dei um risinho.

- E quem disse que eu tenho ciúmes gata? - já tava pra lá de incomodada e demonstrei isso. - Tô brincando garota. Acho que já vi você e a Estér por aí..Cês tão juntas?

Apenas assenti com a cabeça.

- Opaa..Deixa eu ir então porque aquela lá tem um pavio curto e eu não tô afim encrencar com ela novamente.. Bom Julia, tô partindo. Falouu!!

Apenas dei um tchauzinho e segui meu rumo.

Que mulher doida e porque ela se encrencou com a Estér em.

Cheguei em casa e fui logo tomar um banho gostosinho. Sexta já começa a folia do carnavrau e eu tô animadona passando o primeira vez namorando.

Saí pelada do banheiro, só vesti um baby doll vermelho e fui fazer minhas coisas.

Lavei minhas roupas e as de cama. Passei um pano na casa. Tirei pó e lavei o banheiro.

Cheirinho de desinfetante de lavanda na casa. Que delícia.

Fui pro quarto pegar uma cobertinha e deitei no sofá colocando "Como eu era antes de você" e me permiti chorar.

Acabou que eh dormi ali chorando e só acordei com várias batidas na porta. Olhei no relógio e eram quase oito da noite.

Caralho hibernei cara.

Me levantei ainda meio dormindo e fui abrir a porta dando de cara com uma Estér preocupada.

- Cacete Julia - falou passando a mão no cabelo - Cê tá bem? Porra achei que tivesse acontecido alguma coisa. - me abraçou - Tava tentando falar contigo desde as seis.

Entrou e eu fui atrás dela a encontrando jogada no sofá.

- Eu acho muita cara de pau você vir aqui depois de tudo. - falei e ela me olhou confusa se levantando. - Você disse que ia ser transparente comigo Estér..

O que eu procuravaOnde histórias criam vida. Descubra agora