Segredo de Família

Trinta e Cinco

Estava com tanta saudade de segurá-lo assim, que a primeira coisa que notou foi como ele estava mais magro. Não é que não tivesse percebido o quão duro havia sido esse período de mudança, mas segurar o corpo mais esguio era diferente.

Seu toque era ligeiramente mais suave do que normalmente seria, pequenas carícias tímidas, beijos no pescoço, adorava aquele pescoço delgado e os pequenos suspiros que o músico soltava quando beijava e mordiscava. Talvez estivesse mais receoso do que gostaria, pois até o barulho da TV tirava sua concentração e tinha aquela sensação pesada no seu coração.

Samuel se ajeitou no seu colo, ou talvez estivesse fazendo de propósito, não saberia dizer, sentiu ele pousar as duas mãos nas laterais do seu pescoço, claramente apreciando o fato de ter sua atenção e uniu suas bocas, tomou seus lábios grossos com carinho.

Ele realmente queria isso, não queria? Isso significava que ele não estava mais abalado ou pensando na tragédia do passado? Então estava tudo bem tocá-lo, certo? Amaldiçoou o fato de estar tão preocupado enquanto a vontade de consumir o desejo latente do marido crescia mais e mais. Afinal de contas, sempre ficava louco quando o marido tomava a iniciativa.

Samuel se moveu de novo, se ajeitou no seu colo e Toni gemeu baixo, apreciando a pressão por cima do seu pênis duro, o segurou pela cintura e empurrou para baixo, gostando da pressão extra e para sua surpresa ele rebolou de forma indisfarçada, imediatamente as suas dúvidas desapareceram, ele estava mesmo fazendo de propósito.

— Porra…

O mais velho apenas sorriu rapidamente em resposta e juntou suas bocas novamente.

Os dedos grossos e ásperos do mais novo encontraram o caminho escondido por baixo da camiseta azul do músico e no mesmo instante ele simplesmente se livrou dela, subitamente tão cheio de urgência que Toni se assustou por um segundo.
Encostou a testa no peitoral do marido e respirou fundo, precisando de apenas um instante para se equilibrar, pois definitivamente não estavam em sintonia.

Absorveu aquele cheiro familiar, o perfume do sabonete, suor e nicotina, este último o fez rir em pensamento, Samuel estava fumando muito mais ultimamente. Ainda de olhos fechados beijou o corpo a sua frente, o peito, sugou a pele de mau jeito, arrastou a boca mais para o lado, beijou o mamilo rosado, acariciando com a língua.

— Não é melhor irmos para o quarto? — sugeriu o músico, sua voz era um murmúrio.

— Porquê? — rebateu automaticamente.

Samuel sorriu minimamente, mordendo o lábio inferior para conter um suspiro quando o acariciou em ambas as coxas de forma mais bruta, a respiração ofegante fazia o tórax se expandir rapidamente.

— Só é estranho fazer isso na sala… é como se estivéssemos fazendo uma coisa errada.

O corpo dele se encaixou tão bem no seu quando virou e o deitou no sofá espaçoso, num movimento só.

— Acho que a gente nunca transou na sala, né? Isso não te excita? — questionou, empurrando o quadril entre as pernas do marido.

Samuel respirou forte e seus olhos foram tomados pela mancha escura do desejo. Toni gostou disso, dessa reação tão honesta e talvez sua confiança tenha aumentado um pouco, isso definitivamente era ótimo.

— Nós já fizemos numa sala, daquele seu antigo apartamento…

Toni parou tudo que estava fazendo por um instante, meio perdido na conversa. A memória do mais velho era assombrosa num momento de excitação, pois Toni nem se lembrava que um dia morou sozinho num apartamento e levou um momento considerável para entender a que o outro se referia.