Capítulo Quinze

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Estava de mau humor. Péssimo humor na verdade. Seu pescoço ainda estava dolorido e seus olhos estavam pesados por causa da noite mal dormida. Tudo queria era se juntar o marido ao na cama, se entregar a uma longa tarde sono. Mas quando seu chefe ligou solicitando sua presença, não pode se negar a comparecer no escritório.

Não que Cauã fosse um chefe intransigente, muito pelo contrário, ele não só foi compreensivo como o liberou do trabalho por alguns dias. Foi o fato dele lhe pedir que fosse até a academia mesmo sabendo sobre toda a situação que a família estava enfrentando que o obrigou a ceder ao pedido. Deduziu que ele não pediria se não fosse importante.

Assim que chegou ao local de trabalho tudo parecia absolutamente normal, a cada dois passos que dava alguém o cumprimentava, entre alunos e funcionários, apenas respondia com um aceno, ois até sua cabeça já começava a doer. Subiu os degraus de ferro da escada m pouco mais de vagar do que de costume. Logo pela vidraça já podia ver Cauã, o chefe estava vestido com um pouco mais de zelo, camisa pólo vermelha com o símbolo da academia no peito, calça social cinza, ate os cabelos grisalhos haviam sido aparados num corte social mo forma.

De duas batidinhas na porta antes de entrar e assim que o viu, Cauã correu ao seu encontro como se fosse o seu salvador, abraçou como era o costume, pois o homem tinha verdadeira mania de abraços.

- Ainda bem que você está aqui, cara! Por um momento achei que ia furar comigo! - foi fechando a porta rapidamente.

- E aí chefia, beleza? O que tá pegando? - cumprimentou, daquele seu jeito Toni de ser.

Cauã deu a volta na mesa muito apressado, abriu a boca para falar, mas quando o olhou voltou a fechar por um instante apenas.

- Eu que te pergunto isso. O que tá pegando? Nunca te vi tão derrubado cara.

Toni aproveitou a deixa e foi sentando, quase se desmanchando na cadeira.

- Te falei ontem, a prima do Samy passou mal, desmaiou, lembra?

- Sim, sim, claro, mas e aí? Como está moça? - perguntou, era evidente seu interesse no assunto, muito atencioso com tudo que fosse realmente sério.

- Foi operada, não teve jeito não. O médico não sabe se ela e os pivetinhos vão resistir. O pai tá arrasado né. Já viu, a gente foi para o hospital ontem para dar uma moral para o primo do Samuel, acabamos passando a noite toda lá... cara, tô todo ferrado aqui, todo dolorido daquela porra daquela cadeira.

Cauã o olhava um pouco admirado.

- Caramba Toni, que loucura. Quando você me ligou não achei que ia ser uma coisa tão séria. Mas vamos torcer para tudo dá certo. Poxa cara, desculpa te fazer vir até aqui então, eu sei que te dei aí uns dias de folga, mas realmente tô perdido sem você - era visível o vinco se formando na testa do homem.

- De boa, tá tranquilo, mas diga aí. Porque a beca? Cortou o cabelo?

Cauã se levantou, exibindo sua vestimenta com orgulho e passou a mão no cabelo, fazendo charme.

- Tô bonito? - Toni deu de ombros, sorrindo um pouco - Foi ideia da minha deusa, ela disse que era importante para os negócios passar uma boa impressão. Mas então, te chamei aqui porque o cara que tá interessado em investir na academia me ligou hoje de manhã. Ele não pode vir no sábado, como combinamos, mas vem agora à tarde. Ele quer conhecer direito as instalações e o funcionário que falei que ia ficar auxiliando ele num primeiro momento, no caso você. E aí? Ainda posso contar contigo?

- Claro que pode né Cauã, eu hein. Sabe que eu não sou de dá para trás. Mas vai ficar meio ruim de dar assistência para ele essa semana, ele vai ter que ter um pouco de paciência. Porque se acontecer da prima do Samuel ter uma piora, os bebês, o pai também, ele não tá bem com essa situação toda... eu vou lá ajudar cara. É família, sabe como é - foi simples e direto, sem faltar com respeito apesar do seu jeito errado de falar.

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