Capítulo setenta

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Cogumelo e o novo morador da casa estavam rolando na grama, entre latidos divertidos e grunhidos, havia pequenos saltos e rabos balançando. Em determinado momento da brincadeira, o gato saiu correndo em disparada pela varanda, ágil e frenético, o cachorro saiu em seu encalço, numa brincadeira de perseguição, mas por ser maior e mais estabanado, atropelou a caneca colorida com café, fazendo ela virar ruidosamente no porcelanato cor de gelo, pisou por cima do prato com sobras de bolo de maracujá.

Os animais não invadiram a casa com toda aquela correria e agitação porque Toni acabava de fechar ela com o pé, mais forte do que o necessário, o barulho foi alto e chamativo, mas era difícil medir a força enquanto o marido excitado devorava sua boca com beijos ardentes. Segurava Samuel junto ao seu corpo, alto o bastante apenas para tirar os pés dele do chão, afinal não queria que ele tropeçasse, pois mal estava olhando para onde estavam indo.

O desejo urgente queimava por baixo da sua pele, precisava desesperadamente ter ele e movido por essa necessidade primitiva, encostou o marido na primeira superfície firme que encontrou e imediatamente enfiou as mãos pelo elástico da calça de moletom dele, empurrando para baixo e se ajoelhando na frente dele.

Por acaso era o canto da parede, bem ao lado da porta de acesso entre a cozinha e a sala e Samuel parecia tão faminto por sexo que não se importou, nem ao menos pareceu notar onde estavam. Normalmente ele faria alguma contestação, mas dessa vez apenas gemeu prendendo o lábio inferior entre os dentes quando rapidamente tomou a ereção dele na boca. As mãos finas vieram tocar seu couro cabeludo, os dedos se infiltrando por entre os fios pretos puxaram quando forçou-se um pouco, avançado todo o caminho até o fundo da sua garganta. Nunca foi um homem dado a sutilezas, mas verdade seja dita, Samuel também não era.

Toda aquela imagem sóbria, palavras bonitas e educação extrema era meramente uma faxada, especialmente no sexo. Seu marido gostava de um pouco de rudeza e imprevisibilidade, gostava que o segurasse com força, que fosse grosseiro e indecente. Justamente por isso, o homem estremeceu inteiro e gemeu baixinho, encostando a cabeça para trás, apoiando o peso do corpo totalmente na parede enquanto o sugava com gula, enchendo bem sua boca com a intimidade dele, arrastando a língua na pele sensível com volúpia. Sentia tanta falta disso, de sentir o gosto agridoce do pau dele e o aroma carnal da região íntima.

Em algum momento aqueles dedos realmente seguraram seu cabelo com firmeza, o quadril se movendo para frente e para trás num ritmo lento e um pouco desajeitado. Podia ouvir os gemidos e os suspiros contidos e discretos, suas mãos grandes e ásperas tocando e apertando onde podia, como se fosse deixar a sua impressão digital na pele pálida, sentindo os músculos se contraindo a cada investida dele.

DING DONG.

O som da campainha se espalhou pela casa silenciosa, reverberando pelos ambientes. Samuel empurrou sua cabeça de leve, se retirando da sua boca, apoiando o peso corporal contra a parede. Respirava descompassadamente, o rosto corado tanto pela febre quanto pela excitação.

Ajoelhado ali no chão, Toni sentiu toda a frustração rastejar no seu interior. Definitivamente tinha mudado de ideia quanto ao seu desejo infantil de ter alguém interferindo nos seus momentos com o marido.

DING DONG

Samuel fechou os olhos e mordeu o lábio inferior de novo, enquanto Toni lutava para não ir lá e esmurrar a visita inoportuna com toda a sua fúria. A raiva queimava suas entranhas como se fosse uma incêndio de proporções gigantescas.

- Você está esperando alguém? - perguntou Samuel, os dentes apertados e o maxilar tenso.

A mão trêmula foi cobrir os próprios olhos, a respiração ainda irregular e excitada, decidindo o que fazer. Ele estava tão zangado que não conseguia disfarçar, não que ele devesse, era relativamente bom saber que compartilhavam a mesma frustração.

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