Cinquenta

3.1K 224 72
                                    

Lua de mel não se resume a sexo, mas sexo era a constante.

Quando completaram uma semana ali, já haviam estabelecido uma rotina. Tomavam café da manhã, iam a praia, normalmente Samuel sentava a sombra do ombrelone e bebia água, lia as notícias na internet.

Toni soltava pipa, jogava vôlei com uma turma de universitários que apareceu no terceiro dia, nadava bastante, comia petiscos, bebia cerveja, corria na areia, fazia flexões e alguma outros exercícios. Fazia amizade facilmente e todo dia estava conversando com alguém diferente.

Almoçavam tarde quase todo dia, no restaurante do resort ou em algum lugar na cidade que alguém havia indicado a Toni.

Os horários mais quentes, quando o sol estava alto no céu, eram ociosos e acabavam em sexo. Sem a interferência dos problemas que normalmente os cercava em casa, Samuel estava focado nos momentos íntimos, não tentava resistir nem mesmo quando tocava as cicatrizes a luz da tarde com a janela aberta e apenas as cortinas fechadas. As ressalvas que ele tinha quanto a isso haviam ficado para trás em algum momento e não sabia dizer exatamente quando foi.

Já fazia algum tempo que Samuel não empurrava sua cabeça tentando se livrar dos beijos linguados e obscenos com aflição e vergonha quando acariciava propositalmente uma das cicatrizes hipertróficas.

Depois ele foi parando de ficar tenso também, nos últimos meses ele apenas fechava os olhos e deixava que fizesse isso. Na última vez os dedos dele agarraram sua mão e a levou até a coxa, pedindo por isso.

Talvez fosse por causa da viagem, o clima, a decoração romântica, ou a falta dos afazeres domésticos que normalmente consumiam o tempo e as energias do músico, afinal estavam hospedados num resort com um excelente serviço de quarto.

O fato era que estavam numa daquelas raras fases de sincronia, totalmente propensos a intimidade. Haviam os beijos demorados no meio do dia, uma vez Samuel estava saindo do banho e uma apalpada aqui e um beijo ali e de repente estavam voltando para a cama as 10:20 da manhã, mais tarde nesse mesmo dia, levou o marido ao êxtase com carícias íntimas e nada inocentes deitados no chão de madeira.

Gostava de provocar ele, deixá-lo quente e afoito, ansioso por mais, ao ponto de pedir daquele jeito especial que só Samuel pedia, repetindo seu nome com aflição, só para ouvir o gemido satisfeito quando o penetrava.

Foi impulsionado por essa necessidade de provocar o marido que a polêmica jokstrap voltou a entrar em cena depois de ter sido esquecida junto com o kit Meu Doce Amor. No entanto, sua pequena travessura não saiu exatamente como planejado, mas mesmo assim, não tinha motivos para reclamar.

Tudo começou por causa da mudança brusca de clima. Estavam planejando ir jantar num restaurante flutuante conhecido na região, mas por volta as quatro horas da tarde, nuvens carregadas surgiram no horizonte e chegaram rapidamente ao continente.

O vento forte balançava os coqueiros e fazia barulho no telhado, a nuvens se amontoavam cada vez mais próximas, passando a sensação de estar anoitecendo mais cedo. Samuel fumava sentado no degrau da varanda, observado o tempo chuvoso se armar, os cabelos eram jogados para todos os lados, mas ele parecia alheio a isso.

- Pelo jeito o restaurante não vai abrir, o que tu quer fazer? - perguntou Toni, usando ajustando o foco da câmera do smartphone.

- Eu não sei, se você quiser jantar fora, podemos ir até o centro, mas honestamente - parou de falar, tragando uma vez antes de continua - eu não acho que seria muito bom... da última vez que peguei uma chuva dessas, peguei um resfriado.

- Ei parceiro - chamou.

Samuel virou, olhando por cima do ombro, o cigarro preso entre dois dedos. Sorriu minimamente quando viu que seria fotografado, não se importando muito.

Segredo de FamíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora