Capítulo sessenta e seis

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Aquela dor de cabeça estava levando toda sua paciência, mas sabia que não adiantava se irritar, a única coisa que tinha que fazer era tomar o remédio e esperar o efeito. Pelo menos o médico havia trocado o paracetamol, pelo dipirona com cafeína e isso já melhorava muito as coisas na sua opinião.

A água quente aliviou as dores no seu corpo machucado até ser imperceptível. Os hematomas haviam sumido quase totalmente, mas ainda conservava alguns resquícios das marcas. O mais incômodo ainda eram as dores, apesar de não serem tão fortes quanto antes, havia um ou outro movimento mais longo que podia lhe dar algumas pontadas onde antes foi golpeado. Pela manhã, ao acordar, era pior, por isso demorava um pouco no banho quente.

Quando saiu do banheiro acabou sorrindo ao  verificar o marido, ele ainda dormia profundamente depois da bebedeira da noite anterior. Foi engraçado, um pouco constrangedor e precisaria conversar sobre algumas coisas que ele falou movido pela embriaguez. Não tinha a intenção de brigar com ele por falar da ex-namorada ou coisa assim, mas estava tão excitado por ele e os desejos secretos que ele confessou que sentia como se tivesse perdido alguns pontos importantes.

Fez o café da manhã considerando a ressaca que o homem teria ao acordar, optou por torrada de pão integral, requeijão, suco de kiwi e hortelã e frutas cortadas em pedaços pequenos. Honestamente achava pouco, mas conhecia o marido o bastante para saber que não adiantaria fazer outras coisas. Por sua vez, comeu tapiocas com ovo e queijo e um copo de suco e estava pronto para as tarefas pela casa.

Samuel andou doente e a mobilidade limitada pelas dores na articulação doente, por isso não andava se ocupando da faxina mais pesada, embora Luz tenha mantido tudo em ordem a maior parte do tempo.

Passou o aspirador nos tapetes de pelúcia da casa, um pano úmido no piso, tirou o pó dos móveis e esfregou a varanda, mesmo com Cogumelo correndo por todo lado e roubando a mangueira vez ou outra. Estava tão ocupado com a limpeza que nem viu o tempo passar, quando voltou para dentro, já era quase uma hora da tarde, a limpeza do quintal teria que esperar para mais tarde.

O almoço foi simples e rápido, pois só fez um pouco de arroz e cortar algumas folhas para a salada, afinal, havia sobrado muita coisa do combo que pediu na noite anterior. Havia filé mignon, calabresa, frango frito e um pouco de molho picante, era o suficiente. Estava terminando de comer quando Samuel desceu do quarto. Estava tão arrepiado, usava a mesma roupa da noite anterior e havia recuperado a palidez habitual, a única diferença eram os olhos inchados de tanto dormir e a aparência de quem ainda esperava a alma voltar para o corpo.

— Bom dia — balbuciou, sentando à sua frente na mesa.

Toni sorriu, porque inevitável depois de todas as coisas que ouviu na noite anterior.

— Boa tarde, flor do dia. Dormiu bem?

Samuel suspirou e deixou a cabeça na mesa, apoiando nos braços dobrados.

— Acho que sim, não lembro de ter tido pesadelos ou insônia.

— Hum, tu ainda não disse que me ama hoje, sabia? — implicou, levantando e pegando as frutas picadas na geladeira.

— Quê?

— Eu te amo e tu? Não me ama mais porque tá sóbrio? — alfinetou, colocando a vasilha de vidro na frente dele com uma colher.

Samuel se endireitou e o olhou, estava confuso e sonolento.

— Quê?

Toni se inclinou, para ficar mais perto dele e repetiu.

— Tu ainda não disse que me ama hoje, achei que ia ser a primeira coisa que tu diria quando me visse.

As sobrancelhas dele arquearam e os olhos abriram, um pouco mais desperto, mas ainda perdido.

Segredo de FamíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora