XXXII

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1.164 palavras.

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Steve Rogers' POV

- Você perdeu a cabeça? - fecho a porta do quarto de James com um pouco de força.

- Eu não sabia que ela iria aparecer justo na hora que eu desci para pegar algo doce - coloco o pote de chocolates no criado-mudo.

- E que história é essa de namorado?

- Me lembre de procurar alguém para ser meu namorado de mentira - aponto meu dedo indicador para ele - Acho que Eric... na verdade, ele parece ser minha única opção.

- Vamos esquecer isso - Steve suspira antes de balançar uma sacola plástica.

- O que é isso?

- Acho que nenhum de nós quer um filho - ele dá um sorrisinho sacana logo após - Amanhã você toma.

    Os olhos azuis de Rogers me encaram com luxúria e em um piscar de olhos eu havia sido jogado no colchão e ele estava sobre mim, passeando as mãos por meu corpo ainda um pouco dolorido.

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#Quebra de tempo#

Steve Rogers' POV

- Bucky - distribuo beijos desde as costas até a nuca de meu filho - Acorda, amor.

- Você não acha que está pedindo demais? - ele resmunga - Eu não consigo nem ficar sentado - com os olhos quase fechados ele se vira para me encarar, eu estava fazendo o máximo que podia para deixá-lo feliz por isso dou um sorriso.

- Steve poderia entender que eu estou dolorido - Bucky choraminga.

- Desculpa, baby - faço um biquinho fofo - Felizmente, ainda restam alguns dias para seu cio acabar.

- Você está se desculpando de que?

- Você disse que está dolorido - olho para ele confuso já que foi o mesmo que falou isso.

- Eu não falei nada, Steve - ele nega com a cabeça.

- Falou, sim - falo com toda a convicção que tenho.

- Será que eu estou ficando maluco?

- Acho que sim - James comenta.

    Ele me encarava com as sobrancelhas erguidas, como se estivesse esperando uma pergunta ser feita por mim.

- Ah, agora você concorda comigo - dou um sorrisinho de vitória.

- Sobre você estar ficando maluco? Sim.

- Do que você está falando?

- Você tinha perguntado se estava ficando maluco.

- Não, eu não perguntei.

- Rogers eu não sou um doido varrido para ficar ouvindo vozes, tirando o fato de que só nos dois estamos nesse quarto.

- Você acabou de afirmar que choramigou por estar dolorido e eu perguntei se estava maluco.

- Espera - ele parou para analisar a situação - Eu pensei em te dizer que estou dolorido.

- Mas eu não sou telepata e eu juro por tudo de mais sagrado que eu ouvi você choramingando.

- Steve, nós nos marcamos.

    Um sentimento de medo começou a correr por meu corpo, mas não pertencia a mim, e sim ao meu garoto. Como nós não pensamos que a marca havia feito isso?

- Calma, você não é o único assustado com isso - deslizo meu dedo pela bochecha dele com carinho.

- Onde vai ficar a minha privacidade!?

    E como água virando vinho o medo se transformou em raiva e indignação.

- A minha também.

- Isso é inadmissível! Não, não, não...

    Como eu posso ajudar ele? Não há como retirar uma marca, como poderei dizer que estaremos unidos até o final das nossa vidas sem parecer assustador?

- Saía da minha cabeça, Rogers! - sou pego de surpresa por um rosnado alto de James.

    Afasto-me dele um pouco assustado com a hipótese de deixá-lo chateado - por não ter conseguido controlar o desejo do meu lobo de marcá-lo - e apavorado - com os meus pensamentos desesperados a procura de uma maneira de acalmar ele. Observo ele balançar para frente e para trás o corpo, ele tinha a cabeça contra os joelhos e as mãos indecisas sobre ou apertar e puxar os fios, que precisavam ser aparados, ou apertar a cabeça.

- Babyboy, não faça isso, por favor - tento tirar as mãos dele do próprio corpo para que eu pudesse envolver ele em meus braços. Isso está sendo tornando desesperador para mim - Eu estou aqui - profiro quando finalmente o consigo manter em meu colo.

- Esse é o problema, imbecil! Você está em todo lugar! - sou empurrado para longe dele enquanto gritos preenchem o cômodo.

    A mente de Bucky se encontrava em puro caos, isso me afeta terrivelmente, já sentia que teria dor de cabeça por pelo menos um dia. Os gritos internos dele davam arrepios em qualquer um, era como se ele estivesse tentando fazer uma estrutura desabar, para ele esse é o único jeito de fazer todos os pensamentos que gritavam dizendo que ele está aprisionado serem destruídos.

- Já chega!

    Eu não aguentava mais ouvir diversos James gritando de uma só vez. Eu só não estava pior que ele, pois só lágrimas escapavam de meus olhos, já ele estava destruído: seus dois olhos eram como cachoeiras, a respiração estava totalmente descontrolada, o corpo tremia por completo, mas isso não era o pior, o que me surpreendeu foi o sangue que expelia das listras feitas nos braços pelas unhas dele.

- Saía daqui imediatamente - eu não sabia como reagir aquilo - Você é surdo, Rogers? Saía já daqui!

- Não. Não sem você.

- Eu não vou a lugar algum, Steve - agora ele já conseguia respirar melhor - Por que ainda está aqui?

- Temos duas opções: ou eu faço com todo o meu desastre seus curativos ou vamos ao hospital, qual prefere?

    Eu não posso deixar ele nesse estado. Por mais que não sejam cortes profundos eu prefiro ir ao hospital já que não sei quase nada sobre curativos.

- Não há necessidade de irmos ao hospital por uma besteira dessa - ele levanta minimamente os braços - Eu já estou acostumado a fazer curativos - a última frase saiu como uma sussurro, mas mesmo que eu não pudesse ouvir eu sabia o que havia sido dito por causa da ligação entre nossas mentes.

- Por que nunca me contou sobre isso?

- Porque ninguém precisava saber que eu sou fraco a ponto de tentar aliviar a dor psicológica por cortes.

    Nego com a cabeça e mordo os lábios como forma de tentar impedir que mais lágrimas escorregassem.

- Você não queria a resposta? Então, por que está chorando? Nem todos são iguais a você, nunca foi rejeitado pelos seus avós, pais ou crianças da escola. O pior não é está preso na última sela de um presídio de segurança máxima, onde ninguém te escuta, onde ninguém vai lá, porque ninguém se importa com você, porque todos que quiserem chegar até você terão que passar por todos os corredores barulhentos e imundos. O pior é estar em uma sela que fica no corredor mais movimentado do presídio, onde todos escutam seus gritos, mas se fazem de surdos. Será que você não me entende, Steve?!

    James cospe aquelas palavras tão amargurado que chega a me machucar, e infelizmente, sentir pena dele, um dos piores sentimentos que existe. Ele estava em pé pronto para se deslocar até o banheiro. Seus braços estavam sendo impreensados contra uma blusa - que provavelmente estava jogada pela cama - para que o sangue não sujasse mais nada além daquele tecido.

- Por favor, me ensina a fazer curativos, eu quero poder te ajudar - eu não tinha mais nada a dizer, só podia pedir isso.

Babyboy | StuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora