Julho de 1945, Pensilvânia.
Os EUA estavam em clima de festa e comemorações, a Alemanha nazista havia sido derrotada e os líderes mundiais dos países vencedores decidiam o destino daquela que fora derrotada. Os norte-americanos, embora felizes com a derrota da Alemanha, ainda se preocupavam com os conflitos no pacífico com o Japão, era a manchete dos jornais e rádios nos Estados Unidos.
Era nesse cenário pós guerra que o menino James se encontrava de castigo nos fundos de sua casa. Ele não estava em nessa situação por vontade própria, seu pai tinha o feito ajoelhar no milho que geralmente era destinado à alimentação das galinhas, mas ocasionalmente o pai usava para castigar o filho de sete anos de idade.
Como ele foi parar ali? O garoto apenas tentou defender sua mãe dos gritos do pai, eles estavam tendo mais uma de suas brigas. Dessa vez não era por ciúmes ou choque de suas personalidades distintas, mas por que a guerra tinha terminado e Garrett Lancaster nunca havia sido convocado para defender seu país dos alemães, e esse era a origem das suas principais a frustações.
Os joelhos do pequeno James doíam enquanto ele tentava acalmar os nervos e pensar em outra coisa além dos gritos que vinham de dentro da casa, quando sua mente achou um escape, o menino não hesitou em levantar devagar — para não fazer barulho e não chamar atenção do pai —, bisbilhotar na direção da casa para saber que seu pai não estava de olho nele, e nas pontas dos pés ele se distanciou da casa, quando estava nos fundos do quintal ele correu em direção a floresta que dava direto em seu porto seguro.
Longe dos conflitos – até mesmo da realidade – estava a criança de pele retinta, Betty, balançando-se no pneu que seu pai havia amarrado com cordas na maior e mais alta árvore que tinha no quintal de sua casa na frente do riacho, que era bela e convidativa para um mergulho em pleno Julho, época de verão. O que se passa na mente de uma criança de sete anos em pleno cenário de conflito mundial? Bom, não era de se surpreender que fosse contos de fadas e maneiras criativa de fugir da rotina entediante das obrigações da escola. Embora viesse de uma família rica e reservada, Betty tinha uma mente sonhadora, explorava mais do que os puros campos verdes que sua mãe podia comprar ou as grandes fábricas que seu pai gerenciava, sabendo ver as coisas simples e despretensiosas.
– Ei! – Chamava Betty a voz de uma das outras simplicidades que Betty adorava apreciar, seu amigo James.
– James! – Ela o chama virando-se do balanço – O que faz aqui? Seus pais deixaram você vir?
– Não, mas é sempre mais legal assim – Betty solta um riso deixando o garoto corado. Ela amava sentir o espírito de teimosia e rebeldia do garoto, assim como ele amava ver o sorriso de Betty, era a vista mais doce do seu dia.
Para mudar de assunto e esconder sua timidez, James avança para mais perto do balanço e encara o riacho a frente deles.
– Eu duvido você pular daqui lá!
– Continue duvidando – Betty diz fazendo cara de deboche – Está calor demais.
– Eu sei e é por isso que... – James tira a sua camisa desajeitada junto da calça e os sapatos com as solas já gastas – Eu vou pular!
– Eu duvido! – Betty diz cruzando os braços e saindo do balanço – Eu pulo se você pular.
– Então, se prepare madame! – Ele fala correndo em direção ao riacho e dando um salto segurando seus joelhos de frente, fazendo voar água nas tranças de Betty.
Logo, soltando-as e tirando seu vestido de verão junto das sapatilhas a menina aperta a grama com os dedos dos pés sentindo medo do pulo, não era alto, mas seus pais eram tão protetores que não deixariam aquela cena passar sem toda uma bronca de como quebrar um braço ou uma perna. Mas sua mãe cuidava do almoço na cozinha da casa a metros de distância e seu pai estava afundado nas administrações de fábricas.
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folklore
RomanceUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...