you're a flashback in a film reel on the one screen in my town

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– Você acredita que existem certas portas que nossas mentes fecham para nos proteger? – Ela pergunta para James.

– Sim, absolutamente – Ele responde.

– Se fechamos essas portas é por alguma razão, só se deve ter cuidado para não acabar se trancando em jaulas mentais. – Ela analisa.

– Você acha que minhas jaulas são mentais? – Ele pergunta, mas mais em um tom de revelação, como se ele tivesse acabado de chegar nessa conclusão.

– Essa é uma pergunta pra você mesmo responder, não eu. Você pode decidir quebrar as correntes, mas não há como voltar atrás. Às vezes precisamos nos ajustar com nossas novas realidades, caso o contrário, pode ser perigoso. – Ela analisa novamente, mas há um diabinho dentro dela falando que ela está falando dela mesma.

– Meu medo é que eu já tenha começado este processo com as correntes, mas têm sido especialmente difíceis me ajustar – ele admite.

– Você pode sempre tentar...

– Eu tornei apenas um fantasma daquilo que eu costumava ser... lembra de quando tudo era mais fácil quando a gente era jovem e vivia aventura atrás de aventura, sem se preocupar com as consequências? – James fala secando as lágrimas das bochechas.

Com essa pergunta, ao mesmo tempo em que a medica sente vontade de quebrar o protocolo e abraçá-lo, como se tivesse 16 anos de novo, maior é o sentimento de sair correndo daquele lugar, já prevendo o rumo que essa conversa pode tomar se ela não tomar as rédeas de sua própria emoção.

– Você ficou muito bom nessa coisa de emoções, James, mas você não precisa forçar comigo. – Ela afirma como a profissional que sempre foi e não vai deixar escapar.

– Porque você é minha psicóloga agora?

– Já falamos sobre isso. Se eu te aceitei aqui é por estar interessada no estudo da mente humana. Como uma psicóloga que teve o benefício de anos de educação, eu simplesmente prefiro analisá-lo em vez de buscar qualquer interação fora do campo profissional.

– Do que você está tentando se defender? – James pergunta, mas com a vontade de abrir o cérebro dela com os próprios dentes para buscar com tais respostas.

A médica percebe que na tentativa de evitar justamente isso, eles já não estão mais conversando de psicóloga para paciente, apenas um homem e uma mulher com assuntos mal resolvidos entre si. Ela o corta.

– Se eu tiver que ser honesta, então essa será nossa primeira e última sessão – ela o ameaça. Os lábios de James se comprimem em uma linha reta, então ele balança a cabeça em sinal de positivo, como quem entendeu meu recado. Mas ele inclina o corpo para frente na cadeira, e olha sua velha conhecida bem nos olhos.

– Não queria te ofender, mil perdões. Por um momento eu pensei que...

– Que a escolha de ter vindo aqui nessa clinica, de eu ter entrado por aquela porta e ter decidido continuar com isso, foi uma decisão que beneficiaria você em campos além do mental? – as palavras dela cortam o ar de tanta tensão.

– Não existe tal coisa, sou casado, eu te falei. Eu não sou mais aquele garoto irresponsável que costumava ser naquele verão. Mas as vezes eu queria ser, só acho que você deveria para de me fazer perguntas de um psicólogo e obter as respostas certas.

– Seu corpo sente falta de adrenalina, de dopamina. Mas você está delirando se acredita que eu possa estar aqui na sua frente com algum propósito além do profissional, para você aquela era minha versão médica mas essa é minha versão real, eu sugiro que aceite isso pois é assim que nossas sessões vão ser se elas forem continuar. – Ela diz e James sorri pra ela, mas é um sorriso sem vitória, daqueles que a única evidência que existiu é o ar que sai pelo nariz e uma pequena curvatura nos cantos dos lábios.

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