E foi assim com o tempo, crescendo e ficando mais velhos, os jovens começaram a ter suas próprias conversas e piadas internas, seus segredos e promessas, não se desgrudando por nada, nem pelos colegas de Betty da alta classe social que encaravam James como um pobre sem ter o que oferecer a ela.
Mas não era só Betty que vivia entre dois mundos, James também vivia.
Após a briga definitiva, Daisy e Garrett decidiram seguir caminhos separados, mas ao pegar suas malas e se mudar para Los Angeles, ele fez questão de deixar claro que nunca iria abrir mão de ter a presença de seus dois filhos em sua vida.
James e Patrick ficaram com a mãe na Pensilvânia e tiveram a chance de crescer em um lar mais pacífico. Patrick foi o primeiro a sair de casa e estudar longe quando James completava 16 anos. Tudo estava mudando tão rapidamente na vida dele, mas ele não parecia sequer perceber.
James odiava tudo sobre os verões quais James tinha que visitar o homem que gritava e batia nele quando criança, desde a música horrível que tocava no táxi no primeiro dia até o último dia entediante onde ele ansiava por voltar logo para seu estado natal. Era tudo por causa dela.
Em uma certa ocasião, que não poderia ser chamada de primeiro encontro, foi quando tudo mudou, os dois adolescentes passaram a parte da noite em um drive-in perto do centro da cidade. No caminho de volta para casa, dentro de sua caminhonete James pensou em como não tinha beijado Betty antes de deixa-la em casa, mas que definidamente deveria. Por isso que no fim de julho de 1954, exatamente nove anos depois do dia em que Betty e ele se conheceram, ele pediu a jovem em namoro.
– James eu... Agora entendi por que você trabalhava tanto e economizava horrores – Betty diz rindo de vergonha da cena do jovem de cabelos bagunçados, a barba que mal tinha pelos suficientes para ser chamada assim estava feita e usando seu melhor terno. Ele se encontrava de joelhos e com um anel que havia custado um preço que nem mesmo o pai de Betty ousaria comprar.
– Eu juntei para isso desde que comecei a trabalhar, não saiu da minha cabeça desde que entrei naquela loja de iogurte – Ele cora de vergonha – Assim como você não sai da minha mente desde que a gente planejou morar juntos.
Depois de Betty dar seu animado "sim" os jovens tem um entusiasmado e surpreendente primeiro beijo. James sentiu os lábios de Betty pela primeira vez e a única comparação que passava pela sua mente era o paraíso dos anjos o rodeando para uma entrada só de ida para o céu, ele sentia certo poder agora. Sentia que agora o espaço que lhe era refúgio e salvação se tornou oficialmente seu, ele sentia segurança.
Já para Betty o beijo que tinha recebido era como um desconhecido e incerto futuro, seja sobre seus compromissos com a fortuna de sua família ou sobre a rotina de menina certinha. Ela não sabia, mas tudo aquilo tinha sido trocado por uma liberdade adolescente que nenhuma das fortunas desse mundo não podiam pagar.
Na despedida, James comemora que voltou para a Pensilvânia neste fim de julho para poder pedir Betty em namoro, passando horas de viagem ansioso para poder passar uma tarde com aquela que ele sabia que diria "aceito". Mesmo sendo já tarde e James tendo de voltar para casa, era difícil separar as mãos de ambos, mesmo eles querendo, parecia ter uma corda invisível os amarrando.
– Os verões não tem sido a mesma coisa sem você – Betty fala soltando um suspiro enquanto segurava a mão do namorado – Inez tem vindo me visitar todos os dias junto de William, mas para mim não é a mesma coisa.
– Seus amigos mauricinhos não te deixam feliz o suficiente? – James fala brincando e faz Betty revirar os olhos sorrindo – Pense que eu saio aqui no verão, mas sempre estarei aqui no Inverno, Outono e Primavera. Não demoro muito.
– Um verão sem você é um apocalipse – Betty fala ficando de frente para o namorado e o fitando nos olhos – As praias de Los Angeles são o que dizem?
– Trocaria todas elas por uma tarde com você naqueles riachos – James fala dando um selinho em Betty – Gostou das cartas que eu te escrevia nos fins de semana?
– Até as cartas chegarem eu tive medo de perder seu rosto de vista – Betty acaricia as bochechas do jovem, quentes, como a palma de sua mão – Embora que eu esqueça, saiba que eu tenho amor demais por você.
– Me imagine nas árvores – James aponta para o quintal da enorme casa de Betty – Elas devem conhecer nossa história mais do que nós mesmos.
– Então me imagine nos matos no canteiro da estrada – Betty fala abraçando James – Eles sempre vão estar te acompanhando na ida e na volta pra cá... assim como eu.
E depois de um longo beijo, os jovens finalmente saem da casa e vão até a saída da casa de Betty. Antes de sol se pôr, ele dá seu último beijo em Betty, pondo a mão debaixo do suéter da menina e a puxando para mais perto, ele se empolga, dando uma leve mordida no lábio inferior dela.
– Me desculp--
Ele é interrompido pelo dedo indicador de Betty na frente de sua boca pedindo por silêncio. Por mais atrapalhada que tenha sido tal marca de sangue, esta acompanhou Betty no caminho até seu quarto, fazendo a garota se sentir mais segura do que se estivesse com seus lábios intactos e James sentiu-se certamente tímido por ter deixado em Betty sua marca, a primeira de muitas.
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folklore
RomanceUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...