something wrapped all of my past mistakes in barbed wire

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De volta à sua casa, Betty ouve o telefone tocando logo dez minutos após sua chegada, correndo para atendê-lo:

– Alô?

– Clínica de Psicologia e Terapia de New York, gostaríamos de falar com o paciente Jam--

– Sim, eu estou aqui falando por ele, sou sua esposa – Betty responde imediatamente.

– Oh, é a senhora Lancaster?

– Sim, sim, como estão as consultas de James? Ele precisa de algo?

– Na verdade a senhora poderia vir aqui no lugar dele, se ele estiver impossibilitado – A recepcionista do outro lado da linha fala – Preparamos a papelada para recuperação dos pagamentos adiantados que a senhora fez nas consultas.

– Espere, como assim?

Ah, perdão pelo atraso, é que a senhora adiantou muitas consultas em pagamento e nós não tivemos muito preparo para o reembolso, mas conseguimos oficializar a retirada do paciente do nosso cronograma quase de imediato.

– Do que está falando? As consultas de James foram canceladas? Desde quando? – Entendendo a situação, ou parte dela, a recepcionista fica uns segundos em silêncio, até falar:

Senhora, acho melhor a senhora vir aqui na clínica...

Betty não responde, sua ansiedade em largar o telefone e correr para pegar o seu casaco e as chaves de casa falam mais rápido. Ela se apressa em dirigir até a clínica, chegando à passar um sinal vermelho e quase ter acelerado a velocidade. Seu estômago estava embrulhado, ela sabia que havia a grande possibilidade de que veria ou ouviria o que não queria naquele ambiente, mas que ela definitivamente precisava. Chegando na clínica, Betty caminha de forma apressada até o balcão da recepcionista:

– Boa tarde, sou a Rebekah Lancaster, esposa do paciente James Lancaster – Ela diz para a recepcionista que puxa uma prancheta com papéis de registro das consultas de James:

– Senhora, seu marido interrompeu as sessões fazem mais de dois meses veja.

– James está louco, meu deus, quem o autorizou a fazer isso?

– A própria psicóloga disse que não estava apta a atendê-lo e pediu a transferência imediata dele. – A recepcionista apontando para o nome no papel que fez Betty ter um flashback da noite passada onde ela lia as cartas antigas de James. O mesmo nome. As mesmas letras que deixaram a mulher mais insana em segundos do que em todos esses meses – Senhora? Você está bem?

– Preciso ver ela – Betty fala baixinho – Preciso ver a psicóloga dele, onde fica a sala dela?

– A sala 13, mas senhora Rebekah, precisa agendar antes! – A recepcionista alerta, mas é ignorada pela atitude de Betty ao adentrar o grande corredor branco da clínica com portas cinza e placas que marcavam seus números. Ela adianta seu passo conforme passava as salas e a recepcionista corria atrás dela gritando "senhora, por favor, espere!", mas sua mente apenas pensava nos números "11... 12... Sala 13" ela finalmente acha.

Betty abre a porta rápido, tendo a visão da psicóloga de James de frente para a estante enquanto organiza alguns livros. Ao ouvir a porta abrir de forma rápida e abrupta, a jovem se vira para trás e estranha a cena, diferente de Betty, que sente como se um ladrão tivesse roubado seu coração de forma selvagem. Era a mesma mulher da pintura no ateliê de James, entretanto o cabelo...

– Senhora Rebekah, não pode entrar assim na sala da doutora! – a recepcionista diz ofegante chegando finalmente em Betty, tarde, mas tempo suficiente de ter conseguido deixar claro para a psicóloga quem era aquela moça parada na frente de sua porta com o mesmo olhar que um dia ela lançou para James.

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