A terceira semana de setembro veio com as grandes organizações na casa de Betty, com diversas decorações sendo planejadas entre a jovem e seus pais. Flores violetas ou amarelas? Bolo em formato redondo ou de coração? Enquanto carregava uma cesta de flores decorativas, a mãe de Betty chama a atenção do esposo, que estava sentado na mesa da cozinha simplesmente lendo seu jornal matinal de sempre.
– Querido, você lembrou-se de agendar o cozinheiro para essa quinzena do mês, certo? – Ele arregalou os olhos num sinal de quem certamente havia esquecido – Não acredito! Você sabe que é horrível de contratar um bom cozinheiro de última hora, querido!
– Me desculpa querida – Ele fala fechando o jornal e correndo para o telefone, fazendo Betty soltar uma risada ligeira, ela ajudava fazendo tarefas como lavar e secar a louça, mesmo não sendo necessário por causa da sua diarista, Betty gostava de ajudar e de estar próxima dos pais desde que teve seu "termino". Ela precisava ainda sentir que havia amor a cercando, e ninguém melhor para isso se não seus pais.
– Ok, mas você pelo menos chamou a banda do seu primo para não atrapalhar a agenda deles, não é? – O senhor solta um "ops" da cozinha, sua esposa deixa a cesta de flores na estante e corre para o outro telefone da casa para ligar logo para a banda, este ficando do lado de Betty, que ria da atrapalhação do seu pai – Acha engraçado é, mocinha? Quer ficar sem música na sua festa de aniversário?
– Não é isso – Betty fala dando um sorriso de lado – Vocês dois tem uma conexão, essa linguagem de vocês é divertida. Só do papai fazer alguma cara de susto ou soltar um "ops" a senhora já entende tudo.
– Ah, filha – A senhora suspira rindo de Betty imitando as expressões do seu pai – Um casal demora muito tempo para construir essas "linguagens" deles. Mas é uma forma de manter a gente unido, ele entendendo quando eu quero arrumar alguma coisa logo e eu entendendo que ele ainda não arrumou.
– Isso é fofo – Betty diz e sorri de lado enquanto sua mãe fala no telefone com o primo do pai de Betty sobre os assuntos da banda, a jovem olha na direção da janela na frente da pia cuja louça ela lavava e pensava sobre as linguagens do amor e se ela deixou de ter elas em algum momento, partindo pra uma expressão reflexiva que chamou a atenção de sua mãe assim que a mesma desligou o telefone.
– Algum problema, meu amor? – Ela pergunta arrumando uma mecha de cabelo de Betty e percebendo o olhar de desesperança de Betty.
– Mãe, será se eu... eu ainda vou conseguir entender essas linguagens? – Ela pergunta mordendo o lábio inferior e tentando procurar por alguma pista que James tenha a dado de algo que ela fez de errado – Ou eu simplesmente não irei entender?
– É sobre o James, não é? – Betty afirma positivamente com a cabeça e sua mãe acaricia o ombro da filha, que já mostrava segurar uma lágrima – Olha, ele não pode ser o mais comunicativo possível ou um cara de muitas promessas a se fazer com poucas para cumprir. Mas eu só sei que você deve seguir seu coração e o que ele diz a você sobre James. Não os seus amigos de escola, não os seus medos, mas sim o seu amor por ele, seja como amor de amigos ou não, independente de tudo.
E depositando um beijo na bochecha de sua filha, a senhora se afasta. Mal percebe Betty que, na visão de sua janela, passava o jovem que quebrou e deixou seu coração mais confuso que um quebra cabeça. James cruzava a rua de Betty todo dia, fazendo as memórias de quando ambos dentro daquela enorme casa sonhavam em serem piratas e fugirem juntos, diferente de agora, que fugiam um do outro, seja Betty daquele quem a traiu e James da responsabilidade de chamar a jovem.
Quando o pôr do sol toma conta da Pensilvânia e as sombras das árvores e suas folhas de outono que caiam sob o solo dominavam a visão de todos em qualquer rua da cidade, James sabia que era seu horário de ir para casa e sair das ruas que andava. Chegando na sua residência, a caixa do correio com a seta para cima simbolizava nova correspondência, que James já sabendo de quem era e reconhecendo que era melhor este a abri-la do que deixar que sua mãe ou outra abra, toma o papel suas mãos e começa a ler:
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folklore
RomanceUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...