running like water

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Chegou a hora dos depoimentos do casal, como num julgamento onde as testemunhas são interrogadas pelos advogados de defesa e ataque. James é o primeiro a falar, este em defesa de garantir metade ou mais dos bens que tivera em seu casamento com Betty.

– Nome, por favor – O juiz solicita, mas recebe um olhar confuso do rapaz, afinal seu nome pulou de um lado para o outro naquele tribunal como uma bola de ping– pong, mas o advogado dele, que se encontrava em pé, responde a dúvida do rapaz

– Apenas para registros.

– Certo... – James diz se arrumando na cadeira onde costumam sentar as testemunhas – Meu nome é James Lancaster.

– Senhor Lancaster, pode dizer quando se casou com a senhora Rebekah?

– Certo... Foi em julho de 1958. Estávamos planejando isso desde os 17 anos, mas esperamos mais para termos certeza de fazer uma relação mais responsável.

– E o senhor saiu da Pensilvânia para qual cidade primeiro? Pois sabemos que houveram mais de uma cidade que ela o levou após seu casamento.

– Am... Sim, nós moramos em Montana por alguns meses, nossos amigos estavam em uma reunião de negócios, logo fomos a um cassino local e nos hospedamos lá.

– Foram pelo compromisso com os amigos dela exclusivamente pela reunião deles? Era uma viagem de negócios?

– Não sei dizer... Quero dizer, no início era sim, viajei com ela a primeira vez e foi demais, estivemos conectados com pessoas diferentes e cidades diferentes... Foi algo legal no começo

– E no final?

– Bom, nós nos mudamos para Chicago e...

– Está dizendo que, quando o senhor começou a se acomodar com o ambiente e criar laços com uma cidade, a senhora Rebekah o tirou de lá forçadamente e logo mudou os planos para viagem?

– Eu não sei, eu... – James fica em silêncio por alguns segundos. Buscando respostas ao olhar para Betty, ele percebe que ela não era mais a mesma menininha de sete anos que o salvaria daquela situação. Ela iria o refutar com o que fosse preciso.

O mesmo olhar de uma mulher adulta e minuciosa que ela o lançou poucas horas atrás na entrada do tribunal, ela lançara agra e o fitava esperando pela resposta de James para saber o próximo argumento para usar contra ele.

– Protesto meritíssimo! – O advogado de Betty levanta.

– Protesta pelo que? Por sua cliente ter feito o meu viajar em cada Estado deste país na tentativa de evitar fazê-lo ter um laço de afeto e família?

– Ordem! Ordem! – O juiz fala tentando manter o foco da situação.

– Ainda tenho que responder? – James indaga e seu advogado balança a cabeça positivamente – Betty e eu viajamos muito, sim. Mas ela não me forçava a ir para os lugares... Apenas íamos, eu nunca neguei nem me recusei e fui de forma forçada.

– Quando se mudaram de forma definitiva e permanente para New York, quem teve a ideia de tal mudança?

– Eu, claro, por causa dos meus investimentos na High Line – James fala – Betty me apoiou e decidimos morar lá desde então. E então nos mudamos na mesma cidade, não tão distante da antiga casa.

– Está me dizendo, senhor Lancaster, que a primeira vez que tiveram a oportunidade de se casarem e viverem felizes em uma região de forma permanente e estável, a decisão foi sua. Não foi?

– Bom... Ao que parece sim – James responde de forma sincera, mas que provoca um arregalar de olhos em Betty. Era como se ele confirmasse que a arma estivesse com ela e isso não era legal – Quero dizer, ela nunca quis ficar em nenhuma cidade que não tivesse alguns dos amigos e festas por perto.

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