their parties were tasteful, if a little loud

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Rebekah. Essa era, de certa forma, sua nova identidade para o mundo. Não porque ela reconheceu o nome "Rebekah" como uma cicatriz que a marcou depois de horas no tribunal ouvindo o nome antecedido de "senhora". "A senhora Rebekah fez isso...", "A senhora Rebekah fez aquilo...", eram das piores verdades até as mais lindas mentiras. Mas ela sabia como filtrar todas e adotar uma atitude que, atualmente, pode-se dizer como "tacar o foda-se".

Essa atitude se engrossou após o seu casamento humilde e congratulado com Bill Harkness. Então agora sua identidade fora outra, passando de Betty para Rebekah e de apenas Rebekah para Rebekah Harkness. Outro nome, outra casa, mas a mesma essência de uma mulher que dava o que falar onde quer que fosse com que amizades que estivesse, desde seus amigos de infância como Inez e William que acompanhavam ela e Bill em festas e comemorações na Holiday House, nome este que ela e o marido deram à sua nova casa em Rhode Island, até mesmo à suas amizades com pessoas famosas e de alto escalão como Salvador Dalí, que tinha um ótimo jogo de cartas nos cassinos e tomava diversas notas de cem dólares da socialite.

Embora as aventuras de Rebekah sempre fossem excitantes e libertinas, seu marido passou a ser alguém que a transmitia o conforto e a auto segurança para isso, não fazendo-a depender de sua presença, mas também não a entristecendo ou fazendo-a se sentir menor dentro da relação. Bill era um homem de fortes rebeldias como ela. Sendo o primeiro herdeiro da antes citada Standard Oil Company, ele tinha grande poder monetário para sustentar as suas ostentações junto de Rebekah, mas também tinha pedras em seu sapato que o incomodavam.

Exemplo disso, foi quando se deitaram para dormir, finalmente, depois de horas comemorando e soltando champanhe no chão da sala.

– Querida... Está dormindo?

– Ainda não – Ela responde soltando um riso – Mas estou absolutamente tonta.

– Quis dizer absurdamente, não? – Ele a corrige soltando um riso.

– Por que eu fui te ensinar a corrigir os outros gramaticalmente? – Ela diz rindo junto. Eles não estavam dando as risadas altas como quando deram na festa que tiveram naquela noite, mas sim risadas suaves e leves com a mistura de um cansaço forte do uísque que os pegou com força até os pôr naquela cama com seus corpos virados para cima imóveis e encarando o brilho da lua no alto teto do quarto de casal. Depois dos leves risos e o silêncio brando que dominou o ambiente, Bill continua:

– Precisamos ir a New York amanhã... É uma situação urgente.

– Você sente falta do vinho da Margaret? – Ela diz soltando outra risada suave, mas Bill nem sequer faz isso. Ao contrário, vira-se para fita-la sério e isso a fez virar seu rosto para o marido também – O que houve?

– Meu irmão ligou mais cedo... antes da festa – Ele fala com a voz pesada – Houve uma escota policial no bar e levaram vários de lá.

– Meu Deus, Bill... – Ela fala assustada com a possível cena que teria sido – Mas ele está bem, não é? Ligou para você.

– Sim, de um orelhão da rua – Bill suspira para voltar a falar – Meus pais tiveram de tirá-lo da delegacia... E você sabe o que eles pensam de pessoas que não são... Bem, eles viram a maquiagem mais do que as marcas de cassetete da polícia e imediatamente falaram que a fiança seria o último dinheiro que dariam a ele.

Rebekah suspira e põe a mão na boca com medo do que poderia acontecer agora com o irmão de seu marido. Não por ser seu cunhado, mas também por que ela sabia o que era ter pais de teor mais conservador e ríspido. Imaginou como teria sido se seu pai tivesse a privado do trabalho e herança da empresa apenas por ela ter se divorciado ou por ter apoiado manifestações sociais nas ruas de New York, o que era de certa forma algo clandestino. Nem todas as famílias eram perfeitas, mas algumas eram mais torturantes que pudessem imaginar.

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