when you are young, they assume you know nothing

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Embora estivesse em seu apogeu da abertura para divórcios, os Estados Unidos da América ainda exigiam mais para o processo dar prosseguimento. Com as catástrofes vindas da Segunda Guerra Mundial e da Crise de 29, com diversas famílias se separando por questões de perda de parentes ou dívidas surgindo que comprometiam casas ou ausência maior por conta de trabalho, os governos tomavam medidas cada vez mais "interruptoras" para tal processo, visto que a desunião também afetava economicamente o sistema.

Betty estava se recordando de quando fazia seus estudos sobre isso ainda quando descobriu pela amante do esposo que ele havia a traído no início do ano de 67. Agora, já em maio, ela não fazia diferente.

A preocupação atual com o divórcio origina-se de dois tipos diferentes de considerações. Por um lado, a prevalência do divórcio parece refletir um "colapso" do casamento. Os tradicionalistas exigem, em face dessa condição, um endurecimento das leis do divórcio; os reformadores, uma abordagem mais "madura" do casamento. Por outro lado, um segundo grupo de reformadores está alarmado não com o colapso do casamento, mas com a hipocrisia em torno do divórcio. Eles tornariam o casamento um assunto totalmente privado, rescindível, na verdade, por consentimento mútuo - uma mudança que pode ou não acelerar o "declínio da família", mas que, eles argumentam, estaria mais de acordo com nossas pretensões à humanidade do que as leis atuais.

O parágrafo acima era um artigo recente que ela lia de Christopher Lasch lançado no ano anterior em novembro de 1966, não pego de uma biblioteca de New York, mas sim de Scranton, pois ela ainda estava na casa de sua amiga Inez em seu refúgio dos problemas que ainda assombravam a sua antiga casa em Nova York.

Sentada contra a janela e usando a pouca iluminação do sol para poder terminar de ler, Betty se recorda de como o processo para o divórcio seria complicado para ela já que o advogado alertou que grande parte de sua fortuna estava em jogo. Não só sua própria herança, mas tudo que conquistou ainda casada com James e mesmo que tivesse uma foto comprovando a traição do marido, uma gravação de sua amante e todas as cartas possíveis com a assinatura da loira, Betty ainda era uma mulher negra na América dos homens brancos, ela corria o risco de perder mais de metade de seu dinheiro para James só pelo fato de um dia ter confiado nele. Ela tinha que fazer aquilo direito.

– Que livro é esse? – Uma voz masculina a chama da porta e ela vê, William chegava do mercado com algumas compras para a casa e Betty apressa em ir ajudar ele com as sacolas, saindo do conforto daquela janela com céu de primavera.

– Não é um livro, é mais um artigo – Betty o corrige pegando a terceira sacola e levando até a cozinha. Ela continua a explicar para o amigo enquanto ele arrumava as compras na cozinha – É como uma crítica aberta ao processo do divórcio. Fala sobre como ele ser algo que necessita de culpa ou condenação só o faz ser mais um desafio para a sobrevivência das mulheres.

– Meu Deus, você realmente se engaja nesses assuntos – Ele solta uma risada sem entender uma palavra complexa que Betty tinha dito, mas compreendendo o rumo que ela queria dar com a explicação.

– Eu preciso! – Betty diz bufando e encosta a cabeça na parede – Meu advogado falou que provavelmente eu e James vamos ter de depor... Isso não é justo, ele provavelmente está usando horrores da nossa conta conjunta no banco pra pagar algum advogado caríssimo e...

– Ei, ei calma – William fala pondo as mãos nos ombros de Betty em sinal de "Seu amigo está aqui, não se desespere".

– Eu estou tentando de tudo pra conseguir ganhar isso... – Betty fala deixando uma lágrima cair, mas ele a abraça para não ver a amiga chorando – Não aguento mais me sentir tão triste pensando que poderia ter feito mais nesse casamento, não quero que seja o mesmo no divórcio... É meu nome que está em jogo.

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