were there clues i didn't see?

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Seu sonho foi de um paraíso perfeito à uma monstruosidade sem sentido algum ou coesão com a realidade, mas a dúvida é: O paraíso é a realidade? Um príncipe perfeito e um casal sem brigas é mesmo a realidade que ela tinha de viver para alcançar a felicidade? Betty poderia saber muitas coisas desde jovem, mas ninguém nunca a ensinou sobre si mesma e o que ela queria na sua vida. Era um desafio manter James e seu sonho mostrou que esse desafio causaria vítimas, sendo ela, ele ou terceiros.

– Filha? – Sua mãe a chama – Ouviu o que eu disse?

– Desculpa, mamãe estou pensativa sobre umas coisas – Betty diz dando um gole na xícara de chá que sua mãe tinha feito para ambas conversarem. Estavam reunidas na cozinha junto do pai de Betty, que lia seu típico jornal.

– Perguntei como tem andado James.

– Eu diria com as pernas – Ela fala arrancando risadas do seu velho pai, mas um olhar de deboche de sua mãe – Brincadeira, mas se bem que até suspeito se realmente tem sido assim.

– O que quer dizer com isso, Betty? – Seu pai a pergunta. Ele era um homem ocupado nas indústrias e nas leituras de seus jornais, mas ele nunca deixava de ouvir sua filha quando podia, ainda mais sobre o esposo dela.

– Ele tem ficado muito... Distante de mim e de nossas ideias...

– Das suas ideias com ele, ou das suas ideias que precisam dele? – A velha mãe de Betty pergunta conhecendo a filha idealizadora que tinha e como ela era facilmente manipulável à crenças de contos de fada – Porque, como uma amiga me disse, Nova York faz as pessoas descobrirem mais sobre o que elas querem e sonharem mais alto.

– Quem te disse isso? – O esposo da mulher pergunta.

– A sogra da sua filha! – Betty arregala os olhos em sinal de curiosidade.

– A mãe do James está como? Sobre o pai dele e tudo?

– Ah, ela... Ficou bem magoada por você não ter ido ao funeral, claro – A mãe de Betty faz um olhar ressentido – Mas nós explicamos para ela sobre suas coisas de gerenciamento do trabalho e tudo... Mesmo assim, ela disse para mim em um encontro que tivemos no supermercado que James estava diferente. Não porque o pai tinha partido, mas porque ele não tinha mais o fogo que costumava ter.

– O fogo? Fogo de adolescente atiçado? – O pai de Betty pergunta levantando a sobrancelha.

– Quem dera fosse – Betty diz comprimindo seus lábios pensativa e pegando o seu cardigã, ela se levanta da mesa – Preciso fazer uma visita à minha sogra.


Andando do caminho dos bairros mais chique da Pensilvânia até as regiões mais pobres, Betty percebe as calçadas do bairro natal de seu esposo, elas eram quebradas e mais desgastadas que as do seu bairro natal. Eram detalhes como esse que faziam Betty ver como seus universos eram diferentes e como James e ela se encontravam na transição dos concretos da estrada, onde ela estava gasta, mas recuperada também. Era uma união confusa, assim como eles dois.

Chegando na porta da casa antiga de James, Betty bate na porta dele e depois de alguns minutos, a senhora Mãe do rapaz abre.

– Betty! Você por aqui! – Ela fala alegre, o que faz Betty sorrir também.

– Eu queria pedir tantas desculpas a senhora, tanto por eu ter faltado no funeral do pai de James quanto por estar aqui na sua porta a essas horas – Betty fala humildemente.

– Que isso, minha filha, eu entendo – Ela diz saindo da frente da porta e deixando Betty adentrar – Venha, eu aceito uma ajuda com a janta e quero ver como a esposa do meu filho cozinha, dessa vez você não vai escapar!

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