No horário do almoço, Betty saiu para comer na cafeteria junto de seus amigos, mais uma de suas formas de evitar James. Nos anos passados, ambos jantavam no refeitório da escola, pois James não tinha dinheiro para gastar com as comidas da cafeteria da escola e Betty fazia companhia a ele no refeitório. Desta vez, ela esperava no balcão com todas as gostosuras que seu dinheiro poderia pagar, mas com meninas ao seu redor que sussurravam coisas que nem sua mente podia apagar.
"Ele voltou e ainda tentou falar com ela!", "Soube que ele a traiu o verão inteiro, com mais de uma garota", "Ela nunca deveria ter ficado com um garoto tão... baixo" e os rumores se estendiam e alteravam-se conforme passavam de pessoa para pessoa e Betty tentava ignorá-los. Chegando na fila ao seu lado, Inez e William chamam a atenção de Betty.
– Ei, onde você estava? A gente te procurou no refeitório todo – William fala.
– Hoje eu não quero ficar lá – Betty fala baixo para as meninas na fila não a ouvirem, o que é um insucesso e a prova disso são os olhares atentos das adolescentes na esperança de Betty soltar qualquer outra palavra para deixar a fofoca do momento mais apimentada.
– Amiga – Inez a chama de canto e sussurra – Isso é por causa dele, não é? Eu vi que ele voltou, ele estava na mesma mesa do refeitório que antes vocês lanchavam juntos.
– Eu só não quero pensar nisso agora, Inez, por favor – Betty sussurra no mesmo tom e joga o olhar para as meninas na fila que estavam sussurrando sobre o casal – Não aqui.
– Então é verdade? – William pergunta em voz alta, assustando tanto Betty quanto Inez – O que a Inez contou? Ele realmente fez essa merda com você, Betty?
– William, por favor... – Betty alerta o amigo a fim de evitar um escândalo no meio da cafeteria, confirmando que os rumores eram verdade.
Até que o próprio escândalo aparece de surpresa, abrindo a porta devagar, mas chamando a atenção de todos ali, James adentra o local com um olhar de rendição que expressava que ele implorava por reconciliação e Betty sente seu coração pular pela boca, suas mãos suarem frio e seus lábios tentarem soltar alguma palavra, mas sem sucesso.
– Betty... – Ele a chama com a voz baixa, mas muito bem ouvida por todos do local que ficaram em silêncio total para saber qual seria a continuidade daqueles dois. E essa continuidade veio, não por um deles, mas sim por William que andou de forma violenta até James, que não percebeu o garoto vindo devido ao seu olhar parado em Betty.
– Como você ainda tem coragem de falar com ela, seu vagabundo? – William fala vorazmente o empurrando contra a porta, arrancando suspiros de todos os alunos dentro da cafeteria, tirando o olhar de James de Betty, focando no mauricinho que o empurrou e o fitando com uma fúria imensurável.
– Qual é, cara? – James fala alto e com olhar incrédulo, fazendo todos da cafeteria levantarem de seus acentos para poderem ver melhor a cena – Ele me empurrou! Ninguém vai falar sobre essa merda não?
– Você merecia mais do que um empurrão, seu mendigo – William fala levantando o queixo e deixando James de testas franzidas com punhos fechados – Você sabe o que fez com ela aquela noite.
– Que porra de noite?
– A do baile – Inez responde, mas Betty segura o braço da amiga, que tentou ir na direção de James e William – Eu vi tudo, você com aquela garota.
– Já era de se esperar – William ri ironicamente – Pobre não só no dinheiro, mas pelo visto também de alma, não é James? – Depois dessas palavras de humilhação, todos na cafeteria soltam leves risadas ácidas ou então suspiros de provocação para James, o que deixa o garoto mais enfurecido – Sua vidinha pode não significar nada por que viu seu pai fazendo essas merdas – James pensa "já chega" enquanto fecha os olhos e balança a cabeça como quem não acreditou no que ouviu, e para finalizar, William continua – mas você sabe o que você fez à reputação da Betty, seu canalha?
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folklore
RomansaUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...