O mundo de James para de girar no momento em que ele vê a porta da sala finalmente se abrir, a visão que tem o faz ter certeza de que a gravidade está trabalhando contra ele, essa força fundamental da natureza que o trouxe até aqui – assim como a atração é mútua responsável por manter a Terra e os demais planetas e satélites em suas respectivas órbitas. O homem mal pode acreditar no que seus olhos veem, ele os sente inundar, mas não há lágrima nenhuma, só seu corpo inteiro trabalhando para que seus olhos se lubrifiquem bem pra ter certeza do que o que estar na sua frente seja real.
Se estivesse de costas ele não a reconheceria, os cabelos castanhos soam completamente estranhos se comparados às memórias passadas, mas como ela está de frente para o jovem com olhos fixados na prancheta em suas mãos, ainda não o avistou ali. James apenas aproveita o momento para se permitir sentir um turbilhão de emoções por segundo, enquanto a assiste se mover para dentro da sala depois de fechar a porta. Ela se move devagar em direção à mesa no canto oposto de onde ele está sentado.
Ele se pergunta: "O que ela faz aqui? Justamente ela? Justamente aqui? Ela é psicóloga agora?" James tem essa e mais um milhão de dúvidas na mente enquanto fica impaciente, há urgência nele para que ela o note.
Ele pigarreia porque não encontra melhor forma de chamar a atenção dela, ao ouvir o som ela finalmente se vira na direção dele, ele assiste com animosidade a reação: ela o olha casualmente e com rapidez no primeiro momento, mas então olha novamente quando com um franzir de sobrancelhas, dessa vez percebendo a familiaridade do rosto e levando um tempo para racionalizar que ele realmente está ali, e não um doppelganger. James sente as palmas das mãos coçarem, mas resiste, em vez de escondê-las, apenas acena tímido com uma delas mão como se direcionar a palavra a ela novamente fosse a coisa mais casual do mundo.
– Oi! – Ele diz determinado.
– Oi... – Ela responde em um som anasalado, quase sem força na voz, depois de observar James por um bom par de segundos. Ela se vira de costas novamente, tentando achar algum papel específico na mesa a sua frente, com as mãos tremendo – Merda... – Ela sussurra tão baixo, que um ouvido desatento não teria escutado, mas não James, tudo nele estava atento, concentrado e perceptivo.
Quando ela acha o papel que procurava, começa a se dirigir de volta a porta por onde entrou. A fim de resolver qualquer mal entendido que possa ter acontecido com a papelada e a presença dele aqui.
– Baby? Baby. – James a chama, se pondo em pé. Ela para com a mão na maçaneta e ele a chama outra vez – Baby! – Ela quando ela se vira pra ele e respira fundo ele repete um "oi".
– O que é? – Ela responde.
– Apenas fale comigo... – James fala quase como se ele ordenasse e não fosse um pedido – Me diga como está.
– Não posso, isso é antiprofissional, não sei o que você está fazendo aqui, deve ter sido alguma confusão. – Ela fala abaixando a cabeça, sem querer encará-lo.
– Sou paciente... – James gagueja um pouco, a voz vacilante – Do médico que você está substituindo, aparentemente.
– Eu percebi, preciso resolver isso. – Ela anuncia se virando para porta novamente, mas não consegue abrir, James avançou e colocou sua mão na porta, impedido que a moça a abrisse.
– Espera! – Ele implora para que ela não faça nada ainda – Eu sei que é estranho, ok?
Ela odeia a proximidade dele, pode ver pelo canto dos olhos que ele tá com os seus fixados nela enquanto sente de leve a respiração dele batendo em seu ombro. Quando a morena processa esse fato, ela se afasta uns 4 passos da porta e consequentemente dele. Agora ela está no fundo da sala e ele em frente à porta impedindo a passagem.
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folklore
RomanceUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...