O barulho da festa para. Gritos de alegria dos convidados que aproveitavam a banda, tudo parou. Foi como se tudo no mundo ficasse em silêncio apenas para Betty quebrar ele falando o nome do jovem de dezessete que a esperava:
– James... – Ela estava parada na porta de sua casa e ele, em seu portão aberto ao público, dá um passo entrando na varanda da frente. O frio do lado de fora fez sua mãe a cobrir com seu cardigã favorito que estava no porta-casaco da entrada da casa. Betty sai da casa andando devagar e indo até o jovem que era iluminado pelo poste de luz sob sua cabeça.
– Eu... não sei nem o que dizer, eu planejei isso por semanas – James fala vendo a jovem avançando em sua direção apertando os braços, tanto por causa do frio que ela tentava conter com o cardigã, quanto pelo nervosismo que ela sentia.
– Você fez aquilo, James? – Betty já sabia, mas ela queria ouvir dele, de suas palavras – Os rumores da Inez. Você e uma garota loira?
– Dessa vez eram todos verdade. – James fala suspirando e olhando para baixo, fazendo Betty apertar seus lábios com a boca na intenção de segurar as lágrimas – Eu não vou fazer suposições, eu... eu não vou negar nem mentir para você, eu fiz isso. Depois que vim ao baile e eu-
– Você veio mesmo não foi? – Betty levanta a sobrancelha – Por que fez aquilo então?
– Porque eu vi você dançando com ele, Betty – James fala bufando – Eu sabia que você não trocaria um garoto rico e estudioso por um pobre e idiota que nem eu. Eu sei que você iria preferir alguém como ele.
James mente. Ele sabia que Betty nunca iria o trocar, mas sua insegurança falou mais alto para ele também poder distribuir a culpa para ela e garantir seu perdão, ou pelo menos um motivo para ele não sair como totalmente errado.
– Não foi o que você pensava – Betty fala suspirando e procurando palavras até que ela fala de forma descontrolada deixando suas emoções a dominarem – Eu não quero que William seja meu namorado por ser rico, nem por nada, James! Eu te amo!
– Você ama? – James responde imediatamente. Betty ter usado o verbo no presente o fez ficar esperançoso, com uma chama de esperança em seu coração se acendendo – Você sabe que eu senti sua falta, Betty.
– Não foi o que pareceu! – Betty fala olhando-o de baixo para cima – Eu sei que você passou o verão inteiro com ela, James.
– Betty, pense em mim, por favor – Ele pede de forma que a jovem se surpreende, mas não deixa de ouvi-lo. O que ele queria dizer com aquilo? Ela nunca o ouviu? Seria esse o momento de Betty ouvir a linguagem do amor de James? – Eu tinha acabado de sofrer um acidente, vim de Los Angeles até aqui e quando chego vejo você dançando com outro, o que você faria no meu lugar? Você sabe, eu só tenho dezessete anos e eu não sei de nada, ainda nem aprendi como amor funciona e ver aquilo me deixou perdido, me deixou louco. Eu dormi com ela, Betty. Estou aqui na sua varanda te dizendo e assumindo o que eu fiz, por mais que seja minha obrigação, eu estou tentando. É tanta pressão e você tem seus amigos estúpidos, mas eu não tinha ninguém, ninguém mesmo e eu só tinha você! Pensei ter te perdido e por mais que eu tenha voltado pra Los Angeles com a pessoa que foi só um caso de verão, eu não quero dormir com ela, mas passar minhas noites sonhando com você! Eu quero você, Betty. Eu senti sua falta mais do que você imagina.
– Eu também senti sua falta! – Betty fala desmoronando todas as barreiras que seu coração criou para aquele momento. Ela estava vulnerável o suficiente para James se aproximar dela e ambos, parados debaixo do poste de luz, dão suas mãos. Um toque quente, mas suave os fez suspirarem como se tivessem espantando todos os demônios que criaram entre eles – Me diga que esse amor vale a pena, James.
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folklore
RomansaUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...