"O nosso para sempre foi complicado, por muitas vezes achei que não aguentaria, que era o fim pra nós. Mas nunca foi, nós sempre dava um jeitinho de tá ali um pelo outro. E por isso foi tudo perfeito, talvez não pros outros mas pra nós sim, e é isso...
Já era 14:00 da tarde, geral na boca trabalhando e eu em casa moscando, vida de patroa é fácil assim mesmo colega. Tô brincando, meu pai vai me socar se souber que eu tô atoa.
Minha mãe tem uma loja de roupa de marca aqui no morro, a loja fica a 1000 o dia inteiro, as novinha tudo compra lá, mó orgulho da coroa. Já eu, sou ligada em arma, é um bagulho que eu gosto mesmo de fazer. A adrenalina dessa vida é meu combustível, tô feliz? Bora pra missão comemorar. Tô triste? Bora pra missão descarregar o ódio num policial filho da puta. Gosto de graça, minha mãe fica a ponto de dar um troço, sempre sonhou comigo sendo uma médica, longe desse perigo, mas tá no sangue pô, fazer o que?
Me levantei e me arrumei colocando uma roupa fresca. Tem baile mais tarde e eu tô como? Animada pra porra menor.
Não sou de andar armada nem nada, todo mundo aqui na favela sabe que eu sou do corre mas não gosto de passar isso na cara não, sou na minha pra tudo, gosto de ser reservada. Quase ninguém aqui sabe meu nome, fora de casa eu sou a Índia, a filha da puta fria que faz o que for preciso pela família, pelo morro e por quem mora nele. Mas aqui dentro, sou a Luíza, a menina mais vulnerável que tem.
Quando eu falo que mato e morro por alguém, não tô de brincadeira não. Quando a gente era menor, pegaram meu irmão na maior covardia, me joguei na frente dele e tomei um tiro que era pra ter pego nele. Tu se arrependeu? Porque eu não. Sempre fomos assim, um pelo outro, troco isso por nada nesse mundo!
A vagabunda da Mirella ia chegar hoje, tava viajando com o coroa e nem me falou nada. Ela mora com a mãe aqui na favela, pai dela é burguês safado mas é até gente boa o velho.
Comi a quentinha que minha mãe comprou pra mim e desci a mil pra boca, contei as drogas que chegaram uma por uma passando tudo detalhado no caderno pra quando o patrão chegar da ronda não ter motivo pra meter bala em mim.
Fiquei ali o dia inteiro, tinha droga pra caralho nessa porra, já era 18:00, peguei carona com o Foguete e me arrumei na maior paz de Cristo no meu quarto.
Índia: Ela vem pro baile, brota na favela, disse que o Gabriel do Borel maceta ela. - Cantei enquanto secava meu cabelo, me olhei de costas e meu cabelo estava crescendo novamente após eu ter dado meu surto de leves e cortado.
Desde pequena eu tinha o cabelo grande, bem preto e lisinho, apelido de Índia pegou rápido e tá aí até hoje, gosto muito, nem tinha vulgo melhor não.
@índialua: sextou meu amor!
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Peguei uma pistola colocando na minha bolsa e desci as escadas dando de cara com o gostoso do meu irmão.
Th: Short curto pra porra em Luiza.
Índia: Pena que não perguntei. - Ele bufou pegando a chave do carro, sorri vitoriosa seguindo o mesmo.
Th: Vai de moto com o pai, a coroa tá querendo ir de carro. - Assenti e fui rumo a meu pai que estava distraído mexendo no celular.
Índia: Bora pô, tenho um gato me esperando la.
Neguinho: Cê começa que eu te deixo em casa sua mandada.
Já subi rápido na moto pra não acontecer imprevistos, ele subiu em seguida arrancando de uma vez, perdi o equilíbrio fazendo o mesmo dar uma risada alta, cretino!
O que era pra ser em minutos foi em segundos se é que é possível, nunca cheguei na Rocinha tão rápido, nem vi meu irmão já que ele parou pra buscar a Mirella.
Índia: Porra Luiz, nunca mais falo nada antes de sair de moto com você.
Neguinho: Luiz minha pica, é Neguinho e papai. - Dei uma risada debochada quando ele disse papai, ele não aceita que eu cresci.
Arrumei meu cabelo antes de entrar, peguei minha bolsa colocando de lado e segui rumo a entrada sendo acompanhada pelo meu pai que me deu a mão logo que uns insetos começaram a me olhar, só menino feio, só por Deus! Rocinha já foi frequentada por pessoas melhores.
Guto: Fala comigo chefe. - Disse fazendo um toque com meu pai. Se bem que julgar o livro pela capa é feio né, desculpa Rocinha, aqui tem gato sim - E aí Índia.
Sorri abraçando o mesmo de lado meio sem jeito, subimos pro camarote e já corri pro colo do Magnata igual uma criança, gosto de graça desse homem. Saiu me apresentando pra geral que não me conhecia como a princesinha dele, meu pai tá a ponto de enfiar um fuzil no rabo dele.
Mirella: Caralho Índia, esqueceu de mim foi?
Índia: O sua filha da puta safada, cê viajou e nem me falou. - Virei um tapão no braço da mesma que riu me abraçando.
Ela me contou detalhe por detalhe e eu ria sem parar das histórias dela com os macho de lá, meu irmão passa mal.
Fomos pegar bebida no bar ali do camarote, bebi tudo de mais forte e já comecei a descer ao som do funk que tocava. Eu mandava muito mesmo, deixava todo mundo babando enquanto rebolava no talento, dou aula irmã, na moral! E Mirella fica pra trás não, me acompanha em cada passo, as piranhas que lutem porque essa dupla é difícil de superar.
Sentia o olhar de Guto em mim a cada instante, olhava pra ele discretamente soltando uns sorrisos pro mesmo que retribuia na cara de pau. Um dia eu pego esse homem, pode não ser hoje, pode não ser amanhã, mas um dia eu pego! E se não for no amor, vai no tambor.
Os bandidões mil grau foram rondar o baile se achando, bando de lixudos. Fiquei rebolando com minha mãe e Mirella e percebi que o Guto tinha sumido, não vai ser hoje que eu pego esse homem mesmo não, pego baba nem no carnaval, quem dirá em baile com essas lolozenta boqueteira, Deus me free!
Tava era afim de fazer xixi, fui sozinha mesmo, banheiro tava podre, se eu entrasse ali vomitava o que eu comi no ano passado. Balancei a cabeça e fui em direção a algum beco deserto até ver uma movimentação estranha, que porra em, não tava afim de matar ninguém hoje não, tô gata demais pra isso.