Capítulo 111

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Índia 🦋

  Acordei com uma luz forte em meus olhos, minha cabeça doía e tudo rodava. Assim que despertei, escutei uma voz familiar chamando a enfermeira, demorei até conseguir raciocinar.

Índia: Fael, é você?

Fael: Sim, eu sou o único com a ficha limpa.

Índia: Meu bebê como tá? Como está o Lucca?

Ele me olhou com dor em seus olhos, em seguida a enfermeira entrou injetando algo em minha veia que me deixou mais relaxada e com menos dor na cabeça.

Enfermeira: Olha mãezinha, seu bebê não resistiu. Era ele ou você, como ele era bem novinho, era capaz de acabar falecendo também. Meus sentimentos, pro que precisar pode me chamar.

Ela me deu um beijo na cabeça e saiu, eu olhei pra Fael e aí sim meu mundo desabou, eu chorava, eu gritava, eu me debatia. Eu precisava do meu filho.

Em segundos o remédio realmente fez efeito, acabei adormecendo alí mesmo e quando acordei não era um sonho, eu estava no mesmo lugar mas dessa vez com Gustavo ao meu lado.

Índia: Nosso filho amor, eles mataram nosso filho. - Eu comecei a chorar sem parar e o mesmo pegou na minha mão chorando junto enquanto me abraçava.

Guto: Me perdoa por não ter chegado antes, nós não conseguíamos rastrear de nenhuma maneira e quando o soldado ligou, nós chegamos tarde demais.

Índia: Ele te avisou? - Guto assentiu me fazendo sorrir, eu sabia que ele tinha o coração bom.

Índia: Eu queria ter sido mais forte Gustavo, eu perdi nosso filho, nosso segundo filho.

Fiquei chorando sem parar enquanto tentava me acalmar, eu sabia que nada adiantaria, nem mesmo dormir mais 5 horas.

Índia: Como você tá aqui?

Guto: Muito suborno.

Índia: Não precisava amor.

Guto: Não podia te deixar sozinha.

Eu ainda sentia uma pequena dor na barriga, eu coloquei minha mão sabendo que ontem tinha um serzinho mexendo e hoje eles já o levaram de mim. Meu eterno Lucca.

Lágrimas rolaram e agora não de desespero mas de tristeza, eu nunca veria seu rostinho, nem escutaria seu coração bater de novo. Eu não escutaria ele falando suas primeiras palavras e nem dando os seus primeiros passos. Eles mataram meu filho.

Eu ficaria internada mais alguns dias mas eu não ligava pra nada, minha vida perdeu o sentido mais uma vez.

Fiquei olhando pra parede sem dizer nada, apenas lembrando de como foi quando descobri a gravidez, como foi quando contei pra ele e imaginamos e planejamos toda uma vida a um bebê de apenas 2 meses. Lembrando da primeira vez que escutei seu coração, do meu casamento com a barriga amostrando mesmo que pouco, primeira vez que ele se mexeu e de quando eu tinha vontade de comer coisas aleatórias. Fiquei lembrando de Gustavo beijando toda minha barriga, de quando ela começou a crescer e a ficha caiu que eu seria mãe.

Eu sentia algo único mesmo ele dentro da barriga, minha mãe vivia dizendo que na amamentação seria mais forte ainda e eu não tive essa chance. Tudo isso por ódio, sentimento de vingança. Eu não a julgo por querer vingança mas sim por usar alguém que não tem nada a ver com essa história.

Comecei a contar parte por parte do que aconteceu comigo nesses quase três dias, ele ficava com ódio a cada palavra e disse que os dois estavam na sala de tortura nos esperando.

Sim, eu estava com raiva, mas a dor era tanta que nem isso me aliviava. Eu só queria meu amor de volta.

Os dias passaram extremamente lentos aqui no hospital, hoje eu finalmente recebi minha alta mas eu não estava preparada pra chegar na minha casa e ver tudo dele lá e lembrar que ele não está mais dentro de mim.

Índia: Me deixa na casa da minha mãe enquanto tiver coisas de bebê lá na nossa casa.

Guto: A Mirella já levou tudo pro Vidigal, está no quarto de hóspedes. Podemos ir pra casa. - Eu sorri pro mesmo e encostei minha cabeça no vidro. 

Minha mão automaticamente foi pra barriga, eu sempre fazia isso quando estava no carro pra evitar enjôo e do Lucca ficar agitado. Meus olhos se encheram d'água, eu sabia que Gustavo queria me dar apoio mesmo que nem ele tivesse forças.

Depois de um grande tempo, nós chegamos na rocinha. Ele estacionou na frente da nossa casa, desci rápido indo direto pro nosso quarto e deitei na cama de olhos fechados.

Índia: Eu nunca vou conseguir superar essa dor, Gustavo.

Guto: Nem eu, Luiza. Mas você precisa ser forte, eu não posso perder você também.

Eu assenti, ele se deitou ao meu lado e eu o abracei com força chorando ali em seu colo, só Deus pode dar força pra nós nesse momento.

Guto: Eu fiquei maluco quando te levaram de mim, procurei droga na minha antiga casa inteira e acabei achando seus votos. Foi isso que me deu força pra não acabar tendo uma overdose.

Índia: Eu sabia que você procuraria droga lá quando algo acontecesse, só não achei que eu não estaria aqui pra te ajudar.

Guto: Para com essa mania de me salvar sempre Luiza, você vai acabar se matando.

Índia: Se eu não tivesse ido você estaria morto e eu acabaria sendo pega do mesmo jeito, Gustavo. Eu mato e morro por você, eu já falei.

Guto: Meu pai está se culpando muito pelo que aconteceu, tá se drogando o tempo inteiro.

Índia: Os únicos culpados estão naquela sala de tortura.

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