Capítulo 28

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Índia 🦋

  Tô desde 07:00 ralando igual uma filha da puta na boca, parei nem pra almoçar. Meu pai e o TH estão no Alemão junto com outros chefes pra planejar a fuga de um deles que caiu a um tempo e eu não parei pra nada nessa porra.

O natal já tava aí, quase chegando, já tava maluca adiantando tudo pra gente ficar só lazer esse fim de ano.

Escutei batidas na porta e em seguida o tio Antônio entrou, larguei o que tava fazendo na hora indo abraçar ele.

Índia: O que foi tio? Tô ligada que tu não gosta de entrar aqui.

Antônio: Gostar não gosto não né, mas o que eu não faço por você. - Ele sorriu me entregando uma sacola que tinha o meu salgado preferido e uma garrafa de coca, na moral? Esse homem é tudo pra mim.

Índia: Pô tio, tu não sabe como é que eu tô com fome, obrigada mermo. - Peguei o dinheiro pra pagar e o mesmo cruzou os braços negando.

Antônio: Presente pra você. Tu sabe como é puxado pra mim te dar alguma coisa cara, tô te agradando no que eu posso. Tu é como uma filha pra mim, Luiza. Me ajuda em tudo, não sei o que seria de mim sem você. - Ele começou a chorar na minha frente, puta que pariu, eu não tô me aguentando com isso.

Abracei ele forte enquanto fazia carinho em suas costas, ele estava todo emocionado mesmo pô.

Índia: O tio, tu não precisa me dar nada não, só o carinho que você me deu a minha vida toda e me dá até hoje, já é suficiente. Sempre vou lembrar das vezes que você e a tia me salvou de invasão quando eu tava aí na rua brincando, as vezes que você me obrigava a comer porque tu sabia que eu não parava de brincar nem pra ir almoçar. Tu é da família pô, e o que eu puder eu te fortaleço.

Antônio: Tenho muito orgulho de tu, da mulher que você se tornou. Continue assim, viu? E muito cuidado nessas suas aventuras minha filha, não suporto perder tu também não.

Aquilo aqueceu meu coração de um jeito, fiquei conversando um pouco com ele mas ele já saiu logo, não gosta mesmo de entrar aqui.

Me sentei e comecei a comer enquanto acabava de trabalhar, bebi a coca num tapa e joguei tudo no lixo.

Foguete: Caralho, Índia. - Entrou quase arrombando a porta, já tava com a arma apontada pra ele, que susto da porra. Esse daí pode dar a mão pra Mirella, dois filho da puta me assustando.

Índia: Que que foi seu cuzão, susto do caralho. - Disse isso enquanto colocava a mão no peito respirando fundo.

Foguete: Tu tá muito nervosa, que isso patroa.

Índia: Fala logo antes que eu meto tiro na sua fuça.

Foguete: Pede com carinho.

Índia: Tu vai brincar com a sorte mermo né? - Disse segurando a pistola na mesa, o mesmo já se endireitou e parou de graça. Esse mandado cresceu junto comigo pô, gosto de graça também.

Foguete: Fael acordou, irmã. - Dei um pulo da cadeira, porra nem tinha notícia melhor pro meu fim de ano.

Índia: Bora me leva lá. - Já larguei tudo na mesa, guardei o que tinha de guardar e peguei meu celular saindo.

Foguete: Tu é folgada em.

Índia: Faz jus ao seu vulgo, porra. - Ele começou a rir e foi a milhão pro posto, desci correndo encontrando a mãe dele na porta, ela me abraçou forte chorando enquanto agradecia a Deus.

Xxx- Por favor, Índia, faz ele sair dessa vida. Não vou suportar perder ele igual eu perdi meu marido. - Ela chorava de soluçar, tava sentindo a dor dela, bagulho mó louco.

Assim que o médico liberou, esperei a mãe dele sair e entrei sozinha fechando a porta, ele já logo deu um sorriso.

Fael: Tu veio mermo.

Índia: Venho desde que tu internou, pô. Tava louca de saudade tua, não me assusta desse jeito mais. - Ele assentiu sorrindo - Fael, na moral? Larga isso pô. Arruma um trampo de motoboy ou o que for, tu já tem uma nave com o dinheiro dos corre, da pra trabalhar legal nela. Tô ligado que não é o mesmo tanto, mas vale a pena o dinheiro vendo o sofrimento da tua mãe? Tu ainda tem escolha pô, não tem familia envolvida nisso, não tem a ficha suja, ninguém te conhece fora daqui pô. Acaba com tua vida não, tua mãe passou esses dias tudo chorando e pedindo a Deus pra tu ficar bem, ela não merece isso não. Sei que tu é o dono da casa desde que teu coroa morreu, mas tu sabe que o que precisar nós te ajuda, além de ser um dos melhores soldados, tu é da família, cresceu lado a lado comigo e é de confiança, nós não vai deixar vocês passarem dificuldade.

Ele ficou pensativo pra caralho, continuei trocando uma idéia legal com ele que disse que ia pensar e assim que melhorasse me falava sua decisão.

Deixei ele a sós com sua mãe novamente e me despedi seguindo pra sorveteria, tava seca num copão de açaí.

Comprei um completo de 800ML e comecei a comer, foi a conta de eu tomar a segunda colher que o meu celular começou a tocar.

Magnata: Luiza, tu tá ocupada? - Disse ofegante mas com a voz preocupada, já logo pensei em merda.

Índia: Tô não tio, que foi? O que aconteceu?

Magnata: Tô na reunião com teu pai, tá ligada? O menor lá da Rocinha acabou de falar que o Guto tá transtornado, destruiu a casa toda e matou um cara na paulada na sala de tortura. O cara já era pra ser cobrado, tá ligado? Mas ele já tava nervoso pra caralho com alguma coisa e perdeu o controle, os meninos fecharam ele em casa, se tiver como tu ir lá pô, só tu acalma ele. - Tomei um susto me levantando da mesa preocupada, meu coração apertou de um jeito.

Índia: Tô indo agora porra, daqui a pouco tô lá. - Desliguei rápido e sai correndo pela favela, geral me olhava, bando de curioso - Toma Foguete, presente pra você. - Entreguei o açaí pro mesmo que pegou feliz entendendo porra nenhuma.

Foguete: Mamãe Noel passou mais cedo.

Índia: Daqui a pouco te devolvo. - Montei na moto dele e ele assentiu, é tudo nosso, pega nada com ele não.

  Acelerei e passei a milhão pela barreira dos soldados na entrada do morro, minha cabeça tava longe pra caralho, só precisava chegar rápido na Rocinha.

O Nosso Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora