Capítulo 20 - Helena

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Finalmente estávamos a caminho do Panamá. Leo já havia concertado o barco fazia quase dois dias, mas Kaayra, a ecologista do grupo (quando se trata de água), insistiu em ficarmos um tempo ali, para que ela pudesse ver se a água estava de fato limpa e se os peixes e animais marinhos estavam bem.
Iríamos agora fazer uma reunião para saber como passar pelo canal do Panamá sem arranjar problema, já que estávamos literalmente num barco grego que parecia ter saído das histórias de Ilíada e Odisseia. E eu, infelizmente, fui encarregada de ir chamar o Valdez na sala de controle. Cheguei e carinhosamente (lê-se com frieza e indiferença) disse:

Helena: aí, garoto fogo, vem. Reunião.
Leo: agora?
Helena: não, não, amanhã. Óbvio que agora, vamos.

Eu e ele descemos e fomos até o refeitório do Dieu-le-Veut, onde todos os outros já estavam para nossa reunião rápida. Annabeth estava na ponta, Kaayra se sentava ao lado direito dela enquanto Hazel no lado esquerdo. No lado direito de Kay estava o Urakin e o Arthur. Eu me sentei ao lado de Hazel e Leo ao meu.
O corte enorme no pescoço de Urakin já havia se tornado uma cicatriz um tanto quanto feia, igual os cortes do Arthur. Percebi que Kaayra comia panquecas azuis com calda de chocolate (ou talvez calda de chocolate com panquecas).

Helena: você vai afogar suas panquecas assim...
Kaayra: ei, eu tenho o sangue de Poseidon e Netuno em minhas veias. Se eu não posso me afogar, as minhas panquecas também não podem.
Annabeth: *murmuro* que nostálgico isso...
Helena: ok então...
Hazel: vamos logo com isso vai... acabamos de lutar contra grifos, de novo, e estou cansada...
Urakin: eu disse para me darem uma espada para eu ajudar vocês.
Kaayra: no dia que o tártaro congelar, talvez.
Annabeth: *grito* ENFIM.

Todos ficaram em silêncio. Quando Annabeth grita, silêncio total e ouvidos abertos. Pelo visto até os anjos já perceberam isso...

Annabeth: certo. Temos que decidir um meio de passar pelo Canal do Panamá. Lembrando que o local tem vários humanos e vários barcos passam por ali.
Kaayra: e se a Hazel fazer os humanos crerem que estão vendo um barco de Cruzeiro?
Hazel: nem pensar. São barcos grandes demais e eu ainda teria que fazer turistas para não suspeitarem, isso me esgotaria.
Annabeth: sem contar que a taxa de passagem de um navio de cruzeiro é muito alta.
Leo: o Mini Leo...
Kaayra: Dieu-le-Veut
Leo: que seja, ele tem o porte de um rebocador.
Annabeth: é uma boa, a taxa dele é baixa também...
Urakin: Arthur pode ajudar a não pagarmos taxa nenhuma.

Arthur ficou da cor de uma pimenta mas fez que sim. Ele havia dito à mim e Kaayra que Ofanins conseguem controlar emoções humanas, mas raramente fazem isso. Quando eles controlam as emoções, podem deixar as pessoas calmas, felizes, nostálgicas e coisas assim. Muitas vezes eles podem até mesmo fazer com que o humano achar que ele era um amigo de longa data, provavelmente um poder muito útil para salvar a alma das pessoas, não sei.

Arthur: *gaguejando um pouco* acho que consigo fazer com que ele pelo menos abaixem o preço da taxa de passagem...
Kaayra: e se você convencer eles que você é um grande amigo que acabou perdendo a grana numa tempestade? Eles provavelmente diriam que pagariam a passagem por você, não?
Arthur: bom... sim, é bem provável que sim, mas...
Helena: *falo de forma fria* mas você é bonzinho demais para isso.
Annabeth: bom... essa é nossa melhor opção.

*******

Estávamos próximo a primeira comporta do canal, Hazel conseguiu fazer a Névoa Deixar nosso barco como um rebocador e após muitas tentativas Kaayra e Urakin conseguiram convencer Arthur a fazer com que os humanos pensassem que fossemos amigos bem próximos então conseguimos não pagar a taxa e fizemos um pobre coitado (só que não) perder parte do salário por nossa causa.
Eu, Kaayra e Arthur (ele não para de nos perseguir) estávamos no refeitório. Pelo lado bom, a trirreme tinha lanches grátis, e o meu bucho lindo agradeceu alegremente isso.

Kaayra: você vai morrer se continuar comendo assim.
Helena: *continua comendo* shiu, se for pra eu morrer, vou morrer com a pança cheia
Kaayra: *revira os olhos* você é inacreditável.
Helena: aff, sua chata. Passarinho, usa os seus poderes de Jean Gray pra ela deixar eu comer
Arthur: não funciona assim...
Helena: Então você não serve pra nada
Arthur: a mas... *fico com uma expressão meio tristonha*
Kaayra: Liga pra ela não, ela faz isso pra chamar atenção.
Arthur: *sussurro* bem... se era isso que ela queria... conseguiu

Oi??? Eu ouvi bem??? Acho que comi demais e estou alucinando coisas. Desde quando que eu quero chamar atenção daquele passarinho ridículo que voa pior que galinha, aff. Decidi ignorar e continuar comendo, apesar de perceber que ele estava me encarando, como se ele esperasse que eu falasse alguma coisa. Quer que eu falasse o que, meu bem?
Olhei para Kaayra que me encarava com um sorriso malicioso, mostrei a língua para ela e não pude deixar de sorrir. Pera... eu sorri? Droga, eu não sou assim. Fecho a cara assim que percebo o que fiz e saio dali. Estava tão atordoada que nem liguei para cara de espanto da Kay ao ver que eu saí sem terminar de comer.
Fui até a beira do barco e comecei a fazer formas com as sobras para me distrair. Eu estava ficando boa nisso, e os conselhos do Nico ajudavam muito, só que... isso gasta muita energia, o que também é bom, porque se eu não gastasse eu já estaria obesa.
Estava tão distraída fazendo flechas com sombras que não percebi que alguém se aproximava de mim.
Meu corpo agiu antes que eu pudesse piscar, me virei e apontei uma flecha para garganta do.... Passarinho?

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora