Capítulo 38 - Ablon

28 1 2
                                    

Eu e Urakin seguimos Kaayra meio de longe, pois era meio complicado alcançar ela. Quando chegamos até onde ela estava, vimos minha filha desesperada tentando curar a amiga e sem perceber que ela mesma estava perdendo sangue.

Ablon: Urakin, você trouxe aquele tal de Néctar e Ambrosia né?
Urakin: sim senhor
Ablon: de um pouco de cada para Helena...
Urakin: e a Kay?
Ablon: acho que não vai adiantar muito...

Ela nos notou e olhou diretamente para mim, em seu olhar percebi o medo, a raiva e a tristeza. Me aproximei devagar e percebi que o sangue de Helena parava de sair do corpo. Kaayra havia parado a hemorragia, mas o desespero a impedia de curar totalmente a amiga.
Fui até ela devagar, com as mãos levantadas. Ela continha um olhar de um felino raivoso e assustado.

Ablon: *falando o mais calmo possível* filha, respira fundo... estou aqui para ajudar...
Kaayra: *falando com fúria e entre rosnados* se... afaste... você não... vai tocar... nela...

Continuei me aproximando. Helena havia acordado um pouco e gemia de dor. Quando cheguei próximo o bastante para segurar Helena pelos braços, Kaayra pulo em cima de mim, derrubando-nos na água.

Ablon: *falo antes de cair na água* AGORA URAKIN!

O outro guerreiro entrou na água e foi até Helena, era possível sentir a entrada dele. Kaayra tentou afastar para ir até a amiga, mas segurei ela pelas asas, a puxei para mim e a segurei. Me levantei e fiquei tentando conter ela.
Quando olhei, Urakin dava o alimento e a bebida dos deuses para Helena e a pegava no colo, tirou a própria camisa e colocou na ferida ainda aberta de Helena, enrolando como se fosse uma bandagem. Kaayra debatia furiosamente em mim e era cada vez mais difícil contê-la.

Ablon: Filha, você precisa parar! Urakin está ajudando Helena! Não vamos fazer mal a ela!!
Kaayra: *falando entre rosnados* você... me aban.. donou! Como.. confiarei... em ti!?
Ablon: eu fiz isso para te proteger! Para anjos como Samazel não te atacarem! Mas de agora em diante, viveremos juntos aonde você quiser!! Só, por favor, se acalme!!

O desespero de contê-la e acalmá-la fez eu dizer o que realmente queria, apesar de nunca falar daquela forma. Urakin aproveitou o momento e saiu da água, indo rapidamente até onde uma trirreme estava, provavelmente era deles. Kaayra parou de se debater, mas ainda estava em estado de fúria. Ela parecia cansada e logo acabou desmaiando, notei que isso tudo acabou fazendo com que ela perdesse mais sangue.
Segurei-a no colo como se fosse uma criança de 4 anos, com as pernas dela em minha cintura e os braços por cima de meus ombros. A cabeça dela ficou deitada ali e, talvez sentindo cheiro de "casa", ela colocou o rosto em meu pescoço.

Ablon: está tudo bem agora, querida... papai está com você e eu juro... que agora eu não saio mais do seu lado.

Fiz carinho no longo cabelo dela e beijei-a na cabeça.

*******

Estávamos todos no barco. Arthur havia cuidado das feridas de Helena e estava com ela, cuidando para que não fizesse esforço. A tal Annabeth e a tal Hazel cuidaram das feridas de Kaayra para mim e agora eu estava com ela no quarto que fizeram ali no barco. Estávamos esperando ela acordar para voltar ao vértice e avisar Andira, quando o tal Leo bateu na porta, perguntando se podia entrar.

Ablon: tudo bem, pode entrar....
Leo: *entrando* só... queria avisar que Andira veio até nós, ela queria ver a Kaayra então... *olho pra Kay* cadê... as asas dela?
Ablon: creio que ela mesma fez as asas voltarem para dentro do corpo... como mecanismo de defesa ou facilidade para se recuperar...
Leo: entendi... como ela está desmaiada ainda, você pode ir falar com Andira por ela?

Olhei para minha filha na cama e pensei por um tempo.

Ablon: *suspiro* tudo bem...mas o que ela quer exatamente?
Leo: não sei... ela não quis dizer. Eu posso ficar aqui com a Kay caso você queira
Ablon: por favor... mas não toque nela
Leo: sim senhor...

Saí dali e subi até o convés da trirreme, onde Andira aguardava. Essa me olhou, seriamente mas após um tempo relaxou um pouco, me aproximei dela e aguardei.

Andira: você tem uma filha muito forte e de um gênio bem... complicado.
Ablon: sim... acho que devo concordar com você sobre isso. Do que precisa?
Andira: só queria agradecer a ela por libertar meu templo. E entregar uma mensagem também... mas creio que você terá que entregar a ela.

E então ela me deu um papel muito bem dobrado. Fiquei segurando ele, com curiosidade para abrir, mas imaginei que era algo de interesse apenas de minha criança. Andira se ofereceu para nos enviar diretamente para o acampamento meio-sangue, mas pedi para que enviasse o barco para o meio do caminho, já que os semideuses teriam que ver com Quíron se os anjos podiam ficar vivendo no acampamento.
A deusa desceu do barco e recitou uma magia, quando percebemos, estávamos em alto-mar. A Annabeth veio até mim.

Annabeth: a deusa... nos enviou para cá?
Ablon: sim... achei melhor que ela nos enviasse até o meio do caminho, assim vocês podem contatar Quíron antes de chegarmos.
Annabeth: é uma boa. O senhor irá viver no acampamento se for permitido?
Ablon: sim... quero ficar mais próximo de minha filha.
Annabeth: compreensível.

Ela se afastou e eu voltei para o quarto de minha filha, onde ela estava acordada já. Leo estava dizendo como ela foi incrível na luta contra o anjo branco quando me viu e disse que sairia do quarto para deixar nós dois conversarmos em paz. Por certo tempo ficamos em silêncio, então resolvi falar primeiro.

Ablon: fazem 15 anos desde que te vi... você era uma bebezinha muito pequena.
Kaayra: creio que de altura não mudei muito... *sorrio*
Ablon: é...

Era estranho conversar com ela, mas também era de certo modo gostoso. Sentei ao lado dela na cama e entreguei o papel de Andira.

Kaayra: o que é isso?
Ablon: também não sei, Andira só pediu para te entregar. Não achei certo ler antes de ti.
Kaayra: ah... obrigado.
Ablon: então... você não se recorda?
Kaayra: do que?
Ablon: nada...deixa para lá.

Olhei para ela um pouco e percebi como era tão bela quanto Shamira. Não me contive e perguntei.

Ablon: Hmm... há algum tipo de parasita que possa tirar você de mim com quem devo me preocupar?
Kaayra: parasita? *coro depois de uns instantes* Ah, você está falando de um namorado ou algo assim? Não, eu não tenho nenhum assim, fica tranquilo.
Ablon: bom saber...

Passei a mão pela cabeça dela e sorri. Ela era uma criança incrível e forte, era uma junção perfeita minha e de Shamira, com um toque de Poseidon. Ela contou da vida dela para mim por um longo tempo, quando Annabeth entrou para avisar que eu, Arthur e Urakin éramos permitidos de entrar no acampamento e viver lá. Kaayra sorriu muito com a notícia e me abraçou forte.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora