Capítulo 26 - Kaayra

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Vi Helena e Arthur saindo do barco. Estávamos eu e Leo na cabine de controle, Annabeth e Hazel estavam fazendo uma M.I. com Percy e Frank em algum lugar do navio e Urakin se encontrava sentado na cabeça da sereia alada.

Kaayra: 1 a 0 para mim.
Leo: eu vou empatar esse jogo.
Kaayra: você não vai conseguir, ele já foi avisado pra não confiar em você.
Leo: ei! Isso é golpe baixo, Aquagirl!
Kaayra: vale tudo nesta guerra, meu amigo.
Leo: você vai ver, Aquagirl, eu vencerei essa aposta!
Kaayra: vai nada, eu já tô ganhando e logo você vai ter que me pagar.
Leo: *falo de forma sombria* é o que vamos ver, Aquagirl, é o que vamos ver...
Kaayra: tá tentando fazer cosplay de Nico é?

Eu e ele rimos disso. Pedi licença e fui até Urakin que, aparentemente, não estava muito contente com nossa pausa. Ele estava de braços e pernas cruzadas sobre a cabeça da sereia, sentado de lado, olhando o rio.

Kaayra: pode se acalmar, Brasil não tem tantas ameaças como monstros e tals.
Urakin: um guerreiro sempre deixa a guarda alta.
Kaayra: você leva essas coisas muito a sério.
Urakin: eu sou um anjo guerreiro, isso é natural nosso. Bom, pelo menos em alguns é. Nós fomos formados no Fulgiston dessa maneira, mas muitos tem uma característica mais... brincalhona. As castas angelicais, na verdade, são muito...
Kaayra: instintivas e diversificadas?
Urakin: isso. Você precisa de algo...?
Kaayra: ahn... não exatamente. Eu só... queria entender um pouco mais sobre nós
Urakin: perdão... como assim "nós"?
Kaayra: me refiro a casta dos Querubins.

Sento no chão, ele se levantou da sereia e sentou ao meu lado. Urakin me olhou, sério, e cruzou os braços novamente. Comecei a me sentir meio besta por ficar perguntando essas coisas mas... bem, eu queria saber mais sobre a casta de meu pai e entender mais como isso me influenciava.

Urakin: *suspiro* achei que você ia querer que seu pai explicasse as coisas... não sou bom com explicações.
Kaayra: explique do jeito que você conseguir, eu só quero entender um pouco mais sobre nossa casta e tals.
Urakin: bom... nós temos um Código de Honra, é como se fossem as leis da casta.
Kaayra: Código de Honra? Isso é importante demais?
Urakin: *sorrio um pouco de forma meio paternal* sim, é importante. Eles são, basicamente, o que nos definem como Querubins e são mesmo como leis nossas.
Kaayra: *demonstrando grande curiosidade* sério? Conta sobre esses códigos, por favor...

Eu devia estar parecendo uma criança curiosa, pois Urakin me olhava com um olhar divertido e parecia segurar uma risada, provavelmente no estilo daquelas que damos quando crianças fazem coisas fofas ou demonstram uma curiosidade fofa, isso obviamente me fez corar de vergonha e me conter. Urakin sorria de forma fraterna e era exatamente assim que eu o via: como um pai. Em geral eu acabava vendo 3 homens como pais: Paul, Quíron e, agora, Urakin. Acho que isso é normal para alguém que não viveu com um pai ou mãe...

Urakin: está tudo bem, não precisa se conter. Compreendo sua curiosidade pois já vi ela na criança da minha líder Kaira.
Kaayra: eu sou muito parecida com essa criança?
Urakin: um pouco... você é mais séria, mas isso é pela sua idade e um pouco por conta do sangue Querubim, mas em outro momento falamos disso.
Kaayra: certo, certo. Agora sobre a casta, vai.

Urakin soltou uma gargalhada ruidosa comigo agindo dessa forma e me fez corar muito de vergonha.

Urakin: certo, certo, vamos lá. Eu vou te ensinar os principais e mais básicos que é o que você precisa, já que não é uma Querubim legítima. O primeiro é que nós não usamos armas de fogo, pois, para nós, são armas sem honra.
Kaayra: por quê?
Urakin: porque são armas que qualquer um pode usar para um assassinato a sangue frio; para nós, o certo é convocar a pessoa para uma luta até morte ou simples duelos para ser mais justo para ambos.
Kaayra: faz sentido, apesar de espadas, flechas e adaga também poderem ser usadas para assassinato a sangue frio... Mas imagino que seja por isso as lutas até a morte ou duelos.
Urakin: exatamente. As lutas também possuem regras importantes. Qualquer Querubim pode praticar lutas com outros da casta, mas essas lutas são desarmados e sem qualquer proteção para ser justo entre as legiões.
Kaayra: legiões?
Urakin: Sim, somos divididos em legiões, seu pai era chamado de Primeiro General, ele comandava a legião das espadas e era um modelo entre os anjos da casta.
Kaayra: meu pai... tem toda essa reputação?
Urakin: Sim, é até maior. E você criará uma reputação tão boa quanto a dele.

Sorri e corei um pouco, mas creio que Urakin estava certo. Eu tenho potencial para me tornar uma ótima guerreira.

Urakin: outra coisa importante é que nenhum guerreiro de escalão alto pode desafiar outro de escalão baixo, nós damos isso como falta de honra, pois mostra que você se aproveita do fato do outro ser mais fraco que você.
Kaayra: de fato não é muito correto.
Urakin: porém, alguém de nível inferior pode desafiar alguém de nível maior ou igual a ele. Pois assim ele pode aprender novas técnicas e se tornar mais forte, mas ele não pode ser louco de desafiar alguém muito acima do nível dele.
Kaayra: entendo, entendo...
Urakin: você acha que não faz sentido, não é?
Kaayra: bem... É, pois se um general não pode chamar um soldado para luta, porque um soldado pode chamar um general para uma luta?
Urakin: pois, teoricamente, o soldado precisa se tornar mais forte; o general que está "acomodado" em seu posto não precisa ser mais forte.
Kaayra: ah, agora entendi. E como é essa divisão de importância?
Urakin: somos divididos quase como os exércitos humanos, com algumas diferenças. Temos, em ordem de importância, Soldados, decanos, arcontes, centuriões, generais, comodoros, príncipes e arautos de casta.
Kaayra: entendi. Mais uma coisinha
Urakin: Sim?
Kaayra: por que vocês têm esses segundos nomes? Tipo o seu: "Punho de Deus".
Urakin: isso depois de nossos nomes são nosso títulos, ganhamos eles após nossos feitos e sempre são relacionados às coisas que fazemos. Talvez você ganhe um, não sei.

Olhei pro céu e me perguntei se eu teria um título desses também ou se isso é exclusivo para anjos puros. Se eu tivesse, qual será que seria o meu título? Será que meu pai tinha um ou mais títulos? Disse a Urakin que deixaria em paz e fui para o refeitório comer.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora