Capítulo 21 - Kaayra

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Assim que Helena saiu, eu percebi que Arthur ainda olhava para ela com certo interesse, fascínio e paixão. Diferente de meu... "irmão" Percy, eu era boa em perceber os sentimentos dos outros. Eu podia eu mesma dizer para Helena que Arthur tá apaixonado por ela mas... para que estragar o romance né? Além do mais, melhor deixar romantismo para Afrodite.

Arthur: eu vou atrás dela...
Kaayra: certeza? Se eu fosse você, ficaria aqui quietinho...
Arthur: absoluta. Eu quero... quero ficar próximo dela, Kaayra...

Me surpreendi um pouco com isso. Arthur se levantou e foi atrás de Helena logo depois de dizer isso. Isso daria um bom filme romântico...
Comi o resto da comida de Helena para não desperdiçar e saí do refeitório, subi pro convés do Dieu-le-Veut e vi uma curiosa cena: Arthur e Helena, um de frente pro outro e muito próximos. Helena apontava uma flecha pro pescoço dele, mas a expressão no rosto dela era apenas de surpresa. Arthur não se movia, apenas olhava nos olhos de Helena e... era impressão minha ou ele estava quase babando?

Leo: *sussurrando pra Kay* aposto 5 dracmas que Helena vai dar um pé na bunda do Arthur até o fim da missão.
Kaayra: *sussurro de volta* Helena é uma menina difícil, mas até uma rocha cede a água... aposto 5 dracmas que eles vão começar a ficar de namorico até o fim da missão.

Apertamos nossas mãos. Eu peguei 5 dracmas do meu dinheiro e ele do dele, fechamos num cofrinho e só abriríamos quando uma das duas opções ocorressem. Arthur passou a mão com suavidade pelo rosto de Helena, que no mesmo instante já afastou a mão do "rapaz". Arthur estava muito vermelho e... espera... Helena estava com as bochechas coradas!? Não, não, eu devia estar vendo coisas, é isso.

Arthur: ahn... pode abaixar a flecha já, você já viu que sou eu...
Helena: certo... *faço a flecha de sombra sumir*

Me aproximei dos dois e fiquei olhando a água. Já havíamos passado por metade do Canal do Panamá e comecei a pressentir que algo ia acontecer, só não sabia o que e nem quando.

Kaayra: Arthur... anjos podem morrer?
Arthur: por...por que a pergunta?
Helena: acha que um dos dois vai morrer?
Kaayra: não...não é isso, só curiosidade.
Arthur: ah, certo. Bom, sim, anjos podem morrer. Mas não tão facilmente... nós existimos desde o início de tudo, ajudamos a criar o mundo.
Helena: então todos são "imorríveis"?
Kaayra: você quis dizer imortais
Helena: que seja.
Arthur: sim e não. Nós não envelhecemos, de fato. Yaweh, ou Deus com D maiúsculo, nos fez de uma forma, cada anjo é diferente do outro e pra sempre seremos dessa forma, mas quando nos materializamos aqui na Haled, ou Terra, assumimos uma forma que varia muito de anjo pra anjo. Podemos criar avatares de diversas formas, e se esse avatar sofrer danos, nossa aura é mandada pra um lugar onde iremos nos recuperar para depois voltarmos a ativa.
Kaayra: tá, mas vocês morrem ou não?
Arthur: nós podemos ser mortos, pois assim como todos os seres, anjos e demônios possuem um ponto fraco crucial. Se nosso coração for destruído, seja no plano material ou astral, nossa aura irá voltar para o local de onde se originou e assim nossa vida chega ao fim definitivo.

Fiquei em silêncio um pouco, absorvendo aquela informação. Será que o mesmo valia para mim? Como se ouvisse minha pergunta, Arthur respondeu:

Arthur: não se tem certeza... mas isso provavelmente vale para você também. Você provavelmente vai chegar até a fase adulta, se chegar, em questão de aparências...mas não vai morrer de velhice.
Helena: *dou um sorriso meio forçado* isso até que é bom, você iria ficar horrível velha, pensa só, suas asas com as penas caindo, e sua pele enrugada.

Ela falou sorrindo para quebrar o clima, mas eu conheço ela muito bom para saber que não havia gostado nem um pouco da notícia.

Kaayra: talvez você tenha razão, Lena...

Ficamos conversando um pouco e pelo canto de olho percebi quem um certo alguém não parava de encarar minha amiga. Eu faria aqueles dois namorarem nem que para isso teria que congelar o tártaro, mas eles seriam um casal.

Kaayra: Bem.. eu tenho que dar comida pras capivaras e treinar, vou deixar vocês a sós.

Segurei a risada ao ver a cara feliz do Arthur e a de pânico da Lena. Eles seriam um casal incrível, e ai dela se não me chamar para o casamento ou para ser madrinha dos filhos dela...
Passei por Valdez e sorri. Ele estava meio emburrado percebendo que podia perder a aposta.

Kaayra: se prepare para me pagar Valdez *sussurro pro Leo*

Saí da sala de controles e fui pro outro lado do trirreme. Me deparei com Urakin, que estava pensativo, aparentemente (isso se um brutamontes daquele realmente pensa as vezes...). Ele percebeu minha aproximação e se virou para mim com aquele olhar de "devo te proteger a qualquer custo".

Kaayra: por quê você me olha assim?
Urakin: assim como?
Kaayra: como se eu fosse uma garota indefesa que está sempre precisando de proteção.

O guerreiro ficou um tempo em silêncio e eu acho que vi tristeza no olhar dele.

Urakin: você me lembra dois amigos que tive... Kaira, a Centelha Divina, e Levih, o Amigo dos Homens. Levih era um Ofanim, como o Arthur... E ele era sempre o que mantinha nosso coro, grupo de anjos, unido. Ele quem impediu que eu e Denyel nos matássemos várias vezes.
Kaayra: e a outra?
Urakin: Kaira é uma Ishim do fogo
Kaayra: Ishim? O que é isso?
Urakin: é uma casta de anjos da natureza, eles teoricamente ajudaram Yaweh a formar a estrutura dos planetas. Os Ishins são divididos entre os quatro elementos e alguns conseguem até dominar os subelementos... mas Arthur pode te explicar melhor isso...
Kaayra: mas por que eu lembro ela?
Urakin: além do nome parecido, as duas tem um jeito de liderar muito parecido. Vocês se arriscam por aqueles que importam para vocês. E você tem o mesmo jeito companheiro que ela. Mas devo confessar que você é muito melhor lutando.

Eu queria perguntar mais coisas para ele. Coisas sobre meu pai, pois como não tenho dormido muito ultimamente, não tive sonhos com as aventuras de meu pai.
Quando eu ia começar a falar, ouvi um barulho de gritos vindos da frente da trirreme, reconheci os gritos como o de Arthur e Helena. Como ainda não havia pego o jeito de voar, saí em disparada para a frente da trirreme com Urakin atrás. Assim que vi o que estava acontecendo, fiquei fora de mim por pura fúria. Peguei a espada e voei em fúria.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora