Capítulo 31 - Kaayra

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Estava sentada no telhado da cabine de controle observando a falta de luz solar que acabava tendo ali no Rio Negro e pensando sobre umas coisas quando ouvi alguém subindo com dificuldade ali e se sentando ao meu lado após um tempo.

Hazel: aí está você...
Kaayra: oi
Hazel: você está triste?
Kaayra: não, por que acha isso?
Hazel: porque você só sobe em telhados quando assustada ou triste.
Kaayra: touché.
Hazel: quer contar?
Kaayra: é só que... estou com medo de encontrar com Ablon e...
Hazel: questão romântica da sua vida?

Olhei surpresa para ela. Não imaginava que ela soubesse essa parte que estava tentando muito esconder.

Kaayra: como...?
Hazel: você tem andado pensativa desde que o Boto apareceu...
Kaayra: entendi...

Hazel me fez carinho na cabeça e eu deitei a cabeça no ombro dela para ficar mais prático.

Kaayra: estou com ciúmes da Helena... ela que nem teve vontade de namorar antes, conseguiu um cara tão bacana logo de cara! E eu tive tantas desilusões... mas eu estou feliz por ela também. Fico feliz por ela não ter que sofrer o que já sofri em relacionamentos...
Hazel: entendo... talvez você encontre alguém bom daqui um tempo
Kaayra: aí que está... ao mesmo tempo que quero isso, percebo que não seria algo tão bom assim.
Hazel: como assim?
Kaayra: eu sou meio-imortal Haz... não posso morrer nem ficar doente por qualquer coisa, mas algumas armas humanas podem causar minha morte, dependendo de onde atingir. Mas não vou envelhecer depois que chegar aos 20 anos. Imagina explicar isso para um mortal ou até mesmo para um semideus!
Hazel: entendi... então você vai ter que aguardar as repostas chegarem com o tempo...
Kaayra: não gosto de ter que aguardar... mas ok

******

Acabamos de atracar na margem do Rio Negro, até agora nenhum monstro, ninfa ou ser mitológico/folclórico nos incomodou. De acordo com a Esfera de Valdez, agora era 11:40 na Amazônia, um horário meio atrasado eu acho, não tenho certeza.
Pegamos as únicas coisas importantes para andar agora: nossas armas. E a Esfera de Valdez que deixava muito mais fácil para andarmos ali.

Leo: ok, e agora?
Kaayra: agora vamos ter que andar e procurar a entrada do lugar.
Helena: mas... como a gente vai saber onde é esse lugar?
Arthur: provavelmente estamos atrás de um vértice. Essa região não tem ruínas de cidades antigas onde o Primeiro General possa estar.
Annabeth: um vértice?
Hazel: é uma região ou local que une o nosso plano e o etéreo.
Leo: olha só, algo que Annabeth não sabia!

Ele estava fazendo a melhor coisa que fazia em momentos sérios: piadas. Isso realmente ajudou um pouco, eu estava nervosa...

Hazel: eu só sei disso porque é algo que envolve magia e estava em parte do meu treinamento.
Arthur: e está correta.
Urakin: vocês precisam tomar cuidado. Qualquer ferida num vértice pode ser muito mais dolorida, porque elas ferem sua alma e seu corpo físico.
Kaayra: isso não parece muito bom...
Urakin: de fato não é. Até mesmo nós anjos podemos morrer num vértice, independente de que arma seja usada.

Eu poderia bater nele se não tivesse certeza que iria doer mais em mim que nele. Isso que Urakin disse só me deixou ainda mais nervosa e ainda me deixou com receio. Pelo que percebi, ninguém ali tinha gostado muito desse comentário.

Annabeth: é melhor irmos andando, se o Boto estiver certo, nós só iremos poder entrar quando o sol estiver a pino. O que deve ser daqui uns 20 minutos, aproximadamente.
Kaayra: Annie está certa. Melhor irmos andando...

Começamos a andar em silêncio, apenas ouvindo o barulho dos animais e dos pés pisando em folhas. Eu andava meio distraída, tentando esquecer certas coisas para ficar calma caso precisasse lutar. Annabeth e Hazel iam na frente, depois estava Leo e Arthur. Eu e Helena estávamos logo depois e Urakin decidiu andar na retaguarda.
Enquanto andávamos percebi que era extremamente confortável para mim estar ali, na natureza. Conseguia sentir cada líquido que havia dentro das árvores ou o suco de frutas. Estava presa em devaneios quando Helena me cutucou.

Helena: é... a missão tá quase acabando né?
Kaayra: sim... estamos quase encontrando Ablon.. digo, meu pai
Helena: está nervosa?
Kaayra: pra caralho... mas também feliz
Helena: por quê?
Kaayra: porque você está aqui... E você é como uma irmã, sabe disso. Além de ser a minha calma.
Helena: quem diria... uma filha de Hades sendo a calma de uma anjo.

Confesso que ri um pouco da colocação dela.

Helena: espero que saiba que não vou deixar que nada te fira ao ponto de te matar, certo?
Kaayra: sei mas... por que está dizendo isso?
Helena: não sei... Só pressentimento.

Dei um tapa meio forte na nuca dela. Ela, como sempre, me xingou em grego por isso.

Kaayra: então pode afastar a porra desses pressentimento, porque vamos sair todos vivos dessa floresta.
Helena: certo, certo. Tem alguma ideia de como vamos tirar seu pai do que quer que esteja prendendo ele?
Kaayra: ahm...agora que você mencionou...
Helena: então... quer dizer que estamos nessa missão e você não tem a menor ideia de como salvar seu pai!?
Kaayra: c-calma... É que assim, eu não sei como ele está preso para bolar um plano...

Nesse mesmo instante Annabeth e Leo começaram a discutir. Hazel e Arthur tentavam separar. Mas não tive muito tempo para pensar nisso.

Helena: *sendo grossa* caralho Kaayra, você chamou todos nós pra uma missão suicida e não sabe nem como resolver a porra do problema principal!?
Kaayra: também não é assim! Eu tenho sim algumas ideias mas..
Helena: mas nada Kaayra! Você é a líder da missão! Como Hades você não tem um plano!? Nós estamos correndo risco de morte! EU estou correndo risco de morte!
Kaayra: aff, lá vem você de novo com esse egocentrismo! Por que você não tenta pensar em outras pessoas de vez enquando!?

Nesse instante, o sol brilhou acima da gente e uma fina névoa apareceu aos nossos pés. Das árvores flechas voaram para cima de nós e por muito perto, lobos rosnavam.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora