Capítulo 25 - Arthur

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Eu sempre me perguntei se um Ofanim é capaz de sentir ódio, ciúmes ou qualquer outro sentimento negativo? Aparentemente, eu pelo menos, sou sim capaz de sentir isso. Eu olhava para o homem em nossa frente e sentia raiva dele e ciúmes por ele ter tocado em Helena. Como ele, um ser imundo que mal conhece minha Helena, teve a audácia de tocar naqueles belos cabelos ondulados dela?

Eric: certo, certo... parece que eu não tenho escapatória... Eu na verdade sou um ser folclórico, sou o Boto Cor-de-Rosa
Leo: então... tu é?
Eric/Boto: o que!? Não, não sou! Mais respeito garoto.
Kaayra: eu sabia que não podia ser algo bom! Meu sensor de perigo nunca falha!!
Urakin: *mumuro* agradeça sobre isso a parte Querubim sua...
Annabeth: quais são seus interesses conosco?
Eric/Boto: *mentindo e tentando re-encantar as meninas* bah, não são nada

Aquele ser estava me tirando do sério! Fiz uma esfera de luz, coisa que nós Ofanins conseguimos fazer para ataques, e atirei ela na cara do Boto, o jogando no chão.

Leo: boa Arthur! Quebra a cara desse mané
Arthur: *sério* diga logo quais são seus interesses.

Helena me olhava, parecia estar impressionada com minha atitude. Ela tocou em minha mão e a abaixou, o que me fez ficar um pouco mais calmo. Fiquei entre ela e aquele homem.

Eric/Boto: *Me levantando* eu sou alguém bonzinho, juro. Diferente de outros seres folclóricos do Brasil, eu sou bonzinho. Costumo guiar os pescadores e ajudar os que precisam. Mas também gosto de encantar mulheres e engravida-las nas festas juninas...

O som de um rosnado, provavelmente parecido com o de um filhote de cachorro, saiu de minha garganta. Pera, eu rosnei!? Isso não é normal da minha casta! Querubins rosnam, Ofanins não! Helena riu um pouco do rosnado e eu, bem, eu corei.

Urakin: pois saiba que não irá tocar em nenhuma das moças daqui.
Eric/Boto: mas... Eu sei que duas são compromissadas, é perceptível, mas duas não... você, a de asas, tem uma resistência muito boa ao meu encanto, como isso é possível?
Helena: *fico meio irritada e com instinto de proteção* não é da sua conta, seu patife
Eric/Boto: decepção amorosa..?
Kaayra: saia desse barco se não quiser ser perfurado até morte...
Eric/Boto: certo, certo. Só deixem-me avisá-los: os outros seres brasileiros não são tão bonzinhos quanto eu, tomem cuidado... ah, quando o sol estiver a pino e visível entre a mata densa, encontrarão a passagem para o local que necessitam.

E dizendo isso ele se jogou de cima do barco para o rio. Eu ainda estava estressado, então aproveitei o momento para acertar outra esfera de luz nele. Talvez isso tenha sido um erro, pois ele bateu contra o casco.

Leo: você tem sorte dessa batida não ter causado nenhum dano....
Helena: agora vou te chamar de Pirilampo.
Arthur/Urakin: isso é um apelido ofensivo
Helena: ah...entendi, então... que tal Vagalume?
Arthur: *meio corado* parece... agradável...

Isso foi um avanço entre eu e ela, já que ela não foi sarcástica e rude comigo e aceitou mudar o apelido. Me lembrei das dicas que Kaayra havia me dado.

•Flash Back On•
Kaayra: primeiro de tudo: não dê ouvidos ao Valdez.
Arthur: por quê?
Kaayra: porque ele não é a melhor pessoa pra entender garotas.
Arthur: certo...
Kaayra: vamos lá então. Helena tem vontade de provar uma coisa chamada açaí.
Arthur: o que é isso exatamente?
Kaayra: se não me engano é quase como uma palmeira, mas ele "produz" um fruto bem pequeno do qual eles fazem, principalmente aqui no Brasil, um sorvete. Helena e eu vimos umas moças brasileiras comendo em vídeos de um celular que os filhos de Hermes roubaram e nós roubamos deles. Desde então ela quer provar.
Arthur: certo, irei arranjar um pote de açaí para ela. Qual é a próxima coisa?
Kaayra: ela gosta de bebidas alcoólicas, mas deixe ela longe dessas bebidas.
Arthur: vou mesmo, vocês não tem idade para beber.
Kaayra: isso é culpa dos filhos de Hermes. Os mais velhos roubaram umas bebidas e venderam um pouco pra Helena. Foi engraçado ver a Lena bêbada... ela fica bem mais... suportável, para pessoas que não gostam muito dela normal.
Arthur: entendi... mais algo?
Kaayra: você já deve ter percebido que ela gosta de bater nas pessoas. Ela gosta de ver os outros tretando e de comida. Uma coisa que ela adora é churrasco, então... se por acaso pensa em fazer um jantar romântico ou algo do tipo, dê preferência pra um churrasco.
Arthur: certo, açaí, bebidas alcoólicas, comida, churrasco, treta e bater em pessoas.
•Flash Back Off•

Olhei para cabine e vi Kaayra e Leo nos observando. Pensei em ir atrás desse tal açaí para Helena e acho que Kay entendeu, pois fez um breve e curto sim com a cabeça, tentando me encorajar.

Arthur: ei, ahm, Helena.
Helena: sim?
Arthur: você quer aproveitar que ainda não nos enfiamos na mata e que estamos próximos de cidades grandes e--
Helena: desembucha logo menino, para de enrolação.
Arthur: bom, eu só quero saber se você quer ir provar açaí comigo. Sempre quis provar essa... "iguaria" dos humanos, parece gostoso... quer ir comigo?
Helena: *sorrio sem conseguir conter* seria ótimo.

Ela foi até Kaayra e perguntou se podíamos fazer uma pausa antes de seguir viagem. Kaayra disse que não via problema e então Leo ancorou o barco no píer mais próximo que encontramos. Helena perguntou se Kay queria ir junto mas esta dispensou o convite dizendo que precisava treinar com Urakin. Fomos para a cidade mais próxima. Só eu e Helena. Para mim, aquilo era um encontro, não sei se ela considerava a mesma coisa. Eu estava me sentindo radiante.
Eu e ela num passeio até uma sorveteria para comer açaí. Eu e ela num "encontro romântico". E eu faria de tudo para ser perfeito.
Aproveitei que estávamos ainda longe da cidade e fiz uma coisa que nós anjos fazemos quando precisamos: moldei um pouco de plasma do Tecido da Realidade como dinheiro humano e levei minha adorada dama para nosso passeio romântico no qual comeríamos açaí e eu faria ser perfeitamente agradável para ela.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora