Capítulo 16 - Arthur

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Eu e Urakin já estávamos viajando há alguns dias pelo Brasil, havíamos olhado por todos os lugares, mas não encontramos nada que poderia nos levar até a criança angelical.
Decidimos, então, ir para o México, na esperança de que lá tivéssemos alguma resposta ou algo do tipo. Havíamos olhado por quase todo o México, estávamos viajando e observando a Cidade do México. Paramos em um restaurante para fazer novos planos, pedimos pratos de comida apenas para fingir (já que anjos não necessitam comer).

Arthur: ainda não encontramos nada que possa nos levar até ela, isso está desanimador...
Urakin: concordo com você, garoto. Estou sem ideias de como achá-la... você tem alguma?
Arthur: não... Mas... Acho que se formos para alguma das ilhas, como a de Bahamas, talvez consigamos achar algo. Não sei ao certo, é só um pressentimento meu.
Urakin: entendo... e eu devo confiar nesse seu pressentimento?
Arthur: sinceramente, não sei.
Urakin: bom, não temos nenhuma outra pista... então, vamos confiar nesse seu pressentimento.

Terminamos de comer e Urakin pagou o dono do restaurante. Saímos do mesmo e entramos num beco, onde a desmaterialização era mais fácil. Não era muito fácil já que estávamos em um local onde a película da realidade era muito grossa, por ser um centro urbano e haver muitas pessoas que não acreditavam mais no... no impossível, mas era mais fácil que no meio de qualquer pessoa.
Nos desmaterializamos e seguimos, pelo plano astral, até a ilha de Bahamas. Planávamos em silêncio, e confiávamos apenas no instinto guerreiro de Urakin. Quando chegamos na ilha (sim, viagem no plano astral é muito curta), fomos até um cais antigo que julgamos que ninguém nos atrapalharia. Materializamo-nos e, quase no mesmo momento, um homem com uma vara de pescar apareceu.

Arthur: *sussurro para Urakin* esse homem já estava aqui?

Urakin apenas fez que não, mas algo me dizia que ele estava sentindo algo vindo daquele homem. Eu pelo menos sentia algo, era como se uma energia pulsasse dele. Urakin começou a falar comigo em português.

Urakin: não sinto nada que pode ser da criança angelical que estamos buscando.
Arthur: o que acha que devemos fazer?

Quase me fazendo pular de susto, o pescador começou a falar conosco na mesma língua, com um leve sotaque meio grego, meio americano.

Pescador: uma criança angelical? Isso me faz lembrar de uma que vive num acampamento em Nova Iorque...
Arthur: perdão, senhor, mas como assim?
Urakin: primeiro de tudo, quem é você?
Poseidon: sou Poseidon, oras. E o que vocês querem com a minha criança?
Urakin: não procuramos um filhote de deus, procuramos uma criança filha de um anjo.
Poseidon: então buscam minha criança, Kaayra Lótus.
Arthur: faz sentido... o Arcanjo disse que a criança tem o sangue de um deus...
Poseidon: ainda não responderam minha pergunta... o que querem com minha criança?
Urakin: temos que ajudá-la na missão dela. Fomos enviados justamente para isso.
Poseidon: minha garotinha numa missão, que milagre... Mas entendo as circunstâncias disso.
Arthur: entende? E como assim "que milagre"?
Poseidon: o pai de Kaayra não queria que ela fosse em missão, ele nunca quis. Mas parece que alguém enviou uma missão à ela e então ela precisou sair. O pai dela foi... sequestrado?
Urakin: sim...

Poseidon ficou em silêncio um pouco. Reparei que ele pescava botas e outros lixos humanos da água. Acho que ele não gostava que seu domínio estivesse contaminado...

Arthur: o senhor... por acaso sabe como podemos encontrar ela?
Poseidon: hmm... ela já saiu do acampamento há 1 ou 2 dias, deve estar próxima daqui. Esperem mais um pouco e talvez verão uma trirreme com uma seria alada na frente. Acho que vocês vão sentir ela se aproximar, a aura dela começou a aparecer desde que asas também apareceram.
Urakin: mas... como as asas dela apareceram no plano material?
Arthur: ela deve ser como o pai... o anjo renegado pode fazer as asas aparecerem mais... facilmente, sem gastar tanta energia. Porém a dor deve ser imensa.
Poseidon: provavelmente foi imensa, já que ela desmaiou quando as asas apareceram...
Urakin: ela tem o mesmo cheiro de maresia que você?
Poseidon: *olho para o anjo que falou* que aleatório você... Mas acho que tem sim. Poderiam me dizer quais são os nomes de vocês? Preciso expressar certa gratidão a vocês por estarem vindo ajudar minha criança nessa missão...
Arthur: sou Arthur, a Cura dos Jovens, e meu companheiro se chama Urakin, o Punho de Deus.
Poseidon: certo. Obrigado mesmo. Sabem, Kaayra nunca foi em uma missão... e agora, com tudo isso acontecendo, temo que ela não esteja pronta para se aventurar em uma missão tão grandiosa assim.

Poseidon olhou para nós com um olhar tão triste e preocupado que pensei que precisava confortá-lo imediatamente. Então falei, usando um tom tranquilizador e minhas habilidades de Ofanim, que ajudam a convencer as pessoas:

Arthur: ajudaremos ela da melhor forma possível, senhor Poseidon.

Olhei para Urakin, quase implorando que ele fizesse o mesmo. O guerreiro revirou os olhos e disse com certa antipatia.

Urakin: é, é. Ajudaremos da melhor forma possível.
Poseidon: obrigado... Sabem, Kaayra pode até não ser minha filha de fato, mas eu considero-a sangue do meu sangue, o que de fato ela é. Assim como não quero que à meus filhos aconteçam coisas ruins, também não quero que à ela ocorra desastres...

Achei isso fofo, de certo modo. Não esperava ver esse lado de um deus grego que causou diversos desastres naturais a partir de terremotos e maremotos. Eu e Urakin nos despedimos de Poseidon e nos desmaterializamos. Flutuamos pelo mar a partir do plano astral até que encontramos uma trirreme como o deus havia dito: com uma sereia alada na frente. Em um lado da amurada estavam duas moças, uma com asas (por conta do plano astral ter cores acinzentadas não consegui decifrar qual era a cor das asas) e uma outra com belíssimos cabelos ondulados pretos. Da moça com asas uma energia fraca pulsava ao redor dela.

Urakin: *falando meio baixo em língua dos anjos* ali está, a criança angelical.

Já estávamos meio ao centro do barco, a semi-angelical deve ter ouvido ele, pois veio para perto de onde estávamos. Começamos a concentrar nossa energia para materializamos e não percebemos um fato crucial que poderia ter custado nossas vidas.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora