Capítulo 4 - Kaayra

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Resumidamente, fomos até Quíron e, pelo menos, ele não me deu bronca nenhuma, mas Dionísio fez um "castigo" dizendo que eu devia limpar os estábulos e ajudar as naiades no que elas quisessem. Ou seja, eu seria escrava das naiades por um dia.
Limpar os estábulos era rápido, pedi aos pegasus para ficarem do lado de fora aguardando e, talvez por verem que eu estava meio irritada, eles obedeceram. Logo que limpei fui direto para o lago para ver do que as náiades (as Limnátides no caso, já que vivem no lago) precisavam, sentei no píer e esperei todas aparecerem, elas não gostavam muito de mim mas nunca demoravam muito para vir até o píer quando alguém senta ali. Assim que todas chegaram comecei a falar.

Kaayra: seguinte: Dionísio mandou eu fazer o que vocês quiserem hoje, contra a minha vontade. Eu tenho limites, então não abusem da minha paciência para ajudar vocês.

Elas pediram-me um minuto e fizeram uma rodinha para cochichar o que fariam. Ignorei isso e me prendi em lembranças... eu estava no CHB desde que eu nasci e Helena também, até onde sabemos viemos quase no mesmo dia para cá. Helena foi minha primeira amiga, fomos cuidadas por certo tempo pela Tia Sally (um anjo nas nossas vidas) mas... como eu vim parar no CHB? Bom... não sei, Quíron nunca disse exatamente...

Maya: já decidimos.
Kaayra: manda...
Maya: queremos que você descanse...
Kaayra: como assim?
Riane: sabemos que está confusa com isso tudo acontecendo. É perceptível que você está alterada esses dias por conta de sua origem.
Kaayra: espera... *me curvo na beira do píer* vocês... sabem da minha origem?

Algumas naiades sorriram para mim de forma compaixosa, uma coisa muitíssimo rara vindo delas.

Leia: na hora certa as respostas virão, pequena an--

Duas naiades tamparam a boca dela e entendi que ela estava falando o que não devia.

Maya: as respostas sempre vem na hora certa, igual profecias.
Kaayra: vocês sabem bem que eu nunca recebi uma... vocês já viram diversos heróis receberem profecias para ir fazer algo, Poseidon nunca mandou nada.
Riane: creio que logo você vai receber algo... mas até lá, vá descansar. As respostas em breve chegarão até você.
Kaayra: certo...

Me despedi delas, levantei e sai andando pelo acampamento, pensando no que elas quiseram dizer com aquilo... O que a Leia quis dizer com "an" e foi interrompida? Será que...era algum ser mítico? Eu precisava de um livro. Fui no melhor lugar para encontrar livros: chalé de Atena.
Corri até o chalé da deusa da sabedoria, na esperança de que Annabeth estivesse ali, porque, provavelmente, os outros filhos de Atena me mandariam embora. Bati na porta do chalé assim que cheguei. Por azar, estavam todos os filhos da deusa ali, menos a Annie.

Isaac *sendo grosso*: o que você quer Mar Revolto?
Kaayra: preciso de um livro... vocês podem me emprestar?
Teresa: uma Água Viva querendo ler? Você por acaso SABE ler?
Kaayra *reviro os olhos*: sim, eu sei ler. Não é porque tô aqui desde sempre que não sei ler, ok?

Annabeth chega um pouco antes de alguns dos irmãos falarem xingamentos pesados que sabe Atena como eles conhecem.

Annabeth: por favor, sem palavreado. Não queremos um Sr. D irritado vindo brigar conosco.
Todos do chalé: está bem, Annabeth.
Malcom: mesmo tendo mais medo de você do que o Sr. D...
Annabeth *sorrindo*: bem espertos. Do que precisa Olhos de Areia?
Kaayra: tem algum livro de seres místicos? Sem ser seres gregos ou romanos...
Amy: isso temos sim.
Kaayra: então por que não deixaram eu pedir antes?
Thomas: estamos bravos com você ainda
Kaayra: eu não fiz aquilo por querer...eu sinto muito por ter derrubado vocês...
Annabeth: vamos deixar isso quieto vai. Vou pegar o livro e devolva o quanto antes. Sem rasgos, sem amassos, sem sujeira, sem uma gota de água senão...
Kaayra *sorrio*: senão eu terei todos os filhos de Atena e Minerva me caçando até no Tártaro. Eu sei disso e você sabe que sou cuidadosa.

Annabeth bagunçou meu cabelo como ela fazia desde que eu era pequena. Ela entrou no chalé e foi até as prateleiras de livro, pegou um volume grosso e me entregou.

Kaayra: devolvo ainda essa semana, só quero saber uma coisinha...
Annabeth: combinado.

Saí andando para o chalé de Poseidon meio presa em meus pensamentos. Percy estava na Casa Grande conversando com Quíron sobre sabe Zeus o que, Helena estava treinando seus poderes com Nico e eu estava sozinha pensando no que fazer. Entrei no chalé e deitei em minha cama para ler o livro, ali provavelmente tinha uma resposta pro que eu queria. Abri o livro no sumário e comecei a ler os tópicos, tinha algumas opções de seres que começam com "an", mas apenas um me chamou atenção.

Kaayra: *pensamento* Anjos? Será que eles podem realmente existir? Bom, se semideuses existem, quais seriam as chances de anjos não existirem?

Senti o cheiro de maresia aumentar no chalé, isso raramente acontecia. Abaixei o livro e, quando vi, um Poseidon em tamanho humano com uma bolsa nas costas estava aparecendo na minha frente e, como sempre acontecia, gritei de susto antes de ver que era meu pai.

Poseidon: calma, calma. Sou eu apenas.
Kaayra: não apareça assim do nada, carai!!
Poseidon *sorrindo*: olhe a boca.
Kaayra: desculpe, pai... *me curvo na frente dele*
Poseidon: sem formalidades, criança. Pode se levantar vai *me sento na cama dela*
Kaayra: certo.. *levanto e me sento também* do que precisa pai?
Poseidon: só vim entregar uma coisa que eu devia ter entregue em seu aniversário de 15 anos.

Então ele tirou a bolsa das costas e me entregou. Fiquei olhando ela por um tempo, sentindo uma vibração vindo da mesma. Abri e tirei dela uma espada um pouco grande, talvez maior que a Anaklusmos e parecida com ela mas para ser usada com ambas as mãos, muito branca e com alguns detalhes em ouro imperial e bronze celestial imitando ondas pequenas. Na base da lâmina havia um tridente com asas.

Kaayra *maravilhada*: essa espada é linda!! Do que é feita além do ouro e bronze?
Poseidon: Platina Branca, super rara... foi dada por um ser importante, principalmente para você.
Kaayra: como assim? E por que ela tem um tridente alado aqui?
Poseidon: eu não posso dizer para você... minha função era fazer e dar ela a ti... Quíron tem as respostas para essa pergunta, minha pequenina.

Dizendo isso ele sumiu deixando o familiar cheiro do mar. Fiquei inquieta demais com isso tudo e sai correndo do chalé, carregando a espada, e fui para Casa Grande. Eu precisava de respostas.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora