3 - Na cova dos leões.

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– Deixa de ser boba, Marina! Você sabe que não me casei porque não tenho tempo pra namorar... o que eu tive com Paulo foi lindo, mas não passou de um romance de verão. Foram o quê? Uns três ou quatro meses? O que se podia fazer em tão pouco tempo?

Marina olhou para Lucas, que assistia TV, distraído, e com um sorriso malicioso, comentou.

– Depende... Você sabe o que eu e Felipe fizemos em três meses! Lucas está bem aí!

Kelly sentiu o rosto esquentar de vergonha por Marina dizer essas coisas na frente da avó, mas Marina ria abertamente. Kelly falou, desanimada.

– São coisas do passado. Foi só um namoro adolescente. Ele disse que se guardaria pra mim, mas nunca me procurou em todos esses anos. Além do mais, ele já não é o mesmo garoto... veja como ele ficou lindo!! Um verdadeiro deus nórdico! Não tenho a menor chance! Caras como ele não perderia tempo com alguém insignificante como eu.

– Chance! Como assim? – Marina estava incrédula na distração da amiga – Não reparou nos olhares de peixe morto que ele lhe lançou? Ou você é distraída, ou é tonta mesmo. Eu até pensei que a vovó ia expulsar ele à vassourada!

Kelly jogou uma almofada em Marina, que ria sem parar. Dona Carmelita se agradou do rapaz, e desejou que a neta se entendesse com ele.

– Pois não vejo problema. Aprovo totalmente. Kelly!! Deixa de ser tão exigente! Quem muito escolhe, fica sem. Um rapaz bonito desses! Simpático que só ele, e ainda tem um bom emprego! Tá esperando o que?

Marina controlou o riso, e depois se levantou resoluta. Kelly queria saber onde ela ia com tanta convicção e ela respondeu simplesmente

– Já está na hora de ressuscitar alguém!

***

Karen levou muito tempo pra atingir o ruivo perfeito, e não ia arriscar perdê-lo por uma única apresentação, por isso pegou a peruca que Jean lhe deu, e tingiu ela de preto.

Assim que preparou a peruca, colocou sobre os cabelos, fez uma maquiagem mais bronzeada, e retirou as lentes verdes. Depois de terminado o trabalho, Marina se colocou na frente do espelho e sentiu uma sensação esquisita quando olhou para aquele rosto.

Karen representava tudo de ruim em sua vida, mas tinha que admitir que sentiu falta dela.

Kelly viu a amiga com o novo visual e ficou boquiaberta. Faziam tantos anos que nao via a verdadeira aparência da amiga, que até esqueceu como era.

Lucas e dona Carmelita se aproximaram cautelosos, e dona Carmelita olhou confusa para a morena à sua frente.

– Quem é você? – Carmelita perguntou surpresa.

– Muito prazer! – Marina respondeu divertida - Sou Karen Varemberg!

***

Paulo passou logo cedo para apanhá-la. Marina estava apreensiva, pois teria que rever todos os seus inimigos.

Quando entrou na sala de audiência, ouve um burburinho geral. Karen sentou-se de frente com o tabelião e sentiu sobre si os olhares de ódio que lhe lançaram.

Santiago não se segurou, e comentou em voz baixa.

– Eu sabia que ela não ia resistir à fortuna. É como rato atraído pelo queijo.

Karen teve vontade de retrucar, mas resistiu. Eriberto Vila Real comentou maldoso.

– Aposto que o bastardinho vai receber uma bela fatia do bolo. Você deveria tomar a guarda dele.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora