19 - conhecendo melhor o pai.

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Roberto falou com uma mágoa imensurável na voz.

– Sabe filha, você tem uma visão equivocada de mim. Sempre me orgulhei de você! E amei de verdade a sua mãe. Sempre quis o melhor pra você, mas não sei direito como fazer isso... se errei, foi tentando acertar.

– Ah é? - Marina assumiu uma atitude de defesa – onde o senhor estava quando precisei? Onde estava quando o pai do meu filho se matou? O senhor ao menos soube dessa história?

Roberto passou as mãos no cabelo, e não sabia exatamente o que dizer.

– Eu tentei chegar a tempo, mas quando cheguei, você já tinha desaparecido. Não sabe quantas noites infernais passei ao lado de sua tia, tentando te encontrar! Você é tudo o que me restou de sua mãe! Eu amei muito ela... só não larguei tudo por ela, porque ela mesma não deixou. Eu te amo, filha! Não só por ser minha filha, mas por se parecer tanto com ela...

Marina estava comovida pelas palavras do pai, mas tentou bancar a durona.

– Não adianta mais pensar no que poderia ser feito. Tenho o futuro do meu filho pra me preocupar.

Roberto sorriu, enxugando as lágrimas.

– É  um belo garoto! Quem é o pai?

– Pensei que soubesse.

–  Já disse que não tive mais notícias suas. Eu nem tinha certeza de que você estava viva!

O semblante de Marina tornou-se triste.

– Ele é filho de Felipe Santiago, meu suposto irmão. Não soube o escândalo em que me envolvi?

Roberto estava tranquilo, como se o assunto não o chocasse realmente.

– Eu soube meio por cima, mas não me explicaram os detalhes. Quando Santiago adotou ele, soubemos da possibilidade de ele ser seu irmão... Mas soube que você tinha tirado o bebê!

– Nunca!! – Marina exclamou horrorizada – Lucas é tudo o que tenho na vida!

Roberto abraçou Marina, apoiando a cabeça dela em seu ombro.

– Está vendo querida? Que coisa maravilhosa brotou de toda essa confusão! Mas não se martirize mais. Talvez o Felipe nem fosse seu irmão de verdade. Sua mãe falava que ele era sobrinho, e que ela o registrou para proteger ele do pai.

Marina estava ansiosa por essa nova possibilidade.

– Se eu conseguisse algum vestígio de Felipe... seria possível descobrir se somos irmãos?

Roberto coçou a cabeça e pensou um pouco.

– Não sou nenhum especialista em genética, mas acho que a ciência ainda está evoluindo nesse campo. Se fossem filhos do mesmo pai, com mães diferentes, seria mais fácil... mas vamos deixar essa história pra lá. O rapaz já está morto, você tem um filho lindo e é muito feliz com ele... é isso que importa!

Marina não conseguiu mais bancar a durona, e abraçou o pai.

***

Lucas terminou de cuidar dos bichos, e voltou para a sala, pra explorar um pouco mais aquele desconhecido misterioso. Só não contava encontrar aquela cena.

Lucas se enfiou no meio daquele abraço sem ser convidado. Marina afagou os cabelos do filho, e ele puxou ela para segredar em seu ouvido.

– Mãe! Por que a senhora está abraçando esse homem? Pensei que a senhora gostasse do marujo!

Marina queria parecer zangada, mas segurava pra não rir do ciúmes do filho.

– Em primeiro lugar, rapazinho, isso não é da conta do marujo, ele não é nada meu. Em segundo lugar, estou abraçando ele porque ele é alguém importante pra mim! Ele é seu avô!

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora