caleidoscópio 2 - a outra face.

49 - Pedido de resgate

Rosana adorou a nova residência. Seus jardins precisavam de uma boa mão-de-obra, e Roberto queria contratar um jardineiro, mas Rosana decidiu cuidar ela mesma do jardim, afinal, enquanto o hospital não ficava pronto, ela não tinha nada para fazer.

Os antigos empregados de madame Esmeralda foram voltando pouco a pouco e gostaram da nova patroa.

Aquela era uma tranqüila tarde de quinta feira, Rosana passou um tempo podando as roseiras do jardim, e quando voltou, o mordomo entregou um embrulho.

Rosana estranhou, pois morava ali há pouco tempo que não deu o novo endereço a ninguém, mas então, descobriu que o embrulho era destinado à Karen.

Os empregados ficaram desconfiados, pois o pacote não tinha remetente, e chegaram a sugerir que fosse uma bomba, mas Rosana riu, explicando que os correios eram bem organizados, e os embrulhos passavam por uma rigorosa inspeção; alguns até por maquinas de raios-X.

Os empregados ficaram admirados pelos conhecimentos de Rosana, mas nem ela sabia se tinha realmente todo esse esquema de segurança nos correios; só sabia que os doces que ela tentava mandar para amigas, eram minuciosamente vasculhados antes de ser embalados e selados para o envio. Por via das duvidas, ela decidiu abrir o embrulho para ver do que se tratava.

Quando abriu o embrulho, ficou ainda mais surpresa ao perceber que era um CD.

Tentou tocar no aparelho de som, mas só dava erro, e ela resolveu não mexer mais, pois ainda não estava habituada a esses aparelhos. Resolveu levar aquilo para Karen de uma vez.

***
Quando Rosana chegou à casa de Karen, não esperava ver todos daquele jeito.

Foi Kelly quem atendeu; estava com os olhos inchados de tanto chorar. Rosana quis saber se aconteceu algo, e Kelly explicou que estava abalada por causa do pequeno Lucas que desapareceu.

No mesmo instante, Karen apareceu; correu até a madrasta e deu-lhe um forte abraço, abandonando-se às lágrimas; Rosana esperou ela desabafar, e quando percebeu que ela já estava melhor, entregou-lhe o CD.

- Me desculpe por ter aberto assim sua correspondência, acontece que os empregados ficaram me botando medo, dizendo que era uma bomba... Mas é só um CD. Eu tentei tocar, mas não consegui. Na verdade eu nem sei mexer com esses aparelhos.

Karen o apanhou imediatamente das mãos dela e correu até o computador, inserindo o CD com o coração aos pulos. Não existia nenhuma identificação, mas o sexto sentido de Karen avisou que tinha a ver com Lucas.

Como Karen imaginou, tratava-se de um DVD, e assim que o programa específico do computador abriu e começou a ler o disco, Karen sentiu que o chão fugir debaixo de seus pés.

Era a imagem de Lucas. Ele estava com os olhos vendados e mãos e pés amarrados.

Karen começou a gritar desesperada de ver a situação de seu filho, imaginando que aquela semana teria sido um inferno na vida dele.

Felipe a amparou e sugeriu que ela o deixasse ver o vídeo sozinho, mas Karen estava decidida a ir até o fim; doía ver o que estavam fazendo com seu pequeno milagre, mas ela estava esperançosa em saber que ele estava vivo.

No vídeo, uma voz ordenou que o menino se sentasse e ele, com muita dificuldade, obedeceu.

A voz ordenou que o garoto falasse como ele era tratado, e Lucas, com a voz amedrontada, explicou que estava bem. Eles davam comida pra ele e só não conseguia ver quem era porque ficava o tempo todo com os olhos vendados.

Depois disso, a voz misteriosa tomou a palavra.

"Como pode perceber, não maltratamos o seu garoto... Ainda! Você deve se perguntar o que quero com ele? Dinheiro? Com certeza não, senão eu já teria te avisado. Quero aproveitar para pedir desculpas pela demora, mas tínhamos que fazer a policia desistir das buscas antes de ter essa conversa. E também queria ver a sua cara de desespero ao ficar sem noticias de seu garoto. Não chame a policia antes de escutar tudo o que eu tenho a dizer".