33 - Explorando a ilha.

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Lucas despertou com os chamados insistentes da mãe e abriu sonolentamente os olhos, encarando o rosto radiante de Marina. Animada, ela puxou as cobertas dele e o fez levantar.

– Vamos lá dorminhoco! Nem parece que quer ser biólogo! Se demorar, vai perder o mais maravilhoso espetáculo da natureza!

Lucas levantou-se de um pulo e despertou completamente. Essa excursão na ilha estava sendo a experiência mais maravilhosa que ele viveu em todos os seus nove anos de vida.

Vestiu a jaqueta para se amparar do frio da madrugada e foi com a mãe assistir ao nascer do sol na praia.

Lucas sempre soube que a mãe era uma mulher moderna e alegre, mas nunca imaginou que ela pudesse ser tão divertida. Ali estava um lado de Marina que Lucas nunca teve a oportunidade de presenciar.

Ele achava que Felipe era seu herói por ser a pessoa mais corajosa e intrépida que conhecia, mas agora que viu como a mãe realmente era, percebeu que ela conseguia ser ainda mais intrépida que o marujo e estava fascinado por ela.

Quando o sol se levantou no céu, Marina levou Lucas até o riacho para ver o despertar da mata. Marina passou fuligem no rosto dos dois.

– Pra que isso, Mamãe? – Lucas quis saber curioso.

– É camuflagem – Marina respondeu animada. – Quanto mais escondidinhos conseguirmos ficar, maiores as chances de ver bichos raros.

Marina e Lucas caminharam cuidadosamente até a margem do riacho e ficaram observando.

Uma infinidade de cantos de pássaros inundou o ambiente como se fosse uma sinfonia saudando o novo dia. Os sons eram tantos, que Lucas sentia o espírito transbordar de emoção.

Marina acompanhou um som até o tronco de uma árvore e fazendo sinal para que Lucas permanecesse quieto, subiu na árvore e apanhou um objeto, trazendo-o até o garoto.

– É uma cigarra, mamãe! – Lucas admirava o animal com os olhos arregalados – Eu só tinha visto nos livros...

– E essa é das grandes! – Marina sorriu animada – Se quiser pode levar de lembrança.

– Melhor não mamãe – Lucas suspirou desanimado – As cigarras levam anos para chegar nesse estágio, mas quando ficam assim, duram apenas alguns dias... O suficiente para acasalar e morrer. Prefiro deixar ela em paz.

Marina estava estupefata pela lição de biologia. Ela perguntava a si mesma, onde Lucas adquiria tanta informação, então se lembrou dos inúmeros documentário nos quais ele perdia horas.

Um grito rouco e estridente, como uma gargalhada de bruxa encheu o ambiente, então Marina puxou Lucas e o fez se abaixar.

O menino estava assustado por não saber d'aonde vinha o grito, então, com movimentos cautelosos, Marina apontou um galho logo adiante, onde um tucano gritava ao sol.

Lucas estava tão emocionado que prendeu a respiração, com medo de espantar o belo animal. O tucano enfiou o bico em um oco da árvore, jogou algo para cima e engoliu.

Lucas ainda estava tentando entender o que o tucano estava fazendo quando Marina disparou feito uma maluca e espantou o animal. Marina correu na direção da árvore e o tucano levantou voo.

– O que está fazendo mamãe? – Lucas gritou angustiado – O tucano vai fugir!!!

Mas já era tarde, o tucano foi embora e Marina já estava subindo no galho onde o tucano estava. Depois desceu da árvore com algo no bolso.

– Tucano miserável, era um ninho de tico-tico! Ele deve ter comido pelo menos dois filhotes, mas felizmente eu salvei essa belezinha!

Marina estendeu a mão para o filho e mostrou em sua palma um minúsculo passarinho com um largo bico amarelo.

caleidoscópio 2 - a outra face.Onde histórias criam vida. Descubra agora