Fernando estava tão apreensivo que não conseguiu almoçar. Já era mais de meio-dia e seu trunfo ainda não tinha dado notícias.
Se a testemunha chegasse a tempo, acabaria com todas as dúvidas, mas sem essa pessoa, eles estavam num beco sem saída e Fernando se sentia inútil por ter falhado com Marina.
Santiago estava arrependido por colocar o filho nessa situação e queria acabar com tudo aquilo, mas sabia que não podia remediar as coisas. Só agora percebeu a tragédia que ele estava provocando com sua atitude.
Se ao menos tivesse parado quando soube que o marujo era Felipe... Agora era tarde demais. Ou ele perderia o neto para sempre, ou pior... Perderia o filho para sempre.
Santiago foi até Felipe e Marina e se desculpou, dizendo que ia falar com a juíza após o recesso e retirar o pedido de guarda. Marina se animou, mas Fernando entrou na conversa.
- O senhor é advogado, papai... E o melhor deles até onde eu sei. Não é possível que seja tão ingênuo a ponto de pensar que tudo vai se resolver facilmente! Abrir mão da guarda do menino seria ótimo se fosse antes de envolver o parentesco de Felipe e Marina. Judicialmente falando eles não podem criar o menino, e se o senhor abrir mão da guarda agora, ele será entregue a um juizado de menores.
Santiago percebeu o estrago de sua teimosia. Queria se desculpar, mas não sabia o que dizer. Então Fernando falou convicto.
- Não se preocupe papai... Eu vou arrumar a bagunça que o senhor aprontou, afinal, eu sou um bom advogado. Deseje-me sorte!
Dizendo isso, Fernando saiu, deixando Santiago a sós com seus remorsos.
***
Todos já estavam na sala esperando pela juíza, exceto Fernando que estava deixando todos preocupados com seu sumiço.
No exato momento que a juíza entrou no recinto e todos se levantaram, Fernando apareceu com um sorriso triunfante no rosto e tomou discretamente seu lugar ao lado de Marina e de Felipe.
A juíza ordenou que todos se sentassem para recomeçar o julgamento. Logo de inicio ela passou a palavra para Fernando, que sorriu convicto.
- Peço desculpas, meritíssima! A testemunha estava em outro estado, por isso demorou, mas felizmente chegou a tempo de prestar seu depoimento. Chamo para depor o doutor Madariága!
Madariága entrou, e Marina se surpreendeu ao ver que ele trabalhou no caso todo esse tempo.
Quando Madariága se sentou Fernando foi logo perguntando.
- Senhor Madariága, poderia nos explicar qual o seu envolvimento no caso?
Madariága explicou.
- Eu sou detetive particular. No inicio desse ano, a senhorita Varembergh me procurou, pedindo que eu descobrisse tudo o que pudesse sobre Susana Rodrigues e sobre um garoto, que descobri ser Felipe Santiago.
Fernando olhou para todos com seu sorriso de triunfo.
- E o que o senhor descobriu? Queira nos contar desde o princípio.
- As estórias foram as mais diversas possíveis, mas então escutamos uma que nos chamou a atenção. A estória que Susana teve uma irmã, que foi morta pelo meio-irmão e que essa moça deixou um filho. Continuamos investigando até chegar ao fundo da estória e descobrimos que o pai do menino era um vereador de uma cidade do nordeste.
Fernando interrompeu o relato e encarou a juíza.
- Bem, até aqui não há nenhuma novidade afinal dona Quitéria nos contou essa estória - Fernando fez uma volta dramática e encarou Madariága - O que fez o senhor achar que essa estória era verdadeira?
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caleidoscópio 2 - a outra face.
RomanceApós ter sua vida e seu relacionamento destruídos, Karen se transforma em Marina Rodrigues, e luta para manter em segurança seu pequeno milagre, fruto do relacionamento com o único homem que amou, e o único que lhe fora proibido pelo destino. Natana...